Você sabe como cada profissional do mercado financeiro é remunerado?
Já parou para pensar que, eventualmente, o interesse de algum profissional do mercado pode estar desalinhado com o que é melhor para você?!
Pois bem, a verdade é essa: conflitos de interesses existem em praticamente todas as áreas profissionais.
E não seria diferente no mercado financeiro.
Por isso, esse artigo é muito importante para você.
Afinal, entender os potenciais conflitos de interesses de cada tipo de profissional do mercado pode ajudá-lo a evitar muitos problemas em sua jornada rumo à independência financeira.
Neste artigo, vou explicar quais são os potenciais conflitos que podem existir entre você, investidor, e os principais profissionais dessa área.
E acredite: toda profissão possui pelo menos um conflito de interesses que pode prejudicá-lo na busca pelos seus objetivos financeiros.
Portanto, continue a leitura para aprender quais são esses conflitos e como você pode se proteger deles.

O QUE É O CONFLITO DE INTERESSES E PORQUE É IMPORTANTE ENTENDER ISSO?

Todo investidor vai, eventualmente, cruzar com muitos profissionais de investimentos em sua vida.
Porém, é ingenuidade pensar que vamos encontrar somente bons profissionais em nossa caminhada.
No mercado financeiro, um conflito de interesses é como uma barreira entre o investidor e seus objetivos financeiros.
Isso acontece porque o profissional que está “auxiliando” o investidor pode possuir duas motivações diferentes:

  • Ajudar o investidor a chegar mais longe e cumprir seus objetivos; ou
  • Gerar uma receita de curto prazo para a sua prática profissional às custas do bem-estar financeiro do investidor.

No “mundo ideal” (para os investidores), o profissional deveria estar munido apenas da primeira motivação.
Contudo, maus profissionais se concentram tanto na segunda motivação que acabam prejudicando muito a vida dos investidores.
Como tudo na vida, é preciso haver um equilíbrio.
Potenciais conflitos de interesses sempre vão existir.
Portanto, é responsabilidade do investidor conhecer eles e identificar quando o profissional está agindo de forma desonesta no cumprimento de suas funções.
Munido desse conhecimento, é possível se proteger de algumas “armadilhas” bem prejudiciais.
Dito isso, vamos agora conhecer os conflitos de interesses de seis profissões bem comuns do mercado financeiro.

OS CONFLITOS DE INTERESSES DOS GERENTES BANCÁRIOS

Vamos começar pelos conflitos de interesses dos gerentes bancários.
E, felizmente, essa é uma classe da qual eu não preciso falar muito, porque boa parte dos investidores já estão “vacinados” contra esses profissionais.
O grande problema aqui é que os gerentes bancários são remunerados pelos bancos que os empregam.
Os bancos, por sua vez, utilizam um sistema muito forte de metas para motivar seus funcionários.
Dessa forma, os gerentes bancários têm metas muito claras de distribuição de diferentes produtos financeiros para vender aos seus clientes e assim lucrar um pouco mais na sua prática profissional.
Você provavelmente conhece alguém ou mesmo já passou pela situação de ter o gerente bancário na sua cola ligando para oferecer novos serviços.
E eles geralmente não são muito vantajosos para os investidores.
É o caso dos Títulos de Capitalização, alguns planos de Previdência Privada pouco alinhados com os objetivos do investidor ou um fundo de investimento com uma altíssima taxa de administração.
Isso é algo que acontece com bastante frequência no universo bancário brasileiro.
E tudo isso por conta desse sistema de metas sob os quais os gerentes estão sujeitos.
Como consequência, muitas pessoas acabam sendo prejudicadas com maus produtos financeiros ou serviços que não ajudarão muito na conquista de seus objetivos.

