O conceito de cartel tem sido usado há muito tempo e é extremamente importante para entender o funcionamento dos mercados. Embora existam algumas nuances sobre o que um cartel é e o que ele faz, é possível resumi-lo como um acordo entre várias empresas ou indivíduos para aumentar os preços ou limitar a produção.
Alguns cartéis são legais, quando estão em conformidade com as leis antitrustes, embora a maioria seja ilegal. Este artigo dará uma visão geral sobre o que são os cartéis, como eles funcionam, os impactos que eles têm no mercado e os casos mais famosos. Boa leitura!
Definição de cartel
Um cartel é um tipo de associação de empresas ou indivíduos que têm como objetivo aumentar os preços ou limitar a oferta de produtos ou serviços no mercado. Esta prática geralmente é feita para aumentar os lucros das empresas envolvidas, ao mesmo tempo que limita a concorrência. Os acordos entre as partes para formar um cartel são normalmente mantidos em segredo e os participantes são livres para sair do cartel se desejarem.
Uma das principais desvantagens de um cartel é que, como o preço para o consumidor é mantido artificialmente alto, eles não têm acesso a preços mais baixos e os lucros dos cartéis podem ser muito maiores do que os lucros das empresas que não estão envolvidas.
Além disso, os cartéis também restringem a competição, pois eles limitam o acesso de outras empresas ao mercado, o que pode ter efeitos negativos para a sociedade. Ou seja, além de prejudicar a concorrência saudável, principalmente de pequenos produtores, a prática do cartel ainda encarece o preço para a população.
Exemplos históricos de cartéis
Existem muitos exemplos históricos de cartéis que afetaram o mercado. Um dos mais famosos é o cartel de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que foi criado em 1960 para regular a produção e a oferta de petróleo. O cartel foi uma forma de restringir a produção de petróleo para manter os preços elevados, embora a OPEP não tenha conseguido controlar totalmente a economia mundial.
Além disso, existem exemplos mais recentes de cartéis que influenciaram o mercado. Um famoso setor conhecido por atuar como cartel é o de preço de combustíveis, em que os postos, normalmente, combinam entre si o preço de venda dos combustíveis para evitar a concorrência.
Como um cartel funciona
O cartel é uma prática ilegal nos mercados globais, onde várias empresas se unem para serem mais eficientes na produção e comercialização de um produto. Esta prática, muitas vezes, resulta em preços de venda mais altos e mais lucros para as empresas envolvidas.
Acordos de cartel: como eles são formados
Os acordos de cartel são formados de diversas maneiras e geralmente envolvem a colaboração de várias empresas que atuam no mesmo setor. Uma empresa pode sugerir um acordo de cartel às outras, geralmente numa reunião privada, ou então um acordo de cartel já existente pode ser expandido para incluir outras empresas.
Em ambos os casos, as empresas envolvidas estabelecem um acordo de um preço de venda mínimo e limites à produção, a fim de maximizar os lucros.
O papel do sigilo na operação de um cartel
Por ser ilegal, a prática de cartel depende do sigilo para se manter. As empresas envolvidas mantêm o acordo fora do conhecimento público, pois uma vez que as autoridades reguladoras ou os concorrentes descobrirem, o cartel pode desmoronar.
Para garantir o sigilo, as empresas envolvidas se encontram em localizações privadas e usam meios de comunicação segura, como criptografia de dados, para impedir que as autoridades reguladoras possam descobrir o cartel.
Tipos de cartel
Quando se trata de entender os diversos tipos de cartel, é importante destacar que eles se diferenciam principalmente em relação à forma como são formados. Os principais tipos de cartel são os cartéis de produtores, os de compradores e os de oferta e demanda.
Cartel de produtores
Um cartel de produtores é formado quando as empresas concorrentes (de um mesmo segmento da economia) decidem interromper a concorrência e agir de forma concentrada para limitar a quantidade de produtos produzidos e, portanto, a oferta no mercado. Ao limitar a oferta e controlar o preço, esses cartéis buscam aumentar o seu lucro ao mesmo tempo em que limitam a competitividade.
Cartel de compradores
O cartel de compradores é aquele formado quando as empresas se unem para comprar em conjunto e, assim, adquirir bens ou serviços a preços mais baixos. Esses cartéis também pressionam os fornecedores para que ofereçam melhores preços em suas aquisições, maximizando assim o seu lucro. Mais uma vez, quem sai prejudicado é o consumidor final.
Cartel de oferta e demanda
O cartel de oferta e demanda é formado quando as empresas concorrentes se unem para ajustar o preço e a oferta de bens e serviços no mercado. Esses cartéis, também conhecidos como “cartéis de preço”, podem aumentar o preço para aumentar os lucros e, em alguns casos, podem estabelecer quotas para limitar a quantidade de produtos que cada empresa pode produzir e vender.
Por último, é importante destacar que há ainda outros tipos de cartel, como os cartéis de exportação, os cartéis de territórios e os cartéis de licitação. Todos eles têm suas próprias características e dinâmicas, mas os princípios que os unem são sempre os mesmos: limitar a concorrência e aumentar os lucros.
