O que você acha da ideia de unir uma boa solução de investimentos com tecnologia?
Esse foi o principal assunto de uma conversa muito legal que tive com Felipe Sotto-Maior e Daniel Resende, os fundadores da inovadora fintech Vérios Investimentos, presente no mercado financeiro há 7 anos.
O Daniel e o Felipe são grandes conhecedores das principais estratégias e técnicas de investimentos e têm muito o que ensinar a todos!
Nesta entrevista exclusiva realizada com eles, que você pode assistir abaixo, você encontrará dicas preciosas tanto para quem está começando sua trajetória como investidor, como para os que já investem há mais tempo, mas que estão sempre abertos a novos conhecimentos.
Foram tratados diversos pontos, como…
- Como o pequeno investidor deve encarar seus investimentos;
- Uma poderosa maneira de encarar a imprevisibilidade do mercado financeiro;
- Como automatizar seus investimentos;
- Como funciona a “carteira inteligente” da Vérios;
- Sugestões de ótimos livros de investimentos;
Interessante?
Então nos ajude a divulgar esse rico bate-papo, compartilhando este artigo na sua rede social favorita:
ENTREVISTA COM A VÉRIOS INVESTIMENTOS: OS PRINCIPAIS PONTOS
Ramiro Gomes Ferreira: Eu conheci o trabalho da Vérios há alguns anos, com a ferramenta de comparação de fundos de investimentos, que eu utilizava bastante no meu antigo trabalho, como analista de ações.
Na época, comecei a acompanhar também o blog deles, que é muito legal e recomendo que todos conheçam.
Agora, eles estão com uma ideia muito inovadora, capaz de revolucionar o mercado financeiro.
Mas, enfim, vou deixar que eles se apresentem melhor.
Felipe Sotto-Maior: Muito obrigado pela oportunidade de falar com os leitores do Clube do Valor.
É engraçado você mencionar “há uns 3 anos atrás”, porque o que estamos fazendo hoje é um serviço que começamos a desenvolver há pouco mais de um ano e meio, mas temos toda uma bagagem no mercado financeiro justamente nessa linha da transparência e do acesso à informação, de tentar reduzir os conflitos de interesses.
Sabemos que o mercado financeiro é bem complicado para quem não é especialista.
A CVM e a ANBIMA sempre falam que você tem que entender bem o mercado para poder investir. E a gente vê isso como problema, porque a maioria das pessoas não quer entender bem o mercado, nem tem tempo para isso, mas querem ter o direito de investir também.
Lá atrás a gente criou o “comparação de fundos”, por conta de outro projeto que a gente estava atuando, e sentia falta dessa informação ser fácil.
Comparar o fundo de um banco com outro, de um banco com uma casa independente.
E, a partir desse site, a gente começou a ter muito contato, comum monte de gente que pedia ajuda para investir.
Na época, nosso foco não era atender pessoa física.
A gente começou a desenvolver, atender essas pessoas e nos credenciamos na CVM como distribuidores de produtos financeiros.
Começamos a atender e identificar outros vários problemas que as pessoas sentiam no dia-a-dia delas com investimento.
E fomos criando várias ferramentas para resolver todos os problemas que percebíamos.
Tudo na linha de facilitar a vida do investidor: facilitar o processo de cadastro, facilitar o processo de escolha, a comparação dos produtos, a compreensão dos produtos.
Foi nessa época que criamos também um blog, onde a gente divulga bastante informação, sempre na linha de ser transparente, e ser fácil também.
Não adianta você botar a informação transparente lá e o leitor não entender, né?
Mas em 2014, final de 2014 a gente estava vendo que essa coisa de investir via fundo ainda representava uma serie de dificuldades, problemas operacionais, o fundo mudar de perfil, o cliente fica inerte lá dentro…
E a gente começou a trazer para o Brasil uma solução diferente de investimento, que envolve automação, focada nessas necessidades da pessoa física.
Não vou entrar em muito detalhe agora, porque a gente vai ter oportunidade de falar dela um pouco mais para frente na conversa.
Ramiro: Ótimo, muito legal mesmo.
Então vou começar aqui já a entrevista.
Você Já contou aí da história de vocês no mercado financeiro e a origem da Vérios e falou bastante sobre a questão do investidor, da CVM, da ANBIMA falarem que sempre tem que fazer uma análise antes de investir.
