Quando o assunto é investimento, o investidor que compreende conceitos e entende as variações financeiras se encontra sempre um passo à frente. 

O desempenho de variáveis faz parte da movimentação do mercado de ações e investimentos e possui diversas modalidades, como índices, taxas de câmbio, commodities e a curva de juros.

Essa modalidade, também conhecida como yield curve ou curva a termo, representa em gráfico as expectativas de rendimentos dos juros de um investimento, ou seja, coloca em perspectiva o rendimento que o investidor espera ganhar ao aplicar seu dinheiro em um determinado período de tempo.

Para entender melhor a função da curva de juros e como ela afeta seus investimentos, preparamos um guia completo que você pode conferir logo abaixo.

O conceito de curva de juros futuros

A curva de juros é um recurso de análise de extrema importância no mercado financeiro. Se entende ela como as expectativas de rendimentos médios de títulos públicos sem pagamentos semestrais a partir de contratos futuros – os chamados DI.

Os contratos futuros representam o firmamento de compromisso de compra ou venda de um ativo, em determinada data, por determinado valor. 

Os acordos negociados na bolsa de valores do Brasil estão interligados à taxa DI. 

Isso significa que o design da curva de juros acompanha as remunerações estabelecidas pelo mercado. 

O objetivo do mercado futuro de DI, responsável pelo cálculo de juros, é proteger o investimento de ações oscilantes de taxas internas – o famoso hedge. Investidores sempre correm risco com a elevação da taxa de juros, e com a abertura da posição de compra do mercado futuro (que obtém lucro com a alta dos juros), é possível compensar perdas na movimentação de taxas.

Existem outras operações além do hedge que envolvem o DI futuro que supõem especulação. Ou seja, o indivíduo se posiciona no mercado futuro sem outra posição segura, com o objetivo de impulsionar lucros a partir da tendência de valores. Dessa forma, aproveita diferenças de um ativo negociado em mercados distintos.

É na garantia de visibilidade ao investidor que os contratos futuros de DI ganham quanto na dinâmica dos juros futuros. Assim, indicando tendências econômicas e dando embasamento em direção à taxa Selic.

conceito de curva de juros

Principais teorias acerca do funcionamento da curva de juros

Ela se baseia na relação entre a taxa de juros dos títulos e seu prazo de vencimento. Ou seja, é a curva construída em cima de títulos com pagamento de juros apenas na data de vencimento – conhecido como zero coupon bonds.

Em títulos com pagamento de juros intermediários (os coupons), há embutida a possibilidade de reinvestimento da mesma taxa, o que faz desse tipo uma modalidade inapropriada para a expectativa da curva de juros.

A ascensão da curva é fundamental no mercado financeiro, pois oferece a base para a precificação dos instrumentos de renda-fixa. Também é importante pois pode ser utilizada no estabelecimento de taxas de outros setores.

Algumas teorias que buscam explicar como se estrutura a curva de juros foram formuladas. E, dentre elas, podemos destacar a Teoria das Expectativas Puras, a Teoria das Expectativas Tendenciosas e a Teoria do Mercado Segmentado. 

Teoria das Expectativas Puras

O conceito da Teoria de Expectativas Puras pode ser um pouco confuso. Ela basicamente define que a taxa de juros a longo prazo oferecida pelo mercado financeiro se baseia nas expectativas de curto prazo. Mas como isso é possível? Explicamos a seguir. 

Para entender melhor a teoria na prática, podemos usar o exemplo da economia brasileira em 2021. 

O risco fiscal cresceu muito durante esse período. Portanto, haviam grandes chances do governo romper o teto de gastos, causando alavancagem da curva de juros futura. 

Assim, há uma preocupação com os juros de longo prazo se baseando no momento presente, em curto prazo.

Pode-se dizer que a Teoria das Expectativas Puras transmite a ideia de que nem sempre há racionalidade na precificação das taxas de juros pelo mercado, e a falta de racionalidade, claro, tem algumas consequências.

Para títulos equivalentes – com mesmo emissor e condições de liquidez – existe um risco correlativo a curto e longo prazo. Isso porque a curva de juros a longo prazo corresponde somente à expectativa do mercado. 

Dentro dessa Teoria, um título de investimento com taxas oferecidas baseadas na fixação de hoje ou nas expectativas de hoje, tende a se manter. Ou seja, oferece rentabilidade anual próxima a curto e longo prazo.

Dessa forma, títulos de mesmo emissor e com mesmas condições de liquidez são ótimos substitutos em horizontes temporais.

Teoria das Expectativas Tendenciosas

A Teoria das Expectativas Tendenciosas prevê que a curva de rendimentos na verdade é formada pelas expectativas do mercado em cima das taxas futuras. Mas que também se valem de outros fatores de influência que atuam na preferência dos investidores.

A diferença da Teoria das Expectativas Tendenciosas para a Teoria das Expectativas Puras é que, na primeira, se supõe que as taxas de juros futuras são também influenciadas pela expectativa atual do mercado. Mas que também possuem influência de outros fatores. 

