Casamento e finanças.
O que esses dois assuntos têm em comum?
Já te adianto: um depende do outro. E bastante.
Afinal, para que o primeiro (casamento) seja equilibrado, há de se dialogar muito sobre o segundo (finanças).
Pense comigo: fazer escolhas difíceis é uma constante em nossas vidas.
Desde a nossa infância, nos deparamos com diversas ocasiões em que temos que escolher entre trilhar um caminho ou outro.
Quando crescemos, ainda na adolescência, precisamos escolher qual curso fazer no vestibular (decisão, essa, que pode impactar todo o nosso futuro).
Depois, na vida adulta, nos deparamos com escolhas ainda mais importantes e frequentes, como…
- Qual trabalho escolher?
- Que carreira eu devo seguir?
- Onde eu devo investir o meu dinheiro?
E também é nessa fase que muitos tomam uma das decisões mais importantes da vida: se casar ou não com a sua alma gêmea.
Acredite você ou não, essa é uma escolha que pode impactar diretamente a sua vida financeira.
Pode até representar a diferença entre alcançar ou não a tão sonhada independência financeira.
Mas não se preocupe!
Eu não estou aqui para dar conselhos amorosos.
Meu intuito aqui é o de mostrar a importância de conversar sobre finanças no casamento e dar algumas dicas que podem tornar essa união mais feliz e ajudá-lo a evitar escolhas erradas.
Se você é casado, é muito provável que esse papo tenha despertado sua atenção.
Agora, se você tem amigos que estão nessa fase da vida, compartilhe este artigo com eles.
E continue lendo o texto para saber mais sobre pontos como….
- A raíz do tabu do assunto “finanças” em um relacionamento
- A solução para vencer essa grande barreira no seu relacionamento
- 5 dicas especiais para falar sobre finanças no seu casamento
- A atitude que você SEMPRE deve evitar
- O que você jamais deve esconder de seu cônjuge
POR QUE É TÃO DIFÍCIL FALAR SOBRE FINANÇAS NO CASAMENTO?
Você sabia que, depois da infidelidade, a falta de planejamento financeiro é a maior causa de separação entre casais?
O casamento representa a união de duas pessoas, tanto na alegria quanto na tristeza.
Isso também inclui as finanças, que podem estar boas ou ruins.
O que acaba dificultando bastante a conversa sobre o assunto entre duas pessoas geralmente é o seu contexto de vida.
Em outras palavras, a sua criação.
Afinal, cada um aprendeu a lidar com o dinheiro de uma forma diferente.
As experiências com dinheiro (familiares e pessoais) sempre serão bastante diferentes.
Então, quando duas pessoas não se entendem sobre o assunto, não é incomum haver brigas e discussões.
É claro: tudo isso pode ser contornado com uma boa forma de se tratar do tema.
Afinal, ter uma boa comunicação com o seu cônjuge é essencial para evitar problemas financeiros.
E tenha certeza: os problemas financeiros são responsáveis pelo fim de vários casamentos.
De acordo com estatísticas do próprio Governo, mais da metade das famílias brasileiras estão endividadas.
Como pode haver harmonia se há dívidas a serem sanadas?
Não é à toa que tantos casais briguem por esse motivo.
Entretanto, a raiz de todo esse mal é, justamente, a falta de conversa sobre o assunto.
Afinal, muitos consideram um tabu falar sobre dinheiro.
Há aqueles – especialmente os homens – que têm uma mentalidade retrógrada de que somente o marido deve tratar das finanças.
O resultado?
Problemas, endividamento, falta de controle, brigas e separações.
A SOLUÇÃO: CASAMENTO E FINANÇAS EVOLUINDO JUNTOS
A solução para esse problema não poderia ser mais simples: passar a conversar mais sobre dinheiro.
Esse é uma prática que eu já incentivei no meu artigo sobre educação financeira para pais e filhos.
Afinal, quando toda a família está na “mesma página”, é mais fácil enxergar o problema como um todo e pensar em soluções para ele.
