Bull e Bear Market

Bull Market e Bear Market são termos muito usados no universo dos investimentos. Se você está começando a investir na Bolsa de Valores, ou começou há um tempo, já deve ter se deparado com eles ao estudar e pesquisar o mercado.

Esses nomes se referem ao Touro e ao Urso, respectivamente, e indicam se os preços das ações na Bolsa estão subindo ou caindo. 

É essencial entender como esses termos se aplicam no “mundo real” ao analisar o desempenho dos ativos conforme as condições econômicas externas, nacionais ou globais. Afinal, eles impactam diretamente o seu bolso e suas estratégias. 

Com esses conhecimentos, você será capaz de traçar planos de ação ainda melhores e mais robustos para investir e maximizar os resultados dos seus investimentos, conforme as oscilações do mercado. 

Se quiser entender tudo sobre o tema, basta continuar a leitura. A equipe Clube do Valor desenvolveu este artigo completo, que abordará tópicos como:

  • o que é Bull Market e Bear Market, e como identificá-los;
  • como investir com o mercado em alta ou em baixa;
  • principais diferenças entre as duas modalidades;
  • como escolher o melhor momento para investir e muito mais!

O que é Bull Market (Bullish)?

Bull Market 
Mercado Touro

O “mercado touro” ou “bullish”, como é conhecido o Bull Market, representa a expectativa de valorização dos ativos do mercado, especialmente as ações da Bolsa. 

Quando um momento é identificado como Bull, os investidores tendem a rever suas carteiras de ações. 

Assim, quando conseguem identificar antecipadamente este momento de alta, caso seja vantajoso, os investidores podem comprar novas ações (a preços baixos). 

Elas, por sua vez, são passíveis de valorização. Assim, os compradores podem lucrar ao vender a ação por um valor mais alto e esperar que aquelas que já têm na carteira, subam. 

A origem do termo

Não se sabe exatamente a origem ou o responsável por inventar o termo. Mas, acredita-se que ela venha da antiga tradição anglosaxã em que os touros eram considerados animais muito poderosos que representavam o otimismo. 

Desde então, este é um jargão muito antigo dos investidores de sucesso de Wall Street, em Nova York. Tanto que existe uma estátua do touro nesta rua tão importante, a fim de representar e “atrair” a alta do mercado. 

O touro representa muito bem esse pico nos investimentos através do movimento da chifrada, que é ascendente, assim como o gráfico de crescimento dos preços. 

Características do Bull Market

A principal característica do Bull Market é a ascensão do mercado, o tempo em alta, quando as ações são valorizadas e todos saem ganhando. 

Este é um momento sempre muito esperado por todos os investidores, e deve ser aproveitado ao máximo quando acontece. Por isso, você deve se preparar e saber o que fazer e como identificar este cenário. 

Entenda como ele funciona:

  • a demanda aumenta e a oferta tende a diminuir, gerando valorização. Assim, as pessoas preferem comprar a vender;
  • poucos investidores dispostos a vender, então há alta dos preços;
  • a confiança e o otimismo do mercado aumentam à medida que as ações ficam mais caras;
  • tem relação direta com um momento econômico de recuperação, assim como de crescimento de empresas devido ao aumento do consumo dos seus produtos por parte dos usuários.

Lei da oferta e procura no Bull Market

Como você percebeu, a lei da oferta e da procura é muito forte nesse caso. Entenda que:

  • quanto mais o cenário estiver positivo, rentável e interessante…
  • mais pessoas investidoras serão atraídas e participarão do mercado. 

Assim, haverá cada vez mais movimentação e procura de ações, fazendo com que os preços subam e se valorizem, devido à alta demanda. Interessante, não acha?

Essa valorização tende a alcançar cerca de 20% do valor do ativo. Isso influencia também a economia nacional, ou seja:

  • o PIB começa a aumentar;
  • as oportunidades de empregos são maiores;
  • e as curvas de juros diminuem.

Quanto tempo dura o Bull no mercado?

Assim como o cenário de renda variável e mercado de ações em geral, o Bull Market também é imprevisível. 

Isso significa que não é possível dizer com exatidão quando ele acontecerá e qual será sua duração. 

Ter isso em mente impedirá muitas frustrações ou “golpes” de quem diz que pode prever com exatidão quando o mercado alavancará ou depreciará. 

Tudo depende de quais são os seus planos de ação e estratégias, a fim de se preparar para qualquer cenário. Estudar, neste caso, é um fator fundamental. 

Com o estudo, você perceberá que pode avaliar os contextos passados de quedas e altas com base em indicadores financeiros, ou seja, características em comum, ou padrões. 