Você falou também que de fato as pessoas que não trabalham no mercado muitas vezes não tem nem tempo, tampouco interesse, em fazer grandes pesquisas antes de investir.
Nesse sentido, eu queria saber…
Qual a forma que vocês acreditam ser a mais sensata para o investidor encarar os seus investimentos?
Felipe: Olha, depende muito do perfil e do objetivo, né?
Uma coisa que a gente vê muito é uma distinção que falta ser feita no Brasil, entre a especulação e o investimento.
Então, tem muita gente que fala “ah, eu quero investir para maximizar meus ganhos” sem entender o que é isso.
E, na verdade, não é nem o investidor que erra.
É a campanha publicitária no mercado financeiro é muito complicada, né?
E aí o pessoal cita muito aquele livro muito famoso “Os Axiomas de Zurique”, também, que tem algumas posições bem extremas, assim. E eu adoro citar esse livro também.
Principalmente, adoro quando a outra pessoa levanta para eu só responder. Porque é um livro que ele, na primeira página, fala “esse livro é destinado aos especuladores, não aos investidores”, né?
E aí ele faz uma distinção entre isso. E a gente, no dia-a-dia, esquece de fazer.
Então o especulador é esse cara, quer maximizar os ganhos, está disposto a correr riscos grandes, também, está disposto a perder dinheiro, bastante dinheiro, às vezes.
E não é muito esse cara que a gente costuma atender aqui na Vérios.
O que a gente está falando é do investidor mesmo, que é esse cara que precisa poupar. É um investidor que é um poupador. Que está guardando dinheiro ao longo do tempo.
Ele não quer ficar rico investindo, ele já percebeu que isso aí não existe, ficar rico investindo.
A gente encara investimento como uma forma eficiente de transferir dinheiro de um momento da sua vida para outro momento.
Então você está, ao longo da vida, juntando dinheiro para num determinado momento poder entrar numa fase de gasto desse dinheiro.
E para esse cara, você tem aí a forma que, eu diria, que é a mais sensata de encarar um investimento: com cautela, procurando diversificar o tipo de risco que você corre.
O tipo de oportunidade que você tem, que você pode aproveitar enquanto os mercados balançam, aceitar a imprevisibilidade, né?
Até na renda fixa a gente tem surpresa, né?
Tem congelamento de poupança, tem quebra de instituição financeira…
Você tem que tentar limitar o quanto você está disposto a perder para tentar ter um “quanto de ganho”, e entender que essas coisas acontecem. Aceitar que ninguém sabe o futuro.
Então nenhum profissional – e está cheio de gente prometendo que vai saber o futuro – sabe qual é o próximo passo.
Se alguém soubesse o melhor investimento para o ano que vem, ou o que vai render mais, ele não estava te atendendo.
Esse cara simplesmente ganharia o dinheiro dele. Ele faria um empréstimo enorme e apostaria todo dinheiro dele nisso. Em um ano, ficava rico.
É muito fácil ver o investimento que mais rendeu no ano passado e achar “putz, eu errei, devia estar com todo o meu dinheiro nisso”.
Isso não existe.
Então, o investidor deve aceitar essa imprevisibilidade e saber ficar numa posição otimizada para encarar isso.
Ramiro: É, exatamente. Acho muito legal essa visão de vocês. Vai muito, assim, na linha de qual é a minha visão sobre mercado.
E, de fato, a gente vê que tudo que é projeção financeira costuma estar equivocada.
Em 2014, por exemplo, ninguém falava em dólar a três, quatro reais, que chegou hoje. De jeito nenhum.
Os mais pessimistas falavam no dólar a dois e meio.
E começou a subir, foram começar a falar “Vai a quatro, vai a cinco, vai a seis”.
E já foi considerado como se fosse o grande investimento pro ano e a gente está vendo essa volta aí, nesse ano.
Mostrando que, de fato, ninguém tem esse dom de prever o futuro.
Acho muito legal esse trabalho que vocês fazem de educação do que é investimento de verdade, né?!
Daniel Resende: E é interessante que depois que acontece, todo mundo fala que previu o futuro no passado.
Olha, eu falei que isso ia acontecer. Daí pega das 200 coisas que falou, pesca lá que acertou e fala “olha, eu disse”.
E todo mundo sabia que o dólar ia a quatro agora.
