Consórcio.
Você sabe o que é esse produto que muitos adquirem achando que estão investindo seu dinheiro?
Neste artigo, vou explicar o que é o consórcio, como ele funciona, suas vantagens e desvantagens, e comentar se ele vale a pena ou não para você.
Depois de ler este texto, tenho certeza que você poderá mudar a sua visão com relação a esse popular produto oferecido no nosso mercado.
Além disso tudo, também vou explicar porque o consórcio não se encaixa na categoria de investimentos, o que acaba confundindo muita gente.
Se este artigo lhe parece interessante, convido você a lê-lo até o final para dominar tudo sobre esse assunto.
No final, não se esqueça de deixar o seu comentário dizendo o que você achou deste artigo. ?

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O QUE É CONSÓRCIO?

Em sua essência, o consórcio é uma reunião de pessoas, físicas ou jurídicas, que formam uma poupança comum destinada a compra de algum bem.
Trata-se de uma modalidade especificamente voltada para o acesso ao mercado de consumo.
Ou seja: é destinado para as pessoas que estão pensando em adquirir um bem específico, móvel ou imóvel, ou até serviços.
Pelo sistema de consórcios, é possível programar a compra de qualquer bem de fabricação nacional ou importado.
Em se tratando de bens materiais, podemos encontrar:

  • Consórcio de automóveis
  • Consórcio de imóveis
  • Consórcio de motos
  • Consórcio de caminhões
  • Consórcio de náutico (embarcações)
  • Consórcio de máquinas e equipamentos
  • Consórcio de instrumentos musicais

Quando o assunto são serviços, também podemos ter diversos tipos de consórcios:

  • Consórcio de saúde
  • Consórcio de educação
  • Consórcio de turismo

Ao entrar em um consórcio, a pessoa passa a ser um consorciado e começa a poupar o dinheiro para a aquisição daquele bem.
Porém, o funcionamento dessa modalidade ainda contempla algumas outras características.

COMO FUNCIONA UM CONSÓRCIO?

Entendido os pontos básicos, deixa eu explicar melhor alguns conceitos específicos desse mercado.
Nessa modalidade, os consorciados, reunidos em grupo e representados por cotas, passam a contribuir, por um prazo determinado, com uma parcela destinada à formação de um fundo comum.
De tempos em tempos, há a contemplação, que dá ao consorciado contemplado o direito de utilizar parte desse fundo para a aquisição do bem ou serviço pretendido.
A empresa responsável por cuidar e administrar o grupo é chamada de administradora.
Essa é uma companhia que precisa estar autorizada pelo Banco Central do Brasil para atuar nesse segmento.
É o próprio Banco Central que normatiza e fiscaliza o sistema de consórcios no Brasil, de acordo com a Lei nº 11.795/2008.
Portanto, certifique-se sempre de que a administradora está regulamentada por meio de uma consulta no site do Banco Central ou na página da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC).
A adesão do consorciado a um grupo se dá mediante a assinatura de um contrato de participação.
Esse documento precisa descrever quais são os direitos e deveres de cada participante, bem como listar o prazo do consórcio e preço estimado do bem de desejo comum.

O que é a contemplação?

A contemplação nada mais é do que a atribuição de crédito a um consorciado para a aquisição do bem ou serviço.
Isso pode acontecer de duas formas: sorteio ou lance.
A contemplação por sorteio reflete a própria essência do consórcio.
Todo participante que estiver com o pagamento de suas contribuições em dia, concorre, em igualdade de condições, a ser sorteado para a utilização de parte do fundo.
Ao final do prazo estabelecido em contrato, todos os consorciados terão utilizado a sua cota da poupança formada.
Porém, quem necessita do dinheiro antes do previsto, pode utilizar o sistema de lances para ser contemplado.
Essa modalidade, que acontece sempre depois de um sorteio, reflete a oferta de mais aportes, descontando do valor total que o consorciado precisa contribuir.
Contudo, como mais de um participante pode fazer isso ao mesmo tempo, precisa haver um critério de desempate, que estará devidamente definido em contrato.
Todo esse processo acontece durante as assembleias.
Essas são reuniões organizadas pela administração para a realização dos sorteios, recebimento de lances e prestação de contas com relação ao consórcio.
Durante as assembleias, os consorciados também podem deliberar sobre alguns assuntos.
Porém, somente aqueles que estiverem com a prestação em dia poderão participar das votações.

