A possibilidade de rentabilidade de um investimento costuma ser um dos critérios de composição de carteira para quem deseja fazer o dinheiro render. Por isso, muitos investidores buscam, na renda variável, alternativas para alocar recursos e se expor aos movimentos do mercado.
Porém, além da valorização que pode ser obtida com o avanço nos preços das ações e cotas de fundos imobiliários (FIIs), por exemplo, existem outras maneiras de obter resultados no longo prazo na bolsa — e isso envolve descobrir o que são os proventos.
Eles correspondem à distribuição de parte do lucro relacionado ao ativo e seguem regras específicas. Porém, como há mais de um tipo de proventos, é importante conhecê-los para saber como potencializar as chances de retorno e favorecer o patrimônio em longo prazo.
Para entender melhor o assunto, aprenda o que são os proventos e saiba como aproveitá-los ao montar sua estratégia de investimento!
O QUE SÃO PROVENTOS?
A remuneração de um investimento na renda variável costuma acontecer pelo crescimento no preço de mercado dos ativos. Quando uma ação passa a ter uma cotação maior que o preço de compra do investidor, por exemplo, é possível obter lucro com a venda do ativo.
O mesmo se aplica às cotas de fundos de investimento imobiliário. Porém, essa possível valorização não é a única maneira de obter resultados. Também existem os proventos, que são pagamentos realizados pela empresa ou pela gestora do fundo para os investidores.
Os proventos podem ser oferecidos tanto em dinheiro quanto na forma de outros benefícios. Dessa maneira, funcionam como uma fonte de retorno para quem investe e podem colaborar com os resultados obtidos pelo investidor — especialmente no longo prazo.
COMO OS PROVENTOS FUNCIONAM?
Você já sabe que os proventos funcionam como uma forma de remuneração ao investidor ou cotista. No entanto, vale a pena entender melhor o funcionamento dessa alternativa.
Existem diversos tipos de proventos no mercado — como você conhecerá a seguir. Cada um deles têm características específicas e podem estar relacionados às ações negociadas em bolsa e aos fundos imobiliários.
Na prática, esses proventos são distribuídos em situações específicas, como em caso de lucros obtidos em um determinado período ou lançamento de novas ações ou cotas no mercado. Além disso, existem regras para essa distribuição.
No caso das ações, a distribuição anual do lucro líquido é obrigatória — caso haja lucros. Porém, a obrigatoriedade está relacionada apenas aos dividendos — que você conhecerá mais adiante.
A regularidade do pagamento depende de cada companhia. A informação sobre o percentual, por sua vez, costuma estar disponível no estatuto da empresa.
Já para os fundos de investimento imobiliário, existe um percentual mínimo que deve ser observado. Os FIIs devem distribuir 95% dos seus lucros semestralmente. Contudo, é comum que os fundos optem por realizar a distribuição mensalmente aos cotistas.
A forma de pagamento, em ambos os casos, depende do tipo de provento distribuído.
QUAIS SÃO OS TIPOS DE PROVENTOS?
Embora todos os proventos tragam algum tipo de benefício aos investidores, há mais de um tipo disponível — como você já sabe. E, como eles têm características diferentes, é importante conhecer quais são as regras de cada um para entender o retorno que eles podem trazer.
A seguir, veja quais são os principais tipos de proventos e aprenda como eles funcionam!
Dividendos
Entre os proventos distribuídos por ações e fundos imobiliários, os dividendos estão entre os mais conhecidos. Eles consistem em uma distribuição, em dinheiro, de parte dos lucros líquidos —proporcional à participação de cada investidor.
Entre as características mais importantes está o fato de que os dividendos são isentos de Imposto de Renda. Portanto, são rendimentos não tributáveis, o que pode ajudar a melhorar o retorno sobre o investimento.
No caso das ações, para a distribuição de dividendos acontecer, é necessário que o conselho administrativo da companhia autorize a proposta. Mas saiba que isso também ocorre para outros tipos de proventos. Na sequência, há uma data de divulgação quanto ao pagamento de dividendos e seus valores.
Os investidores que mantiverem os ativos até a chamada “data-com” receberão os proventos, mesmo que vendam depois as ações, por exemplo. Já a “data-ex” representa o dia a partir do qual os investidores não receberão os dividendos.