Ramiro: Exatamente. É eu vejo, vocês trabalham muito legal esse conceito de investimento.
E traz esse gancho para diversificação de carteiras, que é uma ideia muito importante, né?
Eu até observo muitas pessoas que têm a consciência de que é importante investir, que entendem que especular não é um negócio para todo mundo, ou para ninguém.
E mas que, mesmo assim, cometem muitos erros.
Vão lá e pensam “agora eu vou investir em ações”. Ouve alguém falar “não, aqui, OGX é O papel que você deve investir”.
Daí vai lá, compra todo o dinheiro para botar em ações em um papel só.
Não interessa se é a OGX, foi só um exemplo.
E todo o dinheiro investido vai lá numa empresa.
Independente, pode cair bastante, pode cair muito.
Ou seja, elas não diversificam e o resultado quase sempre são grandes perdas financeiras.
Por isso eu queria fazer esse gancho e saber:
Qual a visão de vocês sobre o tema diversificação de investimentos?
Daniel: A gente fez uma abordagem um pouco diferente
Diversificar não é simplesmente colocar… escolher vários papéis diferentes, vários ativos diferentes e colocar um pouquinho em cada.
A gente vê muito no mercado falando “ah, põe 50% aqui, põe 20% aqui, põe 30% ali. Pronto, você está diversificado”.
A gente fez uma análise mais profunda. Não importa olhar só um ativo individualmente.
Porque a economia, o mercado financeiro, é tudo um sistema interligado.
Então, muitas vezes o dinheiro sai de uma classe de ativo, sai de um ativo e vai para o outro. E a soma desse movimento não é uma soma zero.
Como que eu vou calcular, como que eu vou olhar a diversificação, partindo do princípio que o dinheiro vai circular entre os ativos, mas esse dinheiro pode permanecer dentro do sistema.
A nossa diversificação leva em conta que as classes são como vasos comunicantes, e que tem canos que levam o fluxo de dinheiro de uma classe para outra.
Então a gente matematizou esse problema.
E é uma coisa que, provavelmente, só dá para resolver agora. Porque se precisa de bastante capacidade de computador para fazer esses cálculos.
Então a gente olhou para diversificação do ponto de vista matemático.
Então, por exemplo, a carteira inteligente, ela tem cinco classes de ativos.
Ela não tem cinco ativos, ela tem cinco classes.
Então, hoje a gente tem pós-fixado, que é atrelado à Selic, prefixado, que é o juros prefixado, a inflação, que é atrelada ao IPCA, bolsa brasileira e bolsa americana, que a gente pode até argumentar que tem duas classes aí, bolsa americana e dólar.
Então, como que essas classes, com o passar do tempo, performam junto?
Como elas se comportam de forma conjunta, e não olhando individualmente para elas, porque não existe elas individuais.
Elas estão presas numa economia, presas num sistema econômico, elas estão juntas.
Então a gente olhou a diversificação, simultaneamente, de todos os ativos para, aí sim, conseguir calcular uma utilização que eu não vou ficar correndo atrás de recompor.
A gente pega todas essas classes, um pouquinho delas, de uma forma eficiente. Mas é um assunto sempre complexo de fazer.
Como que você mensura, como você quantifica quão diversificado você está?
Acho que essa é uma das partes mais etéreas, mas também mais interessantes da carteira inteligente.
Felipe: É. Uma coisa que o Daniel gosta bastante, que ele é o nosso gênio da matemática financeira.
Passa o dia melhorando os detalhes dos algoritmos para ir espremendo uns ganhozinhos a mais aqui e ali de otimização, tanto de curso, tributação, etc.
A gente começou olhando para essa diversificação, pensando quais classes faziam sentido o gestor brasileiro estar posicionado.
Então você tem todas essas cinco classes aí que o Daniel mencionou, sendo que uma delas acaba sendo um combo entre bolsa americana e o dólar.
E tinha ainda, também, o imobiliário.
Uma coisa que muita gente sente falta e fala “poxa, a carteira da Vérios não tem um ativo atrelado ao mercado imobiliário”.
A gente queria atender um público grande, a pessoa que não tem muito dinheiro ainda, também. Então a gente foi ver ativos que tinham um lastro praticamente infinito, né?
Que, se eu começar a ter muitos clientes, não vai faltar para os clientes comprarem.