Exemplo de consórcio

Para ilustrar melhor o que é um consórcio, eis um exemplo de condições de um contrato fictício:

  • Prazo de duração do plano: 60 meses
  • Valor do bem ou serviço: R$ 30.000,00
  • Periodicidade dos pagamentos: mensal
  • Taxa de administração total: 15%
  • Fundo de reserva total: 2%

Nesse caso específico, vale a pena entender alguns termos de forma mais detalhada.

Taxa de administração

Esse percentual refere-se à remuneração da administradora responsável por organizar e administrar o grupo.
A taxa de administração não é o mesmo que os juros cobrados em outras modalidades de compra de bens e serviços, como o financiamento.
No caso do exemplo acima, para descobrirmos a taxa mensal é preciso dividir a taxa total pela quantidade de meses.
Portanto:

  • 15% divididos por 60 meses resultaria em uma taxa mensal de 0,25%
  • Em valores absolutos, cada consorciado estaria pagando mensalmente o valor de R$ 75,00 para a taxa de administração (0,25% de R$ 30.000,00)

Fundo de reserva

Esse percentual é destinado a garantir o pleno funcionamento do consórcio em diversas situações previstas em contrato.
Vale ressaltar que se houver caixa nesse fundo de reserva ao final do contrato, o valor será devolvido proporcionalmente aos consorciados.
O seu cálculo segue exatamente a mesma regra da taxa de administração:

  • 2% divididos por 60 meses resultaria em uma coleta de fundo de 0,0333% ao mês.
  • Em valores absolutos, cada consorciado estaria pagando mensalmente o valor de R$ 9,99 para o fundo de reserva (0,0333% de R$ 30.000,00)

Vale ressaltar que o contrato do consórcio ainda pode prever a cobrança de um seguro, que também estará embutido na cobrança do consorciado.

Calculando a parcela

Neste exemplo específico, é possível facilmente chegar ao valor da parcela mensal devida pelo consorciado fazendo alguns cálculos:

  • Valor do bem ou serviço dividido pelo prazo do contrato (R$ 30.000,00 / 60): R$ 500,00
  • Taxa de administração (0,25% de R$ 30.000,00): R$ 75,00
  • Fundo de reserva (0,0333% de R$ 30.000,00): R$ 9,99
  • Prestação mensal: R$ 584,99

CONSÓRCIO É INVESTIMENTO?

Quem captou a essência do consórcio, consegue responder na lata este questionamento.
Não, consórcio não é um investimento.
Essa modalidade nada mais é do que uma forma organizada de poupar dinheiro.
O diferencial, na verdade, é contar com a possibilidade (através dos sorteios ou lances) de ser contemplado com o valor para adquirir o seu bem antes do previsto.
Porém, isso também incorre na possibilidade de ser o último a ser sorteado.
Ou seja: no exemplo fictício acima, um consorciado pode demorar até 60 meses para receber o crédito no valor do bem que deseja comprar.
Esse valor, na realidade, nada mais é do que o montante que ele foi acumulando mês a mês, que ainda estará acrescido da taxa de administração e fundo de reserva (e seguro, em alguns casos).
É muito simples entender o motivo pelo qual o consórcio não pertencente à categoria de investimentos: simplesmente porque o dinheiro não rende enquanto está nessa modalidade.
O dinheiro captado é utilizado na contemplação do consorciado sorteado ou aquele que deu o lance escolhido mediante as regras do contrato.
Portanto, não há correção dos valores captados.
Na realidade, os valores captados não ficam armazenados (com exceção do fundo de reserva), já que são cedidos ao consorciado contemplado.
Outro “problema grave” do consórcio é o fato de haver “duras punições” para quem atrasar ou não pagar as prestações.
Nessas ocasiões, o consórcio pode acabar exigindo o pagamento de multa e juros do participante que não contribuir conforme manda o contrato.
Vale ressaltar que o inadimplente também não pode concorrer aos sorteios, tampouco dar lances para ser contemplado.
Portanto, fica muito claro que o consórcio não é um investimento.
E, se não houver comprometimento no pagamento, o consórcio pode atrapalhar bem mais do que ajudar.

VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CONSÓRCIO

Como qualquer produto financeiro que envolve o nosso dinheiro, o sistema de consórcios possui vantagens e desvantagens.
A seguir, vamos listar cada uma delas e explicar em que casos elas se aplicam.

Vantagens

  • Menor burocracia: quando comparado a financiamentos tradicionais, o sistema de consórcios é muito menos burocrático, simples de entender e fácil de participar
  • Custo baixo: quando também comparado ao sistema de financiamento, o consórcio tende a ser mais vantajoso financeiramente por não embutir taxa de juros no valor do bem ou serviço a ser adquirido (mesmo cobrando taxa de administração)
  • Forma de poupar: a adesão a um consórcio é uma forma de forçar o participante a fazer uma poupança

Desvantagens

  • Não é investimento: o fato de o consórcio não ser uma modalidade de investimento pode ser encarada como uma desvantagem, pois muitos recorrem a ela achando que estão fazendo o dinheiro se valorizar com o tempo – o que não acontece
  • Imprevisibilidade da contemplação: embora possa ser financeiramente mais vantajoso que o financiamento, a possibilidade de ser contemplado nos primeiros sorteios (sem dar lances) é baixa, o que pode significa demora na concessão de crédito
  • Risco para inadimplentes: se o participante não contribuir conforme pede o contrato, pode ter que pagar multas, juros e ainda corre o risco de ser excluído do consórcio, recebendo o valor pago somente ao final do término do contrato

Como você pode ver, há vantagens e desvantagens bem claras no sistema de consórcios.
Portanto, é preciso avaliar muito bem para entender se vale a pena ou não participar dessa modalidade.

VALE A PENA ENTRAR EM UM CONSÓRCIO?

Afinal, vale a pena ou não entrar em um consórcio?
Diferente da maioria das respostas que eu dou aqui nesta seção, acredito que o sistema de consórcios não é uma boa alternativa para a maioria das pessoas.
Para começo de conversa, esse produto não é uma modalidade de investimento, invalidando o motivo pelo qual muitas pessoas entram em um consórcio – acreditando que estão fazendo o dinheiro render.
Por ser uma “poupança forçada”, podemos até argumentar que o consórcio possui similaridades com um Título de Capitalização.
A diferença fica por conta do foco no consumo que a modalidade de consórcio possui, ao passo que a capitalização se concentra em sortear prêmios aos participantes.
Em ambas as ocasiões, a chance de ser sorteado é sempre muito baixa, não compensando o custo de oportunidade do dinheiro parado.
Para aqueles que argumentam que não têm disciplina para guardar o dinheiro, minha provocação é:

Se você não quer desenvolver essa disciplina, é muito provável que você possa enfrentar outros problemas financeiros no futuro, inclusive envolvendo o seu próprio consórcio.

Agora, quando comparado ao financiamento (em especial o financiamento imobiliário), acredito que é preciso estudar muito bem para saber se o consórcio realmente é a melhor opção.
Às vezes, morar de aluguel por um tempo e economizar a diferença do financiamento é a melhor opção.
Sobre este assunto, recomendo que você assista ao vídeo abaixo:

CONCLUSÃO

Assim chegamos ao final de mais um artigo do Clube do Valor.
Aqui você finalmente pode aprender o que é um consórcio, como funciona essa modalidade, suas vantagens e desvantagens, e porque esse produto não é considerado uma forma de investimento.
Nesse sentido, recomendo fortemente que você dê uma olhada neste artigo em que eu explico quais são, verdadeiramente, os principais tipos de investimentos disponíveis aos investidores brasileiros.
Além disso, também recomendo que você confira a nossa planilha simuladora do Tesouro Direto.
O investimento em títulos públicos é o primeiro passo para quem quer sair da poupança e conhecer outros produtos financeiros mais sofisticados.
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Eu vou ficando por aqui.
Um forte abraço,
Ramiro Gomes Ferreira.