OS CONFLITOS DE INTERESSES DOS ASSESSORES DE INVESTIMENTO

A próxima profissão é a dos assessores de investimento ou agentes autônomos de investimentos.
Estes são os profissionais vinculados a alguma corretora específica (geralmente, a XP).
Algo que deixa um pouco nebulosa a explicação sobre essa classe é o fato de eles não serem diretamente remunerados por seus clientes.
A sua remuneração advém de uma parte do custo que o cliente tem ao investir em ativos financeiros.
Como assim?
Se o investidor aplica em ações, esse agente autônomo ganha um percentual da corretagem paga pelo cliente.
Se o cliente investe em um fundo de investimento, o profissional recebe uma parte da taxa de administração.
Se o investidor aplica em um CDB, o assessor recebe uma taxa por estar distribuindo esse título para o cliente.
Ou seja, para cada tipo de produto sugerido por um assessor de investimentos existe uma diferente remuneração/comissão que ele irá receber.
É dessa forma que eu enxergo os conflitos de interesse dessa profissão.
Ele pode não ser tão visível como no caso dos gerentes bancários, mas ele existe e pode realmente prejudicar o investidor.
Porém, se o profissional tiver que escolher entre indicar um produto que paga uma remuneração maior para o seu bolso ou maior para o bolso do investidor, ele pode se sentir tentado a  seguir a primeira opção, mesmo que inconscientemente.
Portanto, é preciso ter cuidado e entender se a recomendação do assessor vai beneficiar o seu bolso ou o dele e se ela está alinhada com o seu perfil de investidor e com os seus objetivos financeiros.
Apenas destaco que eu conheço vários assessores que são muito competentes e honestos.
O que eu sugiro é que você tenha ciência dos conflitos de interesse dessa classe e pesquise bem antes de tomar alguma atitude em relação aos seus investimentos.

OS CONFLITOS DE INTERESSES DOS ANALISTAS DE INVESTIMENTO

A terceira classe que eu quero analisar é a dos analistas de investimento.
Ou, para ser ainda mais claro, as chamadas “casas de research
Esses são os profissionais que estão credenciados para escrever relatórios de investimentos indicando a compra e venda de ativos.
E aqui há duas classes diferentes: os analistas ligados aos bancos e os analistas independentes.
No caso dos profissionais ligados ao banco, temos o mesmo conflito de interesses dos gerentes bancários.
É lógico que o profissional vai tentar “forçar” a venda dos produtos ligados à instituição para qual ele trabalha.
No caso dos analistas independentes, o conflito é menor, mas ele também existe.
Para eles, o interessante é tentar vender a maior quantidade possível de relatórios para a maior quantidade possível de clientes.
Aqui, o investidor sabe exatamente o quanto está pagando pelo serviço.
Contudo, toda essa lógica acaba motivando os analistas a utilizarem linguagens e padrões que incentivem o imediatismo.
Como esses profissionais precisam sempre estar vendendo relatórios novos, eles abusam de um marketing que às vezes parece um pouco exagerado.
É muito provável que você já tenha visto ofertas como essas:

Conheça as 3 ações que você precisa COMPRAR HOJE
A oportunidade da DÉCADA para entrar na bolsa de valores

Esses são artifícios usados por essa classe para despertar o senso de urgência de seus clientes e forçá-los a gastar com os produtos oferecidos pelos analistas.

OS CONFLITOS DE INTERESSES DOS CONSULTORES DE INVESTIMENTO

O próximo conflito de interesses é o dos consultores de investimento – ou consultores de valores mobiliários.
Esse é o profissional que cobra diretamente do cliente para prestar uma consultoria e indicar produtos financeiros.
Para fazer isso, ele precisa levar em conta diversos fatores, como o perfil, a tolerância ao risco, o estilo de vida dos investidores e muito mais.
Como eles não são remunerados pelos produtos que indicam, poderíamos pensar que não há conflitos de interesse aqui.
Entretanto, eles existem e são muito parecidos com os problemas que identificamos nos assessores de investimentos.
Embora seja errado, alguns consultores podem recomendar que a compra e venda de ativos e quaisquer outras operações sejam realizadas por meio de uma assessoria financeira específicaparceira do consultor.
Assim, ele acaba recebendo uma porcentagem do que é investido através dessa indicação.
Hoje pode ser um pouco raro encontrarmos consultores de investimentos, mas essa é uma classe que tende a crescer muitos nos próximos anos.
Portanto, é importante você ter em mente esse potencial conflito de interesse.