No caso de casais, especificamente, é necessário estabelecer uma relação igualitária sobre o trato com o dinheiro.
Não importa qual parte da relação ganha mais dinheiro.
Ambos vão usufruir da maioria dos benefícios proporcionados pelo acumulo de riqueza, o que deveria ser motivo mais do que o suficiente para incentivar a conversa sobre o assunto.
É aí que entra um bom planejamento familiar, que pode funcionar como um passo a passo simples para organizar as finanças em casa.
Aqui eu resgato aquela analogia da embarcação: uma família, mesmo que composta apenas por um casal, é muito semelhante a um pequeno barco a remo.
Cada integrante é responsável por pegar a pá e contribuir para que o barco continue na direção correta.
É verdade que alguém vai precisar assumir a direção e dizer para onde a embarcação precisa seguir.
Porém, se todos não pegarem o remo e começarem a trabalhar, o barco dificilmente atingirá o seu destino.
Lembrando que ainda há aqueles que preferem remar na direção contrária, o que pode tornar tudo ainda mais complicado.
Portanto, incentive o diálogo sobre o assunto dinheiro.
Exponha os objetivos financeiros e peça para que o seu cônjuge faça o mesmo.
Também coloque todas as dívidas no papel, um dos passos importantes para se livrar definitivamente delas.
Com o tempo, as finanças deixam de ser um tabu e passam a ser um assunto corriqueiro e possivelmente agradável a ser discutido com o seu parceiro ou parceira.
DICAS PARA UM CASAMENTO (E FINANÇAS) FELIZ
Agora que eu já destaquei as dificuldades de trazer o assunto finanças para dentro do casamento e a solução para esse problema, é hora de dar algumas dicas para uma união mais feliz.
Essa são dicas que podem ser colocadas em prática agora mesmo.
Tudo isso para conseguir um casamento (e finanças) mais feliz.
Vamos a elas!
#1 – Escolha a melhor forma de dividir do dinheiro
Conta conjunta ou conta separada?
Independentemente da forma como o casal decida separar o dinheiro, é preciso chegar a um acordo que agrade aos dois.
Centralizar todos os rendimentos em uma única conta sem o consentimento ou aval do cônjuge é uma prática que não vai trazer benefícios para a união.
Porém, manter uma conta separada sem o mínimo de conversa entre o casal também não ajuda no planejamento financeiro.
Para o propósito de dividir as responsabilidades financeiras (algo do qual eu já vou falar), o melhor seria manter as contas separadas.
Assim dá para saber proporcionalmente o quanto cada um pode contribuir para atingir os objetivos financeiros do casal.
#2 – Evite pedir empréstimos para os sogros
No começo do casamento, é normal o casal enfrentar uma série de dificuldades financeiras.
Afinal, são tantas dívidas novas que passam a surgir que é realmente complicado lidar com o dinheiro.
Boa parte das pessoas acaba recorrendo aos pais nessas situações.
Os sogros, nesse caso, acabam ajudando o casal a sair desse lamaçal chamado endividamento familiar.
Embora o contexto possa parecer favorável quanto pintado dessa maneira, ele nem sempre é tão amigável assim.
Quando os pedidos de empréstimos começam a surgir, é normal que algumas alfinetadas também apareçam.
“Olha filho, parece que Fulana não está sabendo cuidar bem do seu dinheiro…”
“Ciclana, o que o seu marido faz com todo o dinheiro que vocês recebem?”
Esses comentários podem minar a relação e fazer com que o casal entre em discussões desnecessárias por causa da desconfiança semeada por pais protetores.
A culpa não é deles.
Afinal, o que eles não querem é ver seus filhos sofrendo, não importa qual seja a situação.
O culpado nesse caso é o casal, que recorreu a um empréstimo “perigoso” demais para a relação.
Se esse fator de risco não existe na sua família, ainda há motivos para você fugir desse tipo e empréstimo.
Lembre-se que os seus pais (e os pais do seu cônjuge) nem sempre estarão presentes para ajudar nas dificuldades financeiras.