Para taxas de juro a longo prazo determinadas apenas pelas expectativas de hoje das taxas futuras, a curva de rendimento possuindo ascendência prevê que os investidores esperem que taxas de curto prazo aumentem futuramente.

Dentro da Teoria das Expectativas Tendenciosas, existem duas subteorias: a Teoria da Preferência pela Liquidez e a Teoria do Habitat Preferido. 

A Teoria da Preferência por Liquidez estabelece que títulos de longo prazo contém uma espécie de “prêmio” de risco, algo como uma função da preferência pela liquidez do investidor.

Já a Teoria do Habitat Preferido implica que oferta e demanda em títulos de vencimentos distintos resulta em algo não uniforme. Isto é, em um mercado parcialmente segmentado onde taxas são determinadas em diferentes horizontes de tempo de forma independente. 

Curva de juros - teoria das expectativas tendenciosas

Teoria do Mercado Segmentado

A Teoria do Mercado Segmentado usa um conceito muito parecido com a Teoria do Habitat Preferido. Isso porque as principais características dessa teoria dizem que as curvas de juros são definidas sob o preceito de oferta e demanda do mercado, na categoria de vencimentos. 

Nessa Teoria, estabeleceu-se que rendimentos de determinada classe e vencimento não podem ser usados para prever rendimentos de títulos de classes diferentes.

Em outras palavras, a Teoria do Mercado Segmentado parte do pressuposto que o mercado é composto por “fatias” de vencimentos de títulos, e cada “fatia” é constituída por investidores com preferências estabelecidas: curto, médio e longo prazo.

Essa teoria se baseia em hábitos de investimento, geralmente considerando investidores corporativos como modelo, como seguradores e bancos. 

Enquanto a primeira opta por títulos de longo prazo, os bancos preferem aqueles de curto prazo, por conta da prática bancária.

A Teoria do Mercado Segmentado também sustenta que investidores que compram e vendem títulos de curto prazo têm características e razões distintas daqueles que compram e vendem títulos a médio e longo prazo. 

Por fim, essa teoria estabelece que não é possível antecipar resultados futuros quanto a taxa de juros com base nas taxas a curto prazo. 

Estabelece que as taxas de juro a longo prazo somente expõem perspectivas de mercado e não um resultado definitivo consistente.

Como interpretar os formatos da curva de juros?

Existem vários formatos representados graficamente e que a partir de sua forma, podem ser interpretados pelos investidores na hora de considerar a expectativa dos seus rendimentos médios.

Abaixo, trazemos alguns formatos e suas interpretações.

Curva normal

A curva normal de juros é representada por uma linha curva ascendente em formato levemente côncavo. Essa progressão suave possui um significado positivo.

Sua leitura diz que se espera uma pequena pressão inflacionária, o que não é algo ruim – pequenos índices de inflação indicam que a economia se mantém “viva” – e que os agentes econômicos se encontram em um estado controlado.

Com a curva ascendendo, se espera um crescimento econômico, além de, eventualmente, um movimento do governo que aumente as taxas para ‘acalmar’ essa pressão.

Curva íngreme

Também conhecida como “fortemente inclinada”, a curva íngreme, que é aquela bastante acentuada, com um formato parecido com uma abertura de parênteses “(“, pode significar duas situações distintas.

Pode significar que a economia se encontra iniciando um período com boas expectativas de crescimento ou que há uma dificuldade por parte do governo em financiar seu déficit a longo prazo. 

Períodos de crescimento econômico estão diretamente ligados às pressões inflacionárias e, por isso, há a acentuação da curva. 

Nesse caso, é esperada uma movimentação mais inflamada por parte do governo em termos de política monetária, onde os juros são aumentados para manter a inflação sob controle.

Já na situação de dificuldade de financiamento do déficit, representa que os investidores não se sentem seguros em se comprometer a longo prazo e, para isso, demandam do governo um tipo de compensação.

Como interpretar uma curva de juros?

Curva invertida

Como citado anteriormente, uma curva de juros normal é aquela ascendente e levemente côncava, que é interpretada como agentes econômicos controlados. 

Quando a curva de juros se inverte, significa que as taxas de juros a curto prazo ficam mais altas do que as taxas de longo prazo. 

Essa curva é bastante rara e, quando acontece, costuma mobilizar o mercado financeiro, pois é um indicador de recessão econômica. 

Ou seja, os agentes econômicos indicam que a economia vai retroceder ou estagnar, o que indica que o governo se vê pressionado a baixar taxas de juros para tentar reorganizar a economia e fazê-la andar.

Esse costuma ser o pior cenário financeiro para uma economia. Quando essa expectativa se faz realidade, investidores compram títulos de longo prazo a fim de “garantir” taxas antes do governo baixar os juros de mercado. Nessa situação, é bastante elevado o risco de reinvestimento.

Curva plana ou flat

Como o nome mesmo sugere, a curva plana – também conhecida por flat – é uma linha reta, o que significa que as taxas de juro de curto e longo prazo estão iguais ou muito próximas.

