Fazer uma boa análise de ações é essencial para quem quer investir na bolsa de valores.
Afinal, se você já é um investidor em renda variável, você já sabe: ganhar dinheiro nesse mercado é muito difícil.
Aliás, aqui até cabe fazer uma pergunta bem pertinente para você:

Quanto dinheiro você já perdeu investindo em ações por conta própria?

Eu sei.
Esta questão pode até soar meio agressiva.
Mas preciso ser realista com você: a maioria dos investidores perdem dinheiro investindo em ações.
E isso é fato.
Sobretudo quando estamos falando de investidores iniciantes.
Afinal, estamos falando de renda variável e, aqui, as flutuações diárias do mercado mexem muito com o psicológico do investidor.
As causas desse problema?
São várias, eu diria.
Mas as principais são:

  • A falta de conhecimento;
  • A falta de inteligência emocional; e
  • A falta de uma boa estratégia de análise de ações;

Eu daria um peso ainda maior para a terceira causa.
Afinal, com uma boa estratégia de investimentos você consegue vencer a ignorância e, ainda, tirar o emocional do jogo.
Esse cenário, apesar de preocupante, é bem fácil de se entender.
Por sinal, foi assim que eu comecei: investindo sem ter nenhuma estratégia por trás da minha tomada de decisões.
Claro: eu estava empolgado com a possibilidade de enriquecer rapidamente investindo em ações.
Foi este o sonho que algumas corretoras e analistas de mercado despertaram em mim.
Em suma, eles me convenceram a investir com pressa.
Me convenceram que o importante era “investir” e não “investir racionalmente”.
Assim, eu investia sem fazer qualquer tipo de análise de ações.
Não preciso nem dizer que, desta forma, eu perdi muito dinheiro.
Mas foi maravilhoso ter perdido muito.
E eu falo que foi “maravilhoso” porque as perdas me tiraram da zona de conforto.
Em vez de ficar me lamentando, eu fui atrás de conhecimento.
Li dezenas de livros sobre o assunto, me tornei sócio de uma gestora, virei gestor e lancei meu blog de investimentos e canal no youtube para compartilhar os conhecimentos que venho adquirindo no mercado financeiro.
Aliás, se você quiser conhecer os 12 MELHORES canais de finanças e investimentos no youtube, leia agora esse artigo!
Ao longo de toda esta jornada de estudos, acabei conhecendo as melhores estratégias de análise de ações do mundo.
E, enquanto cada uma delas possui suas peculiaridades, todas são embasadas na mesma filosofia: o investimento em valor.
É esta a filosofia que os maiores investidores do planeta seguem.
Warren Buffett investe assim.
Joel Greenblatt investe assim.
Benjamin Graham investia assim.
E todos os investidores que almejam ganhar bastante dinheiro no mercado, no longo prazo, devem investir assim.
Neste artigo, vou mostrar tudo que você precisa saber sobre análise de ações.
Ao final da leitura, você entenderá porque eu sigo o método de investimento em valor e porque eu não gosto dos demais métodos de análise.
Então, continue lendo este artigo e aprenda mais sobre:

Ao final da leitura, você estará absolutamente pronto para escolher sua estratégia preferida e investir que nem os profissionais.
Então, vamos lá!

A ESSÊNCIA DA ANÁLISE DE AÇÕES

O mercado de ações é fascinante!
É um local que reúne diferentes participantes com um único objetivo em comum: ganhar dinheiro.
Ainda assim, não existe um caminho único para alcançar este objetivo.
Diferentes participantes utilizam diferentes estratégias na busca da otimização do retorno de seus investimentos.
Curiosamente, a maioria deles falha nesta missão.
E a maioria destas falhas está ligada ao mesmo fato: os participantes se esquecem do conceito-chave da análise de ações.
Este conceito é tão simples quanto importante.
Preste atenção nele:
“Uma ação representa um percentual do capital de uma empresa.”
Vou até repetir, destacando, para você se prender ao conceito:

Uma ação representa um percentual do capital de uma empresa

Ao comprar ações da Ambev, por exemplo, você se torna sócio dela.
Você tenderá a ver o seu investimento se valorizar se a ambev vender mais cerveja, aumentar a sua lucratividade e expandir as suas operações.
E por mais simples que seja este conceito, é muito fácil de nos esquecermos dele.
Afinal, ao começarmos a investir somos tão bombardeados por notícias, estratégias e “oportunidades imperdíveis” que acabamos deixando de lado a ideia de que por trás de uma ação há uma empresa.
E ao nos esquecermos disso, acabamos nos afastando da essência do investimento em ações: se tornar sócio de boas empresas.