Eu garanto: cortas esse “cordão umbilical” só pode fazer bem para a relação.
#3 – Lembre-se dos hábitos de cada um
Se o planejamento familiar está bem definido, é muito provável que o corte de despesas já tenha sido realizado.
Porém, é preciso lembrar que alguns possuem hábitos que servem de motivadores fortes para aguentar as pressões do dia a dia.
Algumas mulheres gostam de ir ao salão todos os finais de semana.
Já alguns homens não deixam e aproveitar o futebol de quarta-feira com os amigos.
O que fazer nesses casos?
Forçar o cônjuge a abandonar definitivamente esses hábitos?
Essa pode não ser uma solução muito inteligente e denota a falta de diálogo entre o casal (o que estou tentando incentivar desde o começo do artigo).
Para levar o orçamento familiar adiante, é preciso levar em conta os hábitos do casal e colocar esses gastos como necessários dentro do planejamento.
Se for possível cortá-los ou diminuí-los, ótimo.
Caso contrário, é preciso respeitar os hábitos e desejos que servem de motivação para cada um.
#4 – Não esconda dívidas do seu cônjuge
Essa pode ser uma das práticas mais destruidoras dentro de um casamento.
Ela acaba mesclando exatamente os dois maiores motivadores para uma separação: a infidelidade (falta de confiança) e a falta e planejamento familiar.
Afinal, se há uma “goteira desconhecida” dentro do orçamento, como será possível mantê-lo organizado?
E não, não estou dizendo que o casal precisa obrigatoriamente prestar contas com seu cônjuge como se fosse um controle autoritário do dinheiro.
Se há necessidade de gastos pessoais para cada um, é possível separar uma pequena parte do orçamento exatamente para atender essa demanda.
Quer um bom exemplo?
Digamos que, dentro do planejamento do casal, cada um pode gastar 5% do que ganha da forma como bem entender.
Assim, o casal sabe qual parte do orçamento está sendo separada para gastos pessoais, mas não é necessário prestar contas de como esse dinheiro é gasto.
#5 – Divida as responsabilidades financeiras de forma proporcional
Dificilmente o casal vai ser remunerado exatamente da mesma maneira.
Historicamente (e infelizmente), o homem geralmente é a parte que mais ganha na relação.
Porém, independentemente de qual seja a relação de salário entre o casal, seria justo dividir todas as contas de forma igual se ambos não ganham a mesma coisa?
Dividir o aluguel da casa em 50% para cada parte pode ser uma injustiça para aquele que ganha menos.
Uma alternativa é dividir as responsabilidades financeiras de forma proporcional, levando em conta o salário de cada um na hora de fazer a divisão.
Dessa forma, você preserva o poder de compra de ambas as partes e trata de forma justa a relação com o dinheiro.
É lógico que essa não é uma regra escrita em pedra.
Alguns casais podem descobrir outras formas de dividir as responsabilidades financeiras.
Porém, é preciso encontrar uma forma justa de fazer isso e sem que uma das partes saia prejudicada.
CONCLUSÃO
Como diz o velho jargão popular: conviver é uma arte.
Goste ou não goste de uma pessoa, sempre haverá momentos de tensão que podem desencadear discussões e muitos outros problemas mais graves.
Um casamento não foge dessa regra.
É por isso que eu resolvi trazer essa reflexão e mostrar como a inteligência financeira pode salvar um casamento.
Em concordância com esse tema, sugiro a leitura de outros artigos que já publiquei aqui no Clube do Valor:
- Orçamento Familiar: Um Passo a Passo Simples Para Organizar as Finanças da Sua Casa
- 5 Lições Importantes sobre Dinheiro e Educação Financeira para Pais e Filhos
- 3 Dicas Práticas Para Eliminar as Dívidas
- 4 Simples Passos Para Você Começar Seu Planejamento Financeiro Pessoal Imediatamente
Esses artigos também trazem dicas importantes para você que quer ter um casamento (financeiramente) feliz.
Forte abraço,
Ramiro.