OS CONFLITOS DE INTERESSES DOS GESTORES DE INVESTIMENTO

A próxima classe é a dos gestores de investimento, onde eu me incluo através do serviço prestado pela AGM Brasil.
A responsabilidade desse profissional é administrar a carteira de seus clientes e garantir que o investimento gerido possibilite que o investidor atinja os seus objetivos financeiros.
O trabalho aqui às vezes pode até ser parecido com o do consultor.
É necessário entender muito bem o cliente para saber quais ativos comprar e vender, assim como quais manter na carteira.
A diferença é que o gestor faz todo o trabalho para o cliente, gerindo diretamente os ativos no nome do investidor.
Ele também pode fazer isso através de um fundo de investimento.
Os gestores geralmente são remunerados de duas formas:

  • Através da taxa de administração, que representa um percentual do patrimônio gerido; e
  • Através da taxa de performance, que representa um percentual do que a carteira exceder de um dado um benchmark.

Assim, um dos maiores interesses dos gestores é trazer cada vez mais clientes para a sua gestão.
Afinal, quanto maior o patrimônio gerido, maior é a sua remuneração.
Porém, como a taxa de administração representa um percentual fixo, não há um grande conflito de interesses aqui.
O mesmo não pode ser dito da taxa de performance.
Visando ganhar mais, alguns gestores podem acabar se arriscando além da conta para serem remunerados com uma maior taxa de performance.
Já houve casos em que os gestores acabaram fugindo do perfil de risco de seus clientes para buscarem um retorno maior, o que vai contra ao trabalho primordial dessa profissão.

OS CONFLITOS DE INTERESSES DOS COACHS FINANCEIROS

Por fim, a última classe que oferece conflito de interesses para os investidores são os coachs financeiros.
Na verdade, esses profissionais podem ser chamados de diversos nomes, pois eles não são credenciados pela CVM.
E é exatamente aí que está o problema.
Como eles não possuem essa “barreira” extra para atuarem no mercado, existem muitos profissionais despreparados auxiliando investidores.
É lógico que há exceções e acredito que existam muitos coachs ou mentores financeiros que sejam excelentes profissionais.
Contudo, é preciso tomar cuidado e pesquisar bastante antes de contratar esse tipo de profissional.
Caso contrário, é possível experimentar grandes prejuízos por conta de uma atitude errada no mercado financeiro.

COMO SE PREVENIR DESSES CONFLITOS DE INTERESSES?

Como você pode perceber, há conflito de interesses em todas as classes de profissionais.
Isso significa que haverão maus profissionais em todas elas.
Porém, é claro que também há bons profissionais em cada uma dessas 6 classes e por isso é preciso saber separar o joio do trigo.
Como fazer isso?
Entendendo exatamente quais são os potenciais conflito de interesses de cada uma dessas classes e identificando como eles podem te prejudicar.
Somente assim você poderá evitar ser prejudicado por um profissional que está mais interessado no bem-estar financeiro próprio do que o de seu cliente.

CONCLUSÃO

E assim chegamos ao final de mais um artigo aqui do Clube do Valor.
Eu espero que você tenha conseguido entender os potenciais conflito de interesses dessas 6 profissões comuns do mercado financeiro e aprendido a se prevenir diante delas.
Saber comparar e entender cada uma dessas classes é essencial para se tornar um investidor de sucesso.
É por isso que a minha recomendação final é que você conheça a nossa calculadora comparativa de ativos de renda fixa.
Essa é uma boa forma de entender se o investimento que algum profissional está oferecendo para você é realmente vantajoso para o seu bolso.
Essa é uma das várias ferramentas que podem te ajudar a se livrar de profissionais mal-intencionados.

Qual é o ativo de renda fixa pós-fixado mais rentável?
 
R$
,00
Prazo
M
Taxa
% a.a
DI
% a.a
CDB
%
LCI/LCA
%
 
Calcular

Eu vou ficando por aqui.
Um forte abraço,
Ramiro Gomes Ferreira.