O impacto de um cartel no mercado
Como este tipo de associação é estabelecido entre empresas do mesmo segmento, que se comprometem a agir em conjunto para aumentar os preços, limitar a produção ou restringir o acesso aos mercados, a prática costuma trazer muitas consequências para a economia.
Efeitos sobre os preços e produção
Ao unir forças, as empresas de um cartel são capazes de melhorar os seus lucros, já que elas conseguem estabelecer preços mais altos que o preço de equilíbrio de mercado, o qual é determinado pela oferta e demanda. Além disso, elas também se comprometem a limitar a produção e, portanto, reduzir a quantidade de produtos disponíveis no mercado, o que acaba contribuindo para aumentar ainda mais os preços.
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Como um cartel pode manipular o mercado
Já que eles conseguem controlar as forças de oferta e demanda, os cartéis podem manipular a realidade do mercado para aumentar os seus lucros. Por exemplo, eles podem controlar a oferta de produtos limitando a produção, o que fará com que os preços aumentem. Eles também podem aumentar a demanda por meio de diversos esquemas, como oferecer descontos aos compradores para que comprem em grandes quantidades.
Infelizmente, a operação de um cartel tem efeitos negativos para os consumidores, já que eles são obrigados a pagar preços mais altos por bens e serviços que são limitados em quantidade. Além disso, o cartel também causa prejuízos à sociedade, pois restringe a inovação e a melhoria da qualidade dos produtos, o que prejudica os interesses dos consumidores.
Além disso, por meio dos cartéis, as empresas conseguem se aproveitar de outras empresas do setor e, assim, eliminar a competição. Isso acontece porque, ao limitarem a produção e aumentarem os preços, os cartéis acabam impedindo as novas empresas no setor de se desenvolverem e, ao mesmo tempo, dificultam o crescimento das empresas já estabelecidas.
Por isso, cuidar do seu patrimônio para não ficar a mercê da atuação dos cartéis é muito importante. E nós podemos te ajudar:
Por que os cartéis são prejudiciais?
Competição saudável é essencial para o funcionamento de qualquer mercado. Quando a competição é restringida, os consumidores são privados dos benefícios competitivos – como preços mais baixos e melhores produtos – que eles teriam de outra forma. Os cartéis são organizações de empresas, normalmente concorrentes, que se reúnem para restringir a concorrência entre elas, com consequências nocivas para o mercado.
Restrições à competição
Quando os cartéis se formam, eles envolvem as empresas concorrentes limitando diretamente a competição. Esta restrição da competição dá aos membros do cartel certas vantagens, como a capacidade de aumentar os preços, reduzir a oferta e aumentar os lucros. No entanto, essas vantagens vêm à custa dos consumidores, que são forçados a pagar preços mais altos, receber menos bens e serviços disponíveis e ter menos escolha.
Efeitos negativos para consumidores e sociedade
Cartéis também podem levar a problemas econômicos mais amplos para a sociedade. Os preços mais altos oferecidos pelos membros do cartel impactam o poder de compra, o que significa que as pessoas têm menos dinheiro para gastar em outros bens e serviços. Além disso, as empresas que não participam do cartel estão em desvantagem, pois não podem competir em pé de igualdade com os membros do cartel. Isso pode levar à redução do emprego, à redução da produtividade e ao aumento da desigualdade econômica.
A existência de cartéis também pode afetar a competição internacional, pois os membros do cartel costumam impor barreiras comerciais para limitar o acesso ao mercado. Isso pode causar desequilíbrios comerciais entre os países, já que os países membros do cartel podem ter acesso a preços mais baixos do que os países não membros. Além disso, se as empresas de um país tiverem acesso a preços mais baixos do que as empresas de outro país, isso pode levar a uma desvantagem competitiva para as empresas de outro país.
Cartel e a lei
Os cartéis são considerados práticas anticompetitivas e são geralmente ilegais em muitos países devido ao impacto negativo que têm na concorrência e nos consumidores. Entenda mais sobre como a lei lida com os cartéis.
Como a lei trata os cartéis
A lei brasileira proíbe a formação de qualquer tipo de cartel que crie ou mantenha monopólios, reduzindo a concorrência, restringindo a produção e aumentando o preço dos bens ou serviços ligados ao mercado.
A Lei n˚ 12.529/2011 prevê que empresas participantes de cartel estão sujeitas a penalidades administrativas aplicadas pelo Tribunal do Cade, podendo a multa variar entre 0,1% e 20% do valor do faturamento bruto no ramo da atividade em que ocorreu a infração.
Ainda, indivíduos que participaram da conduta ilícita também estão sujeitos a multas do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que podem variar entre R$ 50 mil e R$ 2 bilhões. Caso os envolvidos sejam direta ou indiretamente responsáveis pela infração, a multa é de 1% a 20% da multa aplicada à empresa.