Porém, eles poderão fazer parte da distribuição no próximo ciclo, caso mantenham o aporte. Esse formato de calendário e datas específicas serve para evitar que investidores adquiram ativos após o anúncio de pagamento.
Direitos de subscrição
Os proventos não precisam ser pagos, necessariamente, em dinheiro. Eles também podem ser concedidos como direito de subscrição, que permite ao investidor adquirir ações ou cotas de modo preferencial.
Essa distribuição ocorre quando há a emissão de novas ações ou cotas no mercado, no processo conhecido como follow on. Isso porque, ao aumentar o volume de ativos ou cotas em circulação, a participação atual dos investidores poderia ser reduzida, considerando a proporção.
Para evitar que isso aconteça, o direito de subscrição concede aos investidores atuais a prioridade na aquisição desses novos ativos emitidos. Logo, podem comprar ações ou cotas para manter o nível de participação atual ou, até mesmo, ampliá-lo.
Uma das vantagens é que essa oferta é feita pelo preço de emissão dos novos ativos, que costuma ser menor que o preço da negociação do papel ou cota atualmente no mercado.
Na prática, a responsável pela distribuição de proventos define quanto cada investidor poderá comprar, de acordo com sua participação, e estabelece o preço a ser cobrado. O investidor, por sua vez, tem um determinado prazo para responder se deseja ou não realizar a aquisição.
Caso não haja o interesse na por parte do investidor, é possível negociar os direitos de subscrição diretamente no mercado. Assim, também é possível vender esse direito a outros interessados.
Juros sobre capital próprio
Os Juros Sobre Capital Próprio (JCP) consistem também em uma distribuição feita em dinheiro e é aplicável somente às ações. A diferença para os dividendos é contábil, pois ela acontece antes de a empresa pagar os impostos.
Sendo assim, não envolve o lucro líquido e, sim, o montante obtido antes dele. Por isso, o JCP é um provento tributável, diferentemente dos dividendos. Logo, ao receber os valores, os investidores devem pagar o Imposto de Renda.
Nesse caso, a alíquota é de 15%, com retenção na fonte. O principal motivo para a escolha do pagamento de JCP pelas empresas, em detrimento dos dividendos, é a questão fiscal. Como ele é contabilizado como despesa do negócio, reduz o lucro líquido e, consequentemente, a base de cálculo de tributação.
Bonificação
A bonificação engloba outro tipo de provento, também referente apenas às ações. Ao descobrir o que são proventos como dividendos e JCP, você aprendeu que o pagamento, em ambos os casos, é feito a partir da distribuição de parte do lucro obtido.
Porém, em determinadas situações, a empresa pode escolher pagar menos que o previsto se estiver em uma situação financeira delicada. Além disso, pode escolher separar parte dos ganhos para situações específicas.
Em ambos os cenários, há a formação de uma reserva de capital, como um mecanismo de segurança financeira. Assim, em determinado momento, a empresa pode escolher distribuir parte ou o total dessa reserva aos investidores.
Como se trata de um pagamento extra, ele fica conhecido como bonificação. Vale saber, ainda, que esse lucro acumulado é distribuído na forma de dinheiro ou na forma de ações, em quantidade proporcional à participação do investidor.
Ainda, considerando que esse pagamento não ocorre sempre, ele pode coexistir com outros tipos de distribuição de proventos.
QUAIS SÃO OS IMPACTOS DOS PROVENTOS NO PATRIMÔNIO EM LONGO PRAZO?
Como você deve imaginar, o recebimento de proventos pode gerar impactos positivos no longo prazo — e trazer muitos benefícios para quem investe.
Por suas características, essa é uma forma de aumentar o retorno do investimento na renda variável. Assim, não é preciso se limitar à valorização das ações ou cotas ao longo do tempo.
Além disso, quando o pagamento acontece com regularidade, pode favorecer o aumento do retorno geral da carteira de investimentos. E, caso os valores recebidos sejam utilizados na forma de reinvestimento, se torna possível fazer aportes maiores e com maior frequência.
Assim, no longo prazo, esse mecanismo pode ajudar a multiplicar o seu patrimônio devido à ação dos juros compostos. E os recebimentos de dividendos tendem a se tornar cada vez mais significativos.
Por fim, é importante ter em mente que os pagamentos recorrentes — especialmente dos dividendos e juros sobre capital próprio — podem ser decisivos no alcance de objetivos financeiros. Por exemplo, a meta de viver de renda passiva e atender às suas necessidades financeiras.