Você verá que o Bull pode durar dias, meses ou até mesmo anos. 

Algumas estimativas giram em torno de 720 dias (quase 2 anos) de duração média do Bull. Mas, vale lembrar que isso não é uma regra e é necessário analisar a fundo o mercado do segmento que você deseja investir para identificar durações aproximadas. 

Como identificar um mercado em “bull”?

Identificar um mercado em Bull é o mesmo que entender quais são suas fases. Basta analisar os seguintes aspectos:

  • Geralmente o Bull vem depois de um Bear (queda) então, pergunte-se: 
    • houve um declínio grande no mercado?
    • os preços das ações estão mais baixos?
  • Após a fase de Bear, os preços começam a subir novamente, de modo sutil. Isso mostra que o Bull pode estar se aproximando;
  • Por fim, o mercado já deve estar estabilizado e crescendo novamente, ao passo que a alta surge e é marcada pelo Bull. 

Maiores Bull Markets da Bolsa Brasileira

Maiores Bull Markets da Bolsa Brasileira

A Bovespa (Bolsa de Valores do Brasil) já mostrou diversos períodos de Bull. Apenas na década de 1960, foram 4 Bulls, ou altas, na Bolsa. 

O primeiro, na década de 60, foi resultado do Milagre Econômico, quando o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu quase 15% anualmente e a Bolsa aumentou mais de 1.200 pontos na em dólares. 

O segundo ciclo está relacionado ao equilíbrio econômico posterior ao Bear Market de 1973, quando por fatores externos internacionais a Bolsa teve uma grande queda. 

Nele, a Bovespa alavancou mais de 1.500% em menos de 3 anos, saindo de pouco mais de 240 pontos em dólares para mais de 4 mil! 

A terceira fase em destaque aconteceu na década de 90, com a abertura do Plano Real, que fez a bolsa alcançar mais de 3 mil por cento em menos de 6 anos. 

 Por fim, o último cenário recente de alta e Bull é datado nos anos 2000, com mais de 2.000% em valorização, até terminar com o desequilíbrio fiscal do Governo. 

É interessante notar que após cada Bull vem o período de queda, ou Bear, seguido posteriormente pelo Bull, condicionando este ciclo infinito. 

Como investir com o mercado em alta?

Investir com o mercado em alta é simples, basta seguir 3 passos principais que citamos abaixo:

1. Mantenha longas posições

Para aproveitar o mercado em Bull, é preciso pensar a longo prazo e montar uma carteira de investimentos diversificada, pensando na possível valorização de cada ativo. 

Por isso, é importante sempre manter uma atitude centrada, com estratégias sólidas a fim de lucrar com o tempo e com a alta.

2. Invista em ETFs

Não fique esperando de “braços cruzados” apenas a alta das ações dentro da renda variável. 

Você pode apostar em outras opções como os fundos de índice, também conhecidos como Exchanged Traded Funds (ETFs). Eles são 

3. Aplique o “Buy and Hold”

Ainda outro modo é aplicar a estratégia de longo prazo chamada “Buy and Hold”. 

Essa estratégia tem o objetivo de comprar ações em momentos de queda e “segurá-las” consigo até os momentos de alta ou supervalorização, perfeitos para venda e lucro. 

O que é o Bear Market (Bearish)?

Bear Market

O “Mercado Urso”, “Bearish” ou Bear Market, como é conhecido, representa a queda ou declínio do mercado financeiro, bem como péssimos momentos para os investidores em renda variável. 

De modo simples, ele é totalmente o contrário do cenário de Bull. O período de queda pode durar dias, meses ou até anos, em expectativas mais pessimistas. 

A origem do termo

Diferentemente do Touro, que ataca de modo ascendente (levantando a cabeça para chifrar), o Urso geralmente ataca com as patas, atingindo o oponente de cima para baixo.

Assim, ele age com sentido da pata em queda, como os gráficos em momentos de crise, representando bem os momentos de baixa do mercado. 

Características do Bear Market

O Bear Market consiste na baixa do mercado, momento em que os preços caem e a procura pela compra de novas ações também é pouca. 

Assim, o cenário torna-se pessimista para as empresas e para os investidores, que não conseguem lucrar com a venda de ações e precisam esperar até o momento de alta. Em resumo:

  • os preços das ações caem drasticamente;
  • os investidores capitulam e entram em pânico quando os indicadores positivos ficam abaixo da média e recolhem seu capital;
  • ocorrem processos de especulação posteriormente no mercado que aumentam os volumes de operações assim como de alguns preços;
  • a queda nos preços das ações desacelera gradualmente, e os investidores voltam a se atrair pelas ações conforme o mercado se equilibra.