Investir em ações = Se tornar sócio de boas empresas

As empresas negociadas em bolsa são que nem quaisquer empresas que você conhece:
Possuem desafios, metas de crescimento, precisam inovar para conquistar clientes, manter bom relacionamento com fornecedores, etc.
Neste processo, com o tempo elas podem expandir, crescer e aumentar sua lucratividade.
Ou pelo contrário: diminuir de tamanho, contrair muitas dívidas e até mesmo quebrar.
O processo de análise de ações serve, justamente, para que você consiga escolher ser sócio das empresas que possuem mais possibilidades de crescer e aumentar de valor.
Veja, por exemplo, a comparação entre R$ 1.000,00 investidos em três diferentes ações, entre dezembro de 1995 e agosto de 2017:

  • Ativo 1: Ambev, tradicional cervejaria
  • Ativo 2: Estrela, tradicional marca de brinquedos
  • Ativo 3: Ibovespa, índice que reflete o desempenho do mercado de ações como um todo


Veja a diferença de resultados!
Impressionante, não concorda?
O desempenho das ações está intimamente relacionado ao desempenho das empresas por trás delas:
Enquanto a Ambev cresceu muito, fez importantes aquisições e dominou o mercado cervejeiro nacional, a Estrela acabou seguindo o caminho oposto.
Esta comparação nos leva, também, a outras duas conclusões:

  • É possível ganhar muito dinheiro investindo em ações
  • É possível perder muito dinheiro investindo em ações

Agora, como se tornar um investidor que ganha muito?
Simples: basta dominar a arte da análise de ações!
E o primeiro passo para que você se torne um excelente analista de ações é conhecer os principais métodos de análise.
E isso, por sua vez, é exatamente o que eu quero te ensinar nesse artigo.
Vamos começar entendendo os principais métodos de análise de ações.

OS DIFERENTES MÉTODOS DE ANÁLISE DE AÇÕES

Assim como em muitas áreas do conhecimento, quando falamos de “análise de ações” não existe uma verdade universal.
O que existe são diferentes métodos de análise que levam em consideração diferentes fatores antes de indicar a compra ou a venda de uma ação.
Entender o racional por trás de cada método é muito importante para que você consiga decidir com clareza qual método seguir.
Por isso, meu intuito aqui é explicar os principais métodos de análise de ações que existem hoje.
Mais do que isso: também vou deixar bem clara a minha opinião sobre cada um dos métodos e sobre sua eficácia.
Combinado?
Então, vamos começar com o método mais “famoso” entre os investidores iniciantes.

MÉTODO #1 – ANÁLISE TÉCNICA

O método mais popular e mais procurado pelos investidores iniciantes.
Veja, por exemplo, o que acontece se você procura por “análise de ações” no google:

“Análise de ações” no google: dominado por artigos sobre análise técnica

Mas o que é análise técnica ou análise gráfica?
Em resumo: a análise técnica é um método de análise de ações em que o investidor faz um estudo baseado nos preços históricos da ação analisada.
Ele basicamente observa alguns gráficos para encontrar padrões que, teoricamente, indicarão se a ação em questão tende a se valorizar ou desvalorizar.
Por conta de sua simplicidade, a análise técnica é o método escolhido pela maioria dos iniciantes para analisar ações.
Afinal de contas, você não precisa saber absolutamente nada sobre a empresa por trás da ação em questão:

  • Não precisa saber em qual setor ela atua;
  • Não precisa saber quais são os seus produtos oferecidos;
  • Não precisa saber quem são seus principais clientes…

Enfim, não precisa saber nada. Mesmo.
Na verdade, você nem precisa saber qual é o nome da empresa investida.
Basta conhecer o código de negociação da ação, ou o ticker.
Fácil, né?
Mas, será que a análise técnica funciona?
Aqui, eu preciso ser franco com você: eu tenho grandes questionamentos à análise técnica.
As pessoas que eu mais vi ganhar dinheiro com a análise técnica são, justamente, os vendedores de cursos que ensinam análise técnica.
E sim: eu sou contra o uso deste método.

Mas por que você é contra, Ramiro?”