Procuramos por ativos que tinham liquidez, ou seja, que se um cliente precisasse vender esse ativo, isso sai rápido.
Ativos que tinham preço, o custo de aquisição e manutenção que fosse baixo também.
Porque custo tem impacto muito grande aos longos anos, a gente estava tirando a carteira sempre pra visões de longo prazo, de médio para longo prazo.
Ativos que tivessem uma grande aderência ao mercado que a gente quer representar, né?
Então foi aí que, por exemplo o fundo imobiliário caiu.
Porque a gente não tem, no Brasil, nenhum ativo que represente o mercado imobiliário.
O fundo imobiliário no Brasil tem uma alta correlação com a bolsa de valores, né?
Então na hora da matemática, quando a gente põe no modelo lá, fala “oh, isso aqui é ineficiente. Não vale a pena ter esse produto”.
Por mais que tenha a questão do pagamento periódico, sem IR, né? Então a gente foi caindo nisso de uma forma bem integrada.
E sempre pensando em como utilizar vários fatores diferentes, né?
Ramiro: Uhum. Muito interessante esse conceito de carteira inteligente de vocês. E saber que tem todo um estudo altamente intelectualizado por trás.
Um monte de cálculo de correlação que eu já estou imaginando aqui…
E o resultado sendo essas carteiras inteligentes, né?
Vou aproveitar e já vou fazer esse gancho para falar sobre essa plataforma de carteira inteligente.
Vocês podem explicar, para os leitores do Clube do Valor, o que é esta plataforma que vocês estão lançando essa semana? Comentar como ela funciona e como eles podem utilizar ela…
Felipe: Te deixar o convite, Ramiro, para quando você vier no nosso escritório aqui no Cubo, você dá uma olhada com o Daniel nos gráficos que ele tem acesso na plataforma de cálculo disse e ele utilizando.
Você vai pirar, assim, de ver a quantidade de dado que ele consegue ter rápido, fácil, na mão.
É impressionante.
Mas sobre a carteira inteligente: como ela é e como ela funciona na prática?
Pensando um pouquinho primeiro no ponto de vista do cliente: o cara já percebeu que no banco ele estar investindo é furada, a recomendação é furada.
Só que só de pensar em ir para esse mundo de corretora, o cara já tem preguiça, ou ele tenta dar aquele primeiro passinho e abre a conta, e aí chega aquele monte de pop-up, de mensagem, de e-mail “compre isso, compre isso, compre isso”.
Muita gente congela mesmo, assim, por insegurança do que está fazendo.
Então a gente está focado nesse cliente, que não quer ser um expert, não tem tempo para ser um expert.
Ele chega no nosso site, vai responder algumas perguntas para gente identificar o perfil dele, qual é a relação dele com dinheiro e risco. Perguntas bem tranquilas, bem fáceis, assim, não vai travar em nenhuma delas…
A gente vai, a partir das respostas dele, recomendar uma carteira.
Todas as carteiras são muito semelhantes, tem todo esse trabalho da escolha dos ativos.
E aí, na matemática, a gente faz o ajuste de risco, de perfil de risco de cada uma dessas carteiras.
Hoje a gente trabalha com cinco perfis diferentes.
A gente faz um ajuste da volatilidade esperada dessa carteira, para cada perfil. E aí disso decorre a locação e a rentabilidade esperada.
Na hora que o cliente, no site, viu essa alocação recomendada, aí sim, ele pode ter a conta. A gente não pede para ele criar a conta, nem virar cliente, antes de dar a informação respondendo nada na parte fechada.
Se ele gostar, ele cria a conta e vai criar login na Vérios, uma conta financeira na corretora parceira da Vérios, que hoje é a Rico, e vai assinar com a gente o contrato de gestão, é um mandato de administração da conta dele.
Então é como os milionários fazem com produto, carteira administrada, né?
Que não é um produto empacotado, é um serviço de gestão da sua conta.
A gente faz isso com o cliente hoje, a partir de 50 mil reais, temos aí a ambição de ir baixando essa barreira, com o tempo.
Mas, na prática, o que acontece?
Você tem a sua conta, com o seu CPF, todos os ativos estão no seu CPF, é registrada na Bovespa no seu CPF, então se a Vérios quebrar, você vai perder, no máximo, o serviço de gestão, mas o resto dos seus investimentos estão lá.
