Você finalmente tomou coragem e comprou ações na bolsa de valores.
Porém, uma notícia surpreendente o pega desprevenido: a empresa está para ser vendida.
Diante disso, você começa a se perguntar:
O que acontece com as minhas ações?
Eu vou perder dinheiro?
Para responder esses e muitos outros questionamentos, eu preparei este artigo supercompleto sobre o tema.
Eu vou explicar exatamente o que pode acontecer com o seu dinheiro e mostrar diferentes cenários que podem se formar no momento que uma empresa listada em bolsa é vendida.
Se esse assunto é do seu interesse, continue a leitura para dominar esse assunto!
PONTOS BÁSICOS SOBRE O ASSUNTO
Para ajudar nessa explicação, gostaria antes de esclarecer três pontos básicos.
É importante entendê-los antes de enxergamos os diferentes cenários que podem envolver a venda de uma empresa listada em bolsa.
#1 – Você não vai perder todo o seu dinheiro
O primordial é saber que você não vai perder todo o seu dinheiro investido.
Nesse sentido, pode ficar bem tranquilo.
Afinal, você é um dos acionistas da empresa – embora seja um acionista minoritário.
Ou seja, você é um de seus donos e possui seus direitos e deveres.
Quando a empresa é vendida, as ações não simplesmente desaparecem.
Elas continuam a existir e ainda pertencem aos mesmos acionistas aos quais pertenciam antes.
#2 – Você pode até perder UMA PARTE do seu dinheiro
Contudo, é importante destacar que o investidor pode perder uma parte do dinheiro.
E quando isso acontece?
Esse é o caso das empresas que são adquiridas por um preço inferior ao negociado em bolsa.
Porém, isso é muito raro de acontecer.
#3 – Diferença entre ações ORDINÁRIAS e ações PREFERENCIAIS
Por fim, o terceiro ponto básico é entender a distinção entre ações ordinárias e ações preferenciais.
- Ação ordinária: dá direito a voto nas assembleias; pertence aos acionistas que de fato controlam a empresa
- Ação preferencial: dá preferência ao acionista no recebimento de dividendos, mas não dá direito a voto nas assembleias
Esclarecido esses três pontos, podemos finalmente entender os 3 cenários possíveis caso uma empresa listada em bolsa esteja sendo vendida.
CENÁRIO #1 – EMPRESA VENDIDA PARA OUTRA EMPRESA COM CAPITAL ABERTO
O primeiro cenário é quando a empresa é vendida por outra companhia de capital aberto.
Quando isso acontece, muitas vezes há uma “troca de ações”.
Ou seja: as ações da empresa que você possuía são “transformadas” em ações da empresa compradora.
Essa conversão utiliza uma proporção definida e varia de um caso para outro.
Para exemplificar esse cenário, temos um recente (e importante) acontecimento com a bolsa de valores brasileira.
Em março de 2017, a Cetip (Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos) foi adquirida pela BM&FBovespa
Ao término do pregão em que a negociação foi aprovada pela CVM, os acionistas da Cetip receberam, por cada ação CTIP3 que possuíam, uma ação ordinária e três ações preferenciais da BM&FBovespa (antigas BVMF3, agora B3SA3).
A partir da fusão, os papéis ordinários da Cetip passaram a valer especificamente 0,938490800 ações ordinárias da BM&FBovespa.
Já as ações preferencias pagaram aproximadamente R$ 32 por papel aos seus acionistas.
Neste link você pode consultar o Fato Relevante que mostra esses dados.
Esse é um bom exemplo do que acontece com a ação quando a empresa listada em bolsa é vendida para outra companhia de capital aberto.
CENÁRIO #2 – OPA (OFERTA PÚBLICA DE AQUISIÇÃO)
O segundo cenário se concretiza quando ocorre uma OPA, ou Oferta Pública de Aquisição.
Isso acontece quando o acionista controlador (aquele que detém a maior parte das ações ordinárias) ou a própria empresa fazem uma oferta pública para adquirir todas as ações minoritárias de uma vez só.
Ou seja: a empresa está literalmente tirando os seus papéis de circulação.
Porém, para que isso aconteça, alguns pré-requisitos precisam ser atendidos.
O primeiro deles é relacionado ao preço ofertado para a OPA.
O valor das ações não é definido pela empresa ou pelos acionistas, mas sim por um laudo técnico formulado por uma companhia contratada para esse fim.
Esse laudo técnico avalia basicamente três critérios:
- O preço médio de cotação das ações nos últimos 12 meses;
- “Valor econômico” da companhia – que é calculado com base em métodos de avaliação de empresas
- Valor do patrimônio líquido da empresa
Com base nisso, essa empresa finalmente chega a um “preço justo” pelo qual a empresa/controlador vai adquirir os papéis dos acionistas minoritários.
Vale ressaltar que todo esse processo é amplamente divulgado pela CVM e tudo acontece de forma muito clara para os participantes do mercado.
Quando o preço está definido, é estabelecida uma data para um leilão a partir do qual essa ação não será mais negociada em bolsa.
Diante disso, os acionistas podem aceitar ou não o preço pedido por suas ações.
Quando aceitam, participam do leilão para se desfazerem desses papéis pelo preço pedido pela empresa/controlador.
Porém, quando os acionistas não aceitam, dois novos cenários podem se formar:
- Se pelo menos 10% dos acionistas não concordarem com o valor pedido, o leilão é adiando e um novo laudo técnico é requisitado
- Se 2/3 dos acionistas não participarem do leilão, a OPA é suspensa e tudo volta a ser como era antes
Importante destacar que essa é uma manobra comum no mercado financeiro.
Todos os anos pelo menos algumas OPAs são realizadas na bolsa de valores brasileira.
CENÁRIO #3 – CONTROLE É VENDIDO
O terceiro cenário é muito parecido com o segundo.
Ele se concretiza quando os acionistas majoritários (controladores) vendem a sua participação em bolsa.
Para que os acionistas minoritários não saiam prejudicados, existe um mecanismo chamado tag along que os protege (de certa forma).
Depois que a negociação estiver concluída, o novo controlador é obrigado a fazer uma OPA para adquirir as ações ordinárias.
É o tag along que define o preço mínimo cobrado pelos papéis, que é de pelo menos 80% do valor pago para os controladores.
O que define essa porcentagem é o segmento de listagem em que a empresa está na B3, que pode ser consultado neste link.
Em resumo, todas as empresas que possuem um alto nível de governança são obrigadas a dar 100% de tag along para os acionistas.
Em última análise, esse pode até mesmo ser um ponto a ser avaliado na hora de escolher adquirir uma ação na bolsa de valores.
CONCLUSÃO
Essa foi a minha explicação sobre o que acontece com as ações de uma empresa listada em bolsa quando ela é vendida.
Aqui você pode entender algumas premissas básicas, bem como os três possíveis cenários em que esse fato importante acontece.
Se você se interessa pela Bolsa de Valores, eu tenho certeza que você gostará de conhecer o meu curso Descomplicando o Mercado de Ações!
Nesse treinamento, que abre vagas algumas vezes por ano, eu ensino como eu invisto em ações, como escolho as melhores empresas e como sei exatamente quando comprar ou vender uma ação!
E, com isso, vou ficando por aqui.
Um forte abraço,
Ramiro Gomes Ferreira.