Justamente porque ele ignora completamente a essência da análise de ações.
Ele ignora que, por trás de cada ação há uma empresa da “economia real”.
Pense comigo: por que o movimento de preços passados de uma ação empresa nos daria uma dica do que acontecerá com esta ação no futuro?
Os analistas técnicos justificam que todas as informações sobre a empresa já estão embutidas no seu preço.
Até aí, tudo bem: esta premissa é, justamente, a base da teoria dos mercados eficientes.
Mas por que os gráficos indicariam se a ação em questão vai subir ou cair?
teóricos que defendem a análise técnica argumentam que isso está ligado à psicologia do investidor.
A ideia é a de um grande ciclo vicioso: se uma ação cai muito, os investidores se assustam e resolvem vendê-la.
Estas vendas, por sua vez, geram mais quedas.
E assim surge uma “tendência” (de queda, no caso).
Parece fazer sentido?
Não para mim…
Sinceramente, eu não confio muito nessa abordagem.
Afinal, me questiono:
E se a empresa por trás da ação que está caindo é operacionalmente “redonda”, possui boas margens e boa rentabilidade sobre o capital?
Nesta hipótese (ter caído muito), ela teria ficado barata.
E seria justamente a hora de comprar, e não vender.
O que, por sinal, vai muito de acordo com a estratégia de alocação de ativos
Mas enfim, foi justamente por conta desta falta de nexo causal (para não dizer “sentido”) da análise técnica que eu direcionei minha energia e meu tempo estudando outros métodos de análise de ações.
Vamos conhecê-los agora!

MÉTODO #2 – MÉTODO DO FLUXO DE CAIXA DESCONTADO

Você já viu alguma manchete dizendo mais ou menos o seguinte:

“Banco de investimento X eleva preço alvo das ações da empresa Y para R$ 22,35 e prevê uma alta de 37% até o final do ano”?

Se você não viu, aqui vai um exemplo:


Esse tipo de manchete é muito comum.
Agora, você já se perguntou da onde que estes analistas tiram aquele valor tão exato que chamam de preço justo de uma ação?
Pois bem: eles tiram do método do fluxo de caixa descontado.
Aqueles que utilizam este método argumentam que o valor de uma empresa nada mais é do que a soma do fluxo de caixa que ela irá gerar no futuro, trazidos a dinheiro de hoje.
Este método consiste em analisar o fluxo de caixa de uma empresa e, então, projetar qual será este fluxo nos próximos anos.
Depois de projetado, estes fluxos devem ser trazidos a valor presente (que é o inverso do valor futuro), por uma taxa de desconto.
Vou tentar explicar esta questão de “trazer fluxos futuros a valor presente”:
Imagine que você tem uma empresa própria e estima que ela irá gerar um lucro de R$ 10.000,00 no ano que vem.
Como você deve imaginar, ganhar R$ 10.000,00 daqui a um ano é bem diferente de ganhar R$ 10.000,00 agora.
Se você ganhasse agora, poderia aplicar este valor em títulos públicos e, digamos, ganhar 10% em um ano.
No final deste ano, seus R$ 10.000,00 não seriam R$ 10.000,00, e sim R$ 11.000,00 (por conta dos juros recebidos).
Ou seja: os R$ 10.000,00 que você estima ganhar em um ano não valem exatamente R$ 10.000,00 a dinheiro de hoje.
Você precisa descontar este valor pela taxa de juros de uma aplicação sem risco para descobrir quanto vale esses R$ 10.000,00 que receberá em um ano.
Para isso, basta dividir estes R$ 10.000,00 por 1,1 (1 + 10%, que é a taxa de juros usada neste exemplo).
O resultado é: R$ 9.090,90.
E é isto que muitos analistas fazem.
Eles estimam quanto dinheiro cada empresa vai gerar no futuro e, então, descontam este valor por uma taxa de juros.
Por isso o nome do método é “método do fluxo de caixa DESCONTADO”.
Entendeu seu funcionamento?!
Parece fazer total sentido, não é?!
Pois bem: eu também não gosto do método do fluxo de caixa descontado.
Por quê?
Simplesmente porque é um método cujo resultado (preço justo da ação analisada) é absurdamente sensível a pequenos detalhes.
Pequenas alterações das premissas utilizadas na taxa de crescimento do fluxo de caixa e na taxa de desconto geram grandes diferenças no preço justo da ação analisada.
Sem brincadeira.
Uma diferença de 2% na taxa de desconto utilizada chega a alterar em até 30% o preço justo de uma ação.
Isso sem contar com a grande incerteza das projeções acerca do caixa que a empresa irá gerar nos próximos anos.
Na minha experiência como analista de ações numa gestora de Porto Alegre, este era um dos tipos de análise que eu realizava.
Um dos maiores aprendizados que tive lá foi que o futuro é plenamente imprevisível.
Por isso, chamo “carinhosamente” o método do fluxo de caixa descontado de “achismo”.
Em resumo: não o recomendo para ninguém.
E isso nos leva ao terceiro método de análise de ações e, também, o meu método preferido…