E se a corretora quebrar, você também não vai perder os seus investimentos, porque eles estão na Bovespa no seu CPF.
No máximo a gente deixa entre 50 e 100 reais em caixa, dependendo das taxinhas que vão vencer, para gerenciamento.
Mesmo a corretora quebrando, o máximo que estaria em risco seria esses 50 reais.
Então, os ativos estão todos protegidos.
E essa questão do caixa é muito legal também, porque é trabalhoso para quem investe sozinho, ficar gerenciando esse caixa.
“Quando é que vai vencer uma taxinha? Quando é que vai pingar um juro? Se eu botar um dinheiro agora vai vencer no dia 18, mas se eu botar um dinheiro agora, vale a pena eu investir, desinvestir até lá? Quanto que vai dar a rentabilidade?”
Isso tudo para um computador calcular é muito fácil.
E o Resende passa aí os dias otimizando esse tipo de coisa.
Então, a partir de quando ele define os parâmetros, com a equipe de estratégia de investimento aqui, o robô passa a reproduzir esses parâmetros em cada uma das contas individualmente.
Então, para você o que sobra de trabalho é: abrir a conta, mandar o dinheiro.
Mandou uma vez o dinheiro, o robô vai dividir lá entre as cinco classes de ativos.
Ele vai comprar, na prática, sete ativos, porque a parte de prefixado de inflação tem uma otimização com duration, que é o prazo que falta para o vencimento.
Então a gente sempre combina dois vencimentos diferentes, para gente ficar o mais próximo possível do duration targeting dessa carteira.
E você depois, principalmente a partir do segundo aporte, é que você vai sentir muita diferença. Porque aí você tem preocupação zero, atrito zero.
Se você quiser programar no seu banco a transferência recorrente, para sua conta na corretora, o dinheiro vai pingando, a Vérios vai dividindo isso. Vai sempre lendo como é que estão as posições, usa o dinheiro novo para reequilibrar a sua carteira.
Mais importante do que fazer o plano, a gente te ajuda a manter o plano daí para frente.
Daniel: Principalmente nessa parte de inflação e prefixado, a medida que os dias vão passando, você comprou um título mais longo, ele vai ficando cada dia mais curto.
Então a gente olha para isso também.
Quando chega em algum momento que ele encurtou mais do que o tanto que é um parâmetro no sistema, a gente começa a vender os títulos mais curtos e colocar um pouquinho de título mais longo.
Ou se você depositou, ao invés da gente comprar a mesma proporção de título curto e longo, a gente compra um pouco mais de títulos longos.
Então a gente consegue manter o equilíbrio em várias dimensões do investimento.
A gente leva em conta para fazer esses cálculos quanto custa o rebalanceamento e qual que é o benefício desse rebalanceamento.
A gente olha para o imposto “oh, talvez, daqui a um tempo, a alíquota vai começar a cair um pouco mais, só vale a pena fazer o rebalanceamento pós-queda de alíquota, e não pré-queda de alíquota”.
Então você começa a ver uma serie de detalhes operacionais do negócio que, sinceramente, se não tiver um robô fazendo tudo isso, é impossível de você gerenciar.
Era impossível para gente antes gerenciar isso, mas agora com um robô que olha sempre para os mesmos parâmetros para todo cliente, a gente consegue fazer isso de forma acessível.
Então é bem tranquila essa parte.
Ramiro: Muito legal. Então o investidor, basicamente, preenche um questionário para pegar seu perfil de risco, e já sai uma carteira otimizada para ele, ele cria conta na corretora, põe o dinheiro lá e pode descansar, que o dinheiro vai estar bem investido, é isso, né?
Daniel: É essa a ideia. Acabou.
Felipe: E ele tem acesso pelo computador, tablet, celular.
Nosso site, não é um aplicativo ainda, é na web, um aplicativo web.
Então entra no site, faz o login e ele consegue monitorar essa carteira de um jeito que, até várias pessoas falaram “nossa, nunca consegui ver com tanta clareza onde estava o meu dinheiro e quanto estava rendendo”, né?
Porque tem isso também.
Você vai para investidor direto para esse tipo de título, você não sabe mais a rentabilidade.
Você perde aquela sua linha histórica de rentabilidade, porque a qualquer hora ela vai te apresentar os saldos atuais, esse tipo de coisa.