Dessa forma, a curva plana indica um momento que podemos definir como inconclusivo. Os agentes econômicos estão “perdidos” em um ambiente de recessão ou inflação, o que impacta a economia com um sentimento de indecisão.

Porém, a curva plana também pode indicar simplesmente um momento de transição. Tanto de uma curva para invertida ou de invertida para normal, em algum momento ela precisa se igualar e estar em um estado flat.

Curvas híbridas ou humped

Não só de curvas básicas e pré-estabelecidas são compostas as curvas de juros. Algumas vezes, há também o que chamamos de curvas híbridas ou humped, do inglês, “concundas”. 

Essas curvas representam expectativas a longo e curto prazo e, dessa forma, formam irregularidades, com estética geométrica diferenciada. Nesse contexto, várias possibilidades são passíveis de acontecer: as “corcundas” podem ser para cima ou para baixo. 

Para interpretar curvas híbridas, é necessário seguir exatamente o seu desenho, pois esse tipo de curva abrange mais de um significado e é a fusão dos conceitos básicos de outras curvas.

O que influencia e modifica a curva de juros futuros?

Três fatores principais possuem influência e poder para modificar as curvas de juros. Confira abaixo.

Inflação

A inflação afeta diretamente a curva de juros, expondo índices de pressão inflacionária, o que é representado no gráfico com a ascendência da curva.

Crescimento econômico

Em tempos indicativos de crescimento econômico, a curva de juros se desenha fortemente inclinada, tanto pela influência das pressões inflacionárias como porque o governo aumenta os juros para conter a inflação.

Taxa de juros

Implicações da alta nos juros futuros

Com a alta precificação de juros em contratos futuros, acontece o que chamamos de “abertura” da curva, o que impacta diretamente o mercado econômico. 

Essa abertura deixa mais atraente a remuneração dos investimentos, mas com isso, os preços dos títulos de quem adquiriu o ativo antes é desvalorizado.

Implicações da queda nos juros futuros

A queda na taxa de juros é responsável pelo efeito oposto, ou seja, causa valorização dos títulos de curto prazo, o que torna a curva mais “fechada”. 

Qual é a sua importância e como afeta seus investimentos?

Como citado anteriormente, a curva de juros afeta diretamente o mercado e, claro, os investidores.

As taxas de juros do mercado impactam os investimentos e definem as expectativas em curto, médio e longo prazo. Por essa razão, é importante conhecer a curva e seus comportamentos.

Os títulos de renda fixa são os maiores impactados pela curva de juros. Em títulos públicos, por exemplo, o vencimento modifica a taxa, tendendo a ser mais alta conforme o tempo. Já os títulos de renda fixa (públicos ou privados) possuem prazos mais longos, otimizando as chances de remuneração mais alta em um prazo maior, para compensar.

Mesmo a renda variável pode ser impactada, pois os juros afetam descontos de fluxo de caixa, e isso pode gerar um “efeito dominó” até os fundos de investimento, tanto de renda fixa quanto de renda variável.

Qual a importância da curva de juros nos investimentos?

Dúvidas frequentes sobre a curva de juros

Abertura e fechamento da curva de juros, o que significa?

A abertura da curva de juros significa uma expectativa de juros aumentados futuramente, ou seja, ela eleva as taxas de juros dos títulos prefixados (aqueles que possuem taxas de juros estabelecidas no ato da compra) e diretamente relacionados à inflação. 

Ao mesmo tempo, os preços desses títulos caem, desvalorizando o investimento de quem comprou os ativos a taxas prefixadas mais baixas.

Já o fechamento da curva significa uma expectativa de juros em queda futuramente, ou seja, a longo prazo os juros serão diminuídos e assim também, o retorno. Porém, a curto prazo, é uma situação mais vantajosa. Isso também quer dizer que a inflação se encontra controlada.

Onde acompanhar a curva de juros futuros do Brasil?

É possível acompanhar a curva de juros futuros do Brasil através dos canais de órgãos especializados, como a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais – a Anbima – e seus parceiros, como por exemplo o Clube do Valor.

O que é inversão da curva de juros?

Chamamos de inversão da curva de juros o momento onde um investimento a curto prazo possui remuneração e taxa de juros superior àquela aplicação a longo prazo. 

Dentro da lógica financeira, quanto maior o prazo, maior a vantagem oferecida de retorno. 

Quando ocorre uma inversão da curva de juros, pode significar que a economia está entrando em período de contração, também conhecido como recessão, um período onde a economia fica estagnada ou, pior, regride.

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Conclusão

A curva de juros é um índice importante na hora de gerenciar os investimentos e descobrir as melhores taxas de juros, se a curto, médio ou longo prazo, a partir das expectativas do mercado econômico.

Todo investidor deve poder saber interpretar a curva de juros dos seus ativos e encontrar a melhor estratégia para seus objetivos quando se trata de finanças.

Se você está começando agora no mundo dos investimentos ou deseja melhorar sua carteira ou estratégia, o Clube do Valor sabe exatamente como te ajudar.

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