Quanto tempo dura o Bear no mercado?

Assim como acontece com o Bull Market, é impossível prever com exatidão ou estipular um período limite para o Bear Market e queda do mercado. 

Porém, analisando os momentos históricos, desde a queda mais brusca e difícil pós Segunda Guerra, a média é de 1 ano e 2 meses (14 meses) de vale até que o mercado volte a reagir. 

Como identificar tendência de bear market?

Basta analisar o cenário global e nacional. Como está a economia? Vai mal ou bem? Se vai mal, a tendência é que os preços das ações caiam e o mercado entre em Bear. 

Por isso, é importante ficar atento às notícias e às tendências do mercado, sempre considerando os fatores externos, como o mercado e as influências de outros países. 

Ainda, outros dados para considerar, são:

  • crises em setores específicos;
  • PIB em queda ou em baixo crescimento;
  • finais de ciclos de commodities;
  • menor número de IPOs de empresas no mercado;
  • e pessimismo e incerteza dos investidores.

Períodos de Bear Market na Bolsa Brasileira

Na Bovespa, já foram vários os períodos de Bear Market, na verdade, sempre posteriores aos momentos de Bull citados acima. 

O primeiro Bear foi na década de 60, com a crise do petróleo dos Estados Unidos, seguido do Bull do Milagre Econômico que havia deixado o Brasil em “festa”. 

O segundo marco foi em 1986, com a decadência do Plano Cruzado, lançado por José Sarney, somado à queda da Bolsa de NY. 

Ainda outra ocasião de declínio foi a crise dos tigres asiáticos, em 1997, junto ao avanço da internet e suas possibilidades de uso. 

Por fim, um momento pessimista bem recente na Bolsa Brasileira foi seguida da crise fiscal do Governo Lula, em meados de 2010.   

Como investir com o mercado em baixa?

Nem tudo está perdido quando o mercado está em baixa. Também é possível lucrar com essas situações. Ainda mais quando se tem uma boa visão a longo prazo. 

A tomada de decisões estratégicas somada à identificação de possíveis vieses comportamentais e uma boa análise fundamentalista serão essenciais para ter sucesso neste período. 

Confira ainda outros pontos que consideramos imprescindíveis para ter um bom desempenho (ou impedir altos prejuízos) durante o Bear.

1. Compre empresas resilientes

Não adianta nada “aproveitar” o momento para comprar ações super baratas de empresas que você não se identifica, não acredita, ou não são resilientes, com perspectiva de crescimento. 

Então, antes de comprar ações só por causa do preço, avalie se elas realmente têm expectativas de desenvolvimento e sucesso. 

2. Diversifique sua carteira

Ter uma boa estratégia de diversificação de investimentos é uma solução inteligente e deve ser considerada desde já, para que enfrentar tempos de “Urso” seja algo mais leve. 

Afinal, imagine que todo o seu dinheiro esteja em ações. Você estaria extremamente vulnerável às oscilações da Bolsa, podendo perder muito dinheiro. 

Mas, se seus ativos são diversificados, distribuídos entre renda fixa, títulos públicos, fundos e até mesmo mercado internacional, suas chances de perder muito dinheiro de uma só vez são mais baixas. 

3. Invista em valor

Além disso, também é importante fazer uma análise fundamentada de mercado antes de escolher quais caminhos seguir. Para isso, utilize o método Value Investing. 

Ele consiste em comprar ações que valem mais do que seu preço real da Bolsa, ou seja,  considerar valor acima de preço. 

Encontre ações que tendem a se valorizar, mas quase ninguém percebeu isso ainda. 

Como os preços caem no Bear Market, essa é uma ótima oportunidade para investir em ações de empresas que você sempre gostou ou admirou e combiná-las à estratégia de Buy and Hold, citada mais acima. 

Bull e Bear Trap: o que significa e como evitar?

Bull e Bear Trap

Bull e Bear Trap representam especulações e expectativas errôneas. Ou seja, quando alguns “especialistas” afirmam que o mercado está para ter um momento de queda ou ascensão, mas as evidências indicam o contrário. 

É muito fácil cair no Trap (armadilha) ao seguir cegamente o que influenciadores do mercado financeiro afirmam. 

No caso do Bull Trap, por exemplo, acontece quando o mercado está ainda se recuperando de um momento de Bear e os especuladores afirmam que, após a queda, determinada ação se valorizará de modo incrível, entrando em Bull. 