Então na Vérios a gente consolida.
Isso aí é um trabalho que a gente trouxe do aprendizado da comparação de fundos, da carteira online que a gente fazia antes, que era um consolidador de investimento, então ele consolida o resultado de tudo isso.
E uma coisa que é um diferencial, joga contra a Vérios, assim, num primeiro momento, mas a gente quer explicar a forma correta.
A gente te mostra ali também que vai descontando todos os custos, todos.
Então pode parecer, às vezes, até um pouquinho menor, mas é a ação em rentabilidade real, que é uma coisa que o mercado financeiro, você não vai ter em quase nenhum lugar.
Então você tem o tesouro direto numa taxa semestral, o Resende fez lá as contas disso com algoritmo e aí desconta dia a dia, todo dia útil, que é útil ou todo dia corrido, não sei agora… desconta dia a dia…
Daniel: Dia corrido, agora fim de semana e feriado não conta.
Felipe: Alguns ativos são só dia útil e outros são dias corridos.
Eles contam dia-a-dia o proporcional dessa taxa semestral, da sua rentabilidade, para você não achar que tem mais do que você tem.
Vai provisionando isso numa linha de custos provisionados, que aí quando cair a taxa na sua conta, você vai pagar sem ter um baque de rentabilidade para baixo, que aí você tem na sua experiência em outros lugares.
Ramiro: Sim, sim. Muito legal. Bem legal mesmo. Alguns clientes de consultoria aqui, muitas vezes vêm, mostram os extratos, previdência, investimentos, e quando vão fazer o resgate ficam indignados. “Como assim? Eu tinha x e não 0.8x”.
É mostrado o bruto. Então vocês, também, facilitam. Deixam mais transparente, acho que é essa a palavra, né?
Felipe: Exatamente. É mostrar a realidade como ela é, porque o mercado é muito mais focado em mostrar a realidade que pareça mais atraente, e não aquilo que realmente está acontecendo.
Daniel: E até bastante o mercado é remunerado pelas transações, pelas compras e vendas.
Aqui a gente faz o contrário.
Como a gente reduz a quantidade de transações, como a gente tem menor operações de compra e venda possíveis.
Porque, para ser sincero, quando tem compra e venda o dinheiro não fica com o cliente e não fica com a gente.
São terceiros que ficam com esse dinheiro.
Então, uma das premissas do sistema é como a gente atravessa uma experiência de investimento, que vai durar anos, com a menor quantidade de transações possíveis?
E com a menor quantidade de impostos recuperáveis sem perder esse dinheiro.
Então, se eu fizer muita venda num curto prazo, vou sempre estar em alíquotas altas do imposto de renda, e eu vou sempre gerar taxas.
Então, quando a gente foi otimizar, a gente levou em conta isso na otimização.
Eu não quero ficar pagando corretagem, eu não quero ficar pagando imposto de renda desnecessário.
Então, o sistema é feito ao contrário do que muitas vezes é feito no mercado.
Porque muitos são remunerados por corretagem.
A gente diz “oh, a gente não quer pagar corretagem”. Somos exatamente o contrário.
Ramiro: Sim. Então é bem alinhado, né? Os interesses de vocês com os do cliente?
Felipe: Sim. A gente, inclusive, também fez uma aposta, aí, na forma de remuneração.
Eventualmente, a gente recebe muito elogio e muita crítica por esse ponto.
Ele é um ponto polêmico, assim, acima de tudo.
Porque a gente fixou um custo final para o cliente e deixou a nossa remuneração variável.
Então, tudo que você vê por aí é mais ou menos assim “vou te cobrar 0,5 ou 1% ao ano e os custos correm por sua conta”, né?
Principalmente em carteira administrada, que o gestor fica gerenciando essa carteira e os custos correm por conta do cliente.
A gente fixou o custo total para o cliente, no valor.
E aí a gente assume todos os outros custos que vem por baixo.
Isso inclui, assim, então no custo total não é o que a Vérios vai te cobrar.
O valor que a gente divulga de custo no site já inclui a remuneração da Vérios, a remuneração da corretora, as taxas de custódia da Bovespa, então ainda tem 0,30% que costuma estar lá, a custódia que a corretora coloca, as corretagens, a taxa de administração dos ETFs.
Então tudo que é custo já está naquele pacote ali.