COMO RECEBER E LUCRAR COM PROVENTOS?
Já que a distribuição de proventos para investidores pode ser interessante para investidores de longo prazo — especialmente aqueles interessados em manter aportes com foco no recebimento de dividendos, é importante saber como receber os proventos e lucrar com eles, certo?
Como você viu, existem dois investimentos principais que podem distribuir proventos com frequência: ações e fundos de investimentos imobiliários. Por isso, é preciso contar com boas pagadoras na carteira para usufruir desse benefício.
Entretanto, lembre-se de que cada fundo ou empresa tem regras específicas sobre os pagamentos. Assim, é necessário fazer análises detalhadas dos investimentos para entender se eles são adequados aos seus objetivos.
Outro ponto importante é entender que os proventos recebidos se tornam maiores conforme a sua participação como acionista ou cotista do FII. Diante disso, é preciso planejar os seus aportes para que o potencial de retorno atenda às suas necessidades, no prazo que definiu para elas.
O QUE AVALIAR ANTES DE INVESTIR COM FOCO EM PROVENTOS?
Caso você tenha interesse em aproveitar o pagamento de proventos, é necessário fazer um bom planejamento para tomar decisões alinhadas ao seu objetivo. E manter uma estratégia alinhada a eles.
A seguir, você acompanhará as principais dicas que podem ajudar você a definir sua estratégia para fazer os investimentos e compor um portfólio com foco no recebimento de proventos.
Acompanhe!
Identifique seu perfil de investidor
Como os investimentos em ações e FIIs são aqueles que pagam proventos, é necessário avaliar se o seu perfil de investidor está alinhado com essas alternativas. Como são investimentos de renda variável, é preciso que você tenha tolerância para lidar com as oscilações do mercado.
Uma vantagem é que, normalmente, empresas boas pagadoras de dividendos costumam ser mais sólidas, e cujas ações tendem a ser menos voláteis que empresas em crescimento. Dessa maneira, se torna mais fácil fazer escolhas consistentes.
Avalie as informações do investimento
Para saber mais sobre o tipo de distribuição de proventos feito por determinada empresa ou fundo, é preciso observar as informações divulgadas por eles. Nas companhias, os dados constam no estatuto social.
Logo, antes de investir vale a pena conferir quais são as definições previstas para o pagamento de proventos. Você saberá, por exemplo, quanto do lucro líquido a empresa distribui na forma de dividendos ou como é a taxa de distribuição dos juros sobre capital próprio.
Em relação aos FIIs, as informações podem ser verificadas na lâmina do fundo. Afinal, os pagamentos podem ter frequências diferentes, a depender de cada FII. Assim, você conseguirá avaliar se o FII atende às suas expectativas quanto aos pagamentos de proventos.
Realize uma análise fundamentalista
Por fim, é importante fazer uma análise fundamentalista. Por meio dela, é possível encontrar quais ações ou fundos são melhores pagadores de dividendos. Existem diversos indicadores que podem ser utilizados.
Aqui, um dos principais é o dividend yield (DY). Ele é dado pela relação entre o total de dividendos distribuídos por ação ou por cota em um período sobre o preço de negociação do ativo. Assim, é possível saber qual é o retorno em dividendos em relação ao investimento.
Também existe o dividend payout (DY). Ele consiste na relação entre o total de dividendos distribuídos sobre o lucro líquido em um mesmo período. Logo, ele demonstra quanto do lucro líquido foi distribuído dessa forma.
Além disso, nas ações, é importante conferir o nível de saúde financeira da empresa. Afinal, quanto melhor for a situação econômica, maiores são as chances de obter lucros e, consequentemente, a distribuição de resultados.
Outra dica é avaliar o histórico de pagamento de proventos em momentos anteriores. Contudo, esse não deve ser o único elemento considerado. Isso porque o desempenho no passado pode não se repetir. Portanto, avalie esse dado junto a outros indicadores para uma decisão mais acertada.
Ao aprender sobre o que são proventos você passou a conhecer uma outra forma de remuneração do investimento em ações e fundos imobiliários. Com uma estratégia focada nesses pagamentos, você pode buscar vantagens sobre o retorno obtido e a consolidação do patrimônio no longo prazo.
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