Além da infração administrativa investigada e punida pelo Cade, o cartel também configura crime no Brasil. A Lei n˚ 8.137/90 considera crime contra a ordem econômica o acordo entre empresas cujo objetivo seja fixar artificialmente os preços ou quantidades de produtos ou serviços e, assim, controlar o mercado. A pena para esse crime é de dois a cinco anos de reclusão e multa.
Identificando e combatendo cartéis
Identificar os cartéis é uma tarefa difícil e complexa. Os reguladores precisam reunir informações sobre os diferentes players no mercado, incluindo seus relacionamentos de negócio. É importante que eles possam identificar padrões suspeitos, como ações conspiratórias entre os participantes do mercado, para ter uma chance de expor um cartel.
Como os reguladores identificam os cartéis
Os reguladores monitoram de perto as atividades de comércio e preços para identificar possíveis comportamentos anticoncorrenciais. As ferramentas usadas para esta tarefa podem incluir análises de preços, investigações de emprego, análise de documentos e estatísticas de mercado.
No caso da análise de preços, os reguladores comparam os preços nos diferentes mercados e identificam comportamentos suspeitos, como preços muito elevados ou muito baixos, que podem indicar a existência de um cartel. Investigações de emprego podem revelar relacionamentos entre os participantes do mercado que podem indicar uma conspiração.
Análise de documentos é outra ferramenta usada para identificar cartéis. Esta prática envolve a busca de documentos, como e-mails ou correspondência, que possam provar que há algum tipo de acordo anticoncorrencial entre os participantes do mercado. Estatísticas de mercado também podem ajudar a identificar padrões de comportamento suspeitos que podem indicar a existência de um cartel.
Aqui no Brasil, o principal órgão responsável por essa análise e investigação é o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Estratégias para desmantelar cartéis
Uma vez identificado um cartel, os reguladores podem aplicar as medidas necessárias para desmantelá-lo. Esta estratégia geralmente envolve a imposição de sanções aos participantes do cartel, como multas ou prisão. Além disso, os reguladores podem buscar a dissolução do cartel e a revogação de quaisquer acordos ou práticas anticoncorrenciais.
Outra estratégia comumente utilizada para enfrentar os cartéis é o estabelecimento de uma regulamentação mais rígida que imponha limites às condutas que permitam a formação de cartéis. Além disso, os reguladores também podem usar incentivos para estimular a concorrência leal entre os participantes do mercado.
Casos famosos de cartéis
Apesar de ser ilegal, a prática de formação de cartéis não é incomum. Conheça os principais casos de cartéis da história recente.
OPEP: um exemplo de um cartel legal
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) é um exemplo de um cartel legal que domina globalmente o mercado de petróleo. Criado em 1960, o cartel da OPEP foi formado por países exportadores de petróleo, como Arábia Saudita, Iraque e Venezuela, com o objetivo de aumentar os preços do petróleo ao controlar a oferta. Por meio de acordos, a OPEP consegue ajustar preços e produção, para acomodar as necessidades de cada integrante.
Cartéis ilegais: casos e consequências
Existem também vários casos de cartéis ilegais que têm gerado muita preocupação entre reguladores e consumidores.
Um caso notável de cartel ilegal é o cartel da gasolina. Entre 2013 e 2021, o Cade investigou 22 condutas na revenda e distribuição de combustível no país. Segundo a autarquia, apenas o preço igual não é indicativo de cartel. Precisa haver outros indicadores, como dividir grandes clientes. Porém, no caso do cartel de combustível no país, o órgão investiga não apenas os revendedores, mas os distribuidores também.
Alguns outros casos de cartéis ilegais incluem o cartel de tabaco, o de cartões bancários e o das companhias aéreas.
É importante destacar que, enquanto alguns cartéis podem ser legais, a maioria deles são altamente daninhos à economia e aos consumidores, pois persistem em preços artificialmente altos, restrição ao livre mercado, além de outras consequências desagradáveis. Por isso, é importante que os reguladores e consumidores sejam vigilantes para identificar e denunciar quaisquer práticas de cartel.
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Perguntas frequentes sobre cartéis
Existem muitas dúvidas sobre os cartéis e a atuação deles. Por isso, responderemos às principais perguntas sobre o assunto!
Qual a diferença entre monopólio e cartel?
É importante entender que, ao contrário do que muitas pessoas pensam, um cartel não é um tipo de monopólio.
- Cartel: é um acordo ilegal entre empresas que dominam determinado setor da economia, com o objetivo de neutralizar os concorrentes;
- Monopólio: é quando uma empresa domina um mercado de um determinado produto ou serviço, ao impor preços aos que comercializam.
Os cartéis são sempre ilegais?
Não, há alguns cartéis legais que são regulados pelas autoridades, como o cartel da OPEP, que reúne vários países produtores de petróleo e regula a oferta de petróleo no mercado. No entanto, os cartéis são proibidos no Brasil, já que eles restringem a competição e podem criar resultados injustos para o consumidor.
Como posso denunciar um cartel?
Se você suspeitar ou tiver conhecimento de um cartel que está sendo operado, você pode denunciar às autoridades. Os reguladores têm o poder de investigar as empresas e aplicar multas e outras penalidades. No Brasil, este órgão é o Cade.