O que a gente faz é: a gente consegue ler pelo robô tudo que você pagou, para todos clientes, nessa estrutura, calcula a taxa que a gente está te propondo e cobra essa diferença.
Então você acaba que, dependendo do volume da carteira do cliente, esse valor pode oscilar, mas o teto fica fixo no custo que a gente propõe.
E aí se ficar maior aqui, a gente recebe menos, se ficar menor a gente recebe mais.
Então a gente não tem interesse nenhum em tirar a carteira, gerar prejuízo, esse tipo de coisa.
Ramiro: Muito legal. É difícil ver um pessoal assim, com uma proposta tão transparente, ainda mais no mercado financeiro, né? Meus parabéns.
Felipe: Obrigado, Ramiro.
Ramiro: Maravilha. Então agora, só mudando um pouquinho de assunto, explicado esse produto bem legal de vocês, que está estreando agora.
Como o pessoal que está assistindo já deve ter percebido, vocês têm um conhecimento muito grande a ser divulgado para as pessoas.
Têm muito que ensinar e educar interessados em finanças, investimentos.
Então eu queria saber:
Quais livros vocês indicariam, para quem está iniciando nessa vida de investimento, quem quer saber mais sobre finanças?
Daniel: A essência do investimento é você levar dinheiro do presente para o futuro.
E a partir do momento que você abre mão de usar no presente, você consegue receber um pouco mais no futuro.
Então, um dos caras que abordam muito bem esse assunto é o Eduardo Giannetti no livro “O valor do amanhã”.
Ele não vai falar quase nada de número, não deve ter número no livro dele, fora a marcação de página.
E ele fala muito bem sobre essa dinâmica, que é a base do investimento.
Então, esse é um bem legal.
Felipe: Um parêntese. A gente tem um artigo no nosso blog chamado “Raízes Biológicas dos Juros”, que é um resuminho de um trecho desse livro, muito bom, do Eduardo Giannetti.
Daniel: É, acho que do primeiro capítulo do livro. Que é bem interessante né?
Para você ter uma ideia, tipo, na natureza, você come e armazena energia, essa é uma forma de investimento.
Você vai gastar essa energia no futuro.
Por outro lado, também tem o custo de manutenção do seu corpo.
Uma árvore que perde folha no inverno, ela está evitando gastar energia no momento que ela vai ter pouco retorno.
Então ele explora um pouco essas raízes biológicas dos juros. É bem interessante. Mas ele tem uma parte, talvez aí um pouco mais matemática.
Nate Silver, em “O Sinal e o Ruído”, ele fala bastante da imprevisibilidade como a gente está falando de levar para o futuro, a gente tem um problema que o futuro é incerto.
A gente não tem a mínima ideia de como vai ser o futuro e, ainda assim, você tem que navegar nele, porque você não tem escolha, você vai enfrentar ele.
Então o Nate Silver tem bastante coisa legal nisso.
O blog dele é incrível o “Five ThirtyEight”.
Ele tenta entrar nuns assuntos outros assuntos, como política,, então é bem interessante.
Tem um cara que a gente andou lendo por aqui que é o Richard Thaler. Ele vai falar mais de erros comportamentais que as pessoas, que nós sofremos e nem percebemos.
É interessante quando você vai lendo o livro e vai se identificando em várias esferas da sua vida, um monte de besteiras que você faz e você nem sabia que você fazia.
É bem interessante esses caras.
Tem bastante gente dessa área comportamental, Dan Ariely, Daniel Kahneman.
Tem bastante gente aí que está explorando esse assunto, que está crescendo forte agora.
Felipe: Posso acrescentar um autor, aí, muito bom, também, que a gente gosta? É um cara chamado Carl Richards. Ele escreve uma coluna no The New York Times chamada “The Sketch Guy”, porque ele sempre explica um conceito de planejamento financeiro num rascunho de guardanapo.
E aí ele tem dois livros muito bons, o blog dele, tudo vale a pena seguir, o cara é muito bom.
Ele tem dois livros muito bons, um que chama “The Behavior Gap”, que fala sobre a diferença… ele fala o mercado… os investimentos têm, em media, um determinado valor, os investidores têm, em media, um outro valor.
Esse gap aqui, essa diferença é o Behavior Gap, você ficar tentando acertar, e aí comete esse erro de entrar atrasado, sair atrasado.