MÉTODO #3 – INVESTIMENTO EM VALOR

Ok, eu sei.
Na própria introdução desse texto eu informei que todas as estratégias de análise de ações que eu uso estão embasadas no investimento em valor.
Agora, deixe-me explicar o porquê.
Começando sobre o que é investimento em valor.
Pense comigo: o que você faria se conseguisse comprar moedas de R$ 1,00 por R$ 0,40?
Compraria o máximo possível, obviamente.
O conceito de “Investimento em Valor”, apresentado ao mundo na primeira edição do livro Security Analysis, de Benjamin Graham e David Dodd, trata exatamente disso:

“Compre ações por um preço inferior ao valor intrínseco da empresa por trás dela.”

Simples assim.
A análise de ações através do método de investimento em valor consiste em analisar os demonstrativos financeiros das empresas listadas em bolsa e investir naquelas que aparentemente estão mais “baratas”.
O conceito de “baratas”, por sua vez, varia de acordo com cada estratégia de investimento.
Alguns gostam de comparar o preço da ação com o lucro por ação gerado pela empresa analisada.
Assim, eles observam um indicador chamado “P/L” (preço por lucro) que indica o nível do quão “barata” está a empresa analisada (afinal, quanto menor o P/L, maior o lucro em relação ao preço da ação).
Outros, preferem comparar o preço da ação com o valor patrimonial da empresa (valor do patrimônio líquido da empresa analisada).
E assim surge outro importante indicador: o P/VPA (preço por valor patrimonial).
Mas, em resumo: existem diversas estratégias de investimento em valor.
E você pode ficar tranquilo: tratarei com maior detalhes sobre ela aqui no Clube do Valor.
O importante, aqui, é você entender a essência do investimento em valor.
E por isso, deixo a seguinte pergunta no ar…

INVESTIMENTO EM VALOR FUNCIONA?

É inegável que a história por trás do investimento em valor é intuitiva.
Mas agora, será que essa estratégia funciona?
A resposta é: sim!
Acadêmicos estudam, há décadas, o fenômeno do investimento em valor.
Muitos destes estudos, inclusive, estão disponíveis publicamente.
Este estudo, conduzido pelo professor Ken French, mostra o desempenho de carteiras de ações formadas pelas com base na relação B/M, ou book-to-market (que é exatamente o inverso do múltiplo Preço/Valor Patrimonial que falei há pouco) das ações negociadas nos Estados Unidos.
O autor dividiu todas as ações disponíveis para investimento em 10 decis (10 grupos diferentes, cada um composto com 10% das empresas passíveis de investimento): das 10% mais baratas até as 10% mais caras.
Empresas com menor P/VPA são consideradas mais “baratas” (ações de valor), enquanto empresas com maior P/VPA são consideradas mais “caras”.
Pela relação inversa do B/M, no estudo de French as empresas com maior B/M seriam as mais baratas.
Mas, enfim, os resultados do estudo, demonstrado na tabela abaixo, são bem claros: investir em valor dá resultados, no longo prazo.

Veja como as carteiras montadas com as ações mais baratas de acordo com o critério B/M auferiram um retorno muito superior ao retorno das carteiras montadas com as ações mais caras.
E esse é apenas um exemplo, dentre os vários outros que eu poderia dar por aqui, sobre a eficácia do método de value investing.

CONCLUSÃO: O MAIS IMPORTANTE É TER UM BOM MÉTODO DE ANÁLISE DE AÇÕES

Espero que você tenha gostado desse guia inicial sobre análise de ações.
Aqui, te mostrei a importância de ter uma estratégia clara de investimento em bolsa de valores.
Tenha certeza: ter uma clareza sobre a estratégia a seguir é essencial para o seu sucesso como investidor em renda variável.
Também expliquei o racional por trás dos três principais métodos (ou “filosofias”) de análise de ações:

  • Análise técnica
  • Análise do fluxo de caixa descontado
  • Investimento em valor

E, por fim, deixei bem clara a minha opinião sobre cada um dos diferentes métodos e meus argumentos favoráveis à estratégia de investimento em valor.
Garanto que, nessa altura do campeonato, você já está bem mais preparado do que a grande maioria dos investidores.
Agora, é a sua vez: compartilhe comigo o que você achou desse artigo nos comentários.
E, se você gostou desse assunto, faça o download gratuito de nosso ebook sobre como investir com sucesso na bolsa de valores:
[thrive_leads id=’3775′]
Um grande abraço e até a próxima!