Então, muitos iniciantes, e até mesmo intermediários, acreditam nessas especulações e compram as ações. 

Mas, o resultado é o contrário do que esperavam: elas desvalorizam ainda mais, fazendo-os perder dinheiro

E como esses especuladores montam suas teorias? A partir de, apenas, análises técnicas e gráficas. 

Essas análises consistem em considerar apenas os preços e volumes das ações, não o seu contexto como um todo. É justamente aí que está o erro. 

Para evitar essas situações de Bull e Bear Trap, basta considerar todas as características da volatilidade do mercado e somar a outras modalidades de análise, não apenas à gráfica, que pode levar a consequências ruins.

Bear Market x Bull Market: compreenda suas diferenças

De modo simples, Bull Market é o mercado em ascensão ou crescimento, com valorização da Bolsa e alto preço das ações. 

Em contrapartida, o Bear Market representa a queda, ou decadência do mercado em um determinado período de tempo. 

Confira essa tabela completa que desenvolvemos sobre as principais diferenças entre Bear e Bull Market.

Bull MarketBear Market
Mercado em ascensãoMercado em declínio
Investidores otimistas, alta procura de ações no mercado, com baixa ofertaInvestidores pessimistas, baixa procura e muita oferta de ações
Ações com preços altos, valorizadosAções a preços baixos, desvalorizados
Economia nacional e PIB crescem Economia nacional declina junto
Tomar cuidado com o Bull TrapTomar cuidado com Bear Trap

Variações nas taxas de juros

Os bull markets são acompanhados geralmente por taxas de juros baixas. Enquanto as taxas de juros altas estão associadas aos bear markets. 

Taxas de juros baixas tornam mais acessível para as empresas pedir dinheiro emprestado e crescer, enquanto as taxas de juros altas tendem a retardar a expansão das empresas.

Variações na inflação

As taxas de inflação podem representar um problema quando a economia se encontra em plena expansão. 

A alta demanda por produtos e serviços durante um bull market pode fazer com que os preços subam, e a diminuição da demanda no bear market pode desencadear deflação.

Mudanças no PIB

Quando as receitas das empresas estão aumentando e os salários dos funcionários estão seguindo a mesma linha consecutivamente, o PIB pode aumentar, o que permite o aumento dos gastos dos consumidores. Mas em tempos de crise, a queda do PIB pode ser iminente.

Os bear markets estão bastante atrelados a recessões e depressões econômicas. Recessões são formalmente declaradas quando o PIB diminui por dois trimestres consecutivos, enquanto depressões ocorrem quando o PIB diminui em 10% ou mais e a retração dura pelo menos dois anos.

Preços das ações

Os preços das ações aumentam em um bull market e diminuem em um bear market. O mercado de ações em condições de alta está consistentemente ganhando valor, mesmo com algumas breves correções de mercado. 

O mercado acionário em condições de baixa, por outro lado, perde valor ou em último caso mantém-se estável a preços relativamente baixos.

Estratégias de investimento

A estratégia que a maioria dos investidores está seguindo em um período determinado pode ser também um fator determinante. 

Em um bull market, a maioria dos investidores procura trabalhar com uma estratégia de investimento de longo prazo, esperando que as ações continuem aumentando de valor durante um bom tempo.

Mas, em um bear market, mais investidores estão considerando uma estratégia de investimento de curto prazo. 

Muitos optam por vender ações para comprar as ações novamente por preço mais baixo. No entanto, isto nem sempre funciona se o investidor não conseguir superar o mercado. 

Afinal, qual é melhor para investir?

Nós, no Clube do Valor, acreditamos que é interessante investir em ambos, por isso, seguimos e recomendamos sempre o nosso método de investimento Bull Bear, que consiste em separar sua carteira em 2 metades iguais (ou o mais próximo possível disso): metade dos seus investimentos atrelados a cotas na Bolsa brasileira e a outra metade ligada a cotas na Bolsa americana.

Seguindo a nossa estratégia, a metade da sua carteira pode ter um rendimento igual ao da Bolsa brasileira, e dessa forma você tem chances de conseguir o potencial de crescimento que uma economia em desenvolvimento como a do nosso país oferece.

Já com a outra metade de sua carteira atrelada à Bolsa dos Estados Unidos, você poderá usufruir da estabilidade e segurança que uma economia forte como a norte-americana oferece.

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Conclusão

diferenças entre Bull e Bear Market e estratégias

Neste artigo, você entendeu quais as diferenças entre Bull e Bear Market, bem como todas as estratégias e cuidados que deve tomar ao traçar planos de ação em cenários de queda ou ascensão. 

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