Enfim, ganha menos porque fica tentando ganhar mais.
E o outro livro dele, muito bom também, é o “The One page Financial Plan”, em que ele fala sobre ter um plano financeiro…
O foco dele é isso, e ele é muito bom nisso.
Ele fala que um bom planejamento financeiro é tão emocionante quanto ficar vendo a grama crescer.
Que você chega, planta, tem um trabalho no começo e depois é só ficar monitorando.
Não tem grandes trabalhos e não vai ter grandes surpresas.
Você aceitou a imprevisibilidade em algumas coisas, você sabe que se acontecer o cenário x, você vai ter a consequência y, e assim por diante, não tem susto.
Um bom investimento mesmo, para vida, deveria ser alguma coisa que você não passa nervoso.
Então é isso que a gente tenta trazer. Esse cara, para mim, é um cara que tem muito, também a ensinar para o cliente.
Ramiro: Bem legal. Até já anotei aqui algumas dessas dicas, já vou atrás.
Tenho que ir depois desse vídeo.
Legal.
Foi um grande prazer fazer esse bate-papo com vocês.
E acredito que vocês, também, acrescentam muito valor aos leitores do Clube do Valor.
E o pessoal vai gostar bastante desse vídeo, tenho certeza.
É muito conhecimento em alguns minutos.
E, pô, eu fico muito feliz pela oportunidade de poder conversar com vocês.
E queria deixar agora um espaço aberto para vocês darem uma última mensagem que vocês queiram deixar pros leitores do Clube do Valor.
E é isso aí, muito obrigado.
Felipe: Ramiro, obrigado você pela oportunidade.
A gente também já acompanha seu trabalho há algum tempo.
A gente trocou alguns e-mails aí, nos últimos meses.
Eu acho que esse tipo de trabalho está em falta, tem que ter mais gente fazendo isso.
Falando de investimento, menos no interesse, mais transparência.
E eu não sei se o Resende tem outra mensagem para deixar, vou deixar a minha.
Se você for pegar dica de investimento ou recomendação, seja profissional ou não, procure saber onde a pessoa está ganhando dinheiro, como ela ganha, quais são os critérios, qual é o incentivo.
Porque isso é o principal.
No Brasil, a gente tá acostumado a falar com vendedor de loja: ele fala que a roupa ficou linda, que combina com seus olhos, é ideal para você, etc.
E a gente tem um filtro pessoal com relação a isso.
A gente dá uma descontada no que a pessoa tá dizendo.
Aí vai num consultor financeiro, num gerente de banco, e acha que o cara tá trabalhando no seu melhor interesse, que ele é o seu personal stylist.
Ele não é, né?
Ele é um vendedor também, de alguma instituição, ele é remunerado, acha que tem incentivos que, às vezes, não são alinhados com seus interesses.
Então, não estou nem falando mal de um ou de outro específico.
Procure saber como a pessoa ganha dinheiro, quais são os critérios.
Se você entender isso, você pode ficar mais tranquilo daí para frente.
Daniel: A carteira inteligente, eu acho que ela é a solução real que contempla mais fatores.
Ela olha para rentabilidade, ela olha para o risco, ela olha para diversificação, ela olha para o custo, ela olha para tributação, ela olha para liquidez.
Acho que sempre vai ter alguém, em algum ponto desse, melhor.
Um cara que se destaca pela liquidez, se destaca pelo melhor risco e tal.
Mas acho que, dificilmente, alguém conseguiu unir todos os fatores, juntos em uma solução de investimento.
Acho que essa é a mensagem da carteira inteligente, para isso que ela foi criada.
É uma solução real, que contempla todas as esferas de investimento possíveis. É isso aí.
Ramiro: Eu agradeço, novamente, aí, vocês pela participação.
Vou deixar aqui um link para carteira inteligente na descrição do vídeo.
Para vocês conhecerem, para quem está assistindo agora conhecer o trabalho, muito legal, do Felipe e do Daniel.
E é isso aí, então, pessoal.
Agradeço, novamente por essa transmissão, aí.
Pelo tempo dedicado para ajudar os leitores aqui do Clube do Valor!
E desejo aí uma boa semana para vocês.
Daniel: Também! Um abraço!
Felipe: Um abraço para você e para os seus leitores também. Um abraço.