Uma Oferta Pública Inicial (IPO) é a primeira oferta de ações de uma empresa ao público geral, ou seja, é a sua estreia na Bolsa de Valores. Durante este processo de lançamento, ações da empresa são listadas pela primeira vez, permitindo que qualquer investidor possa adquirir parte da empresa.

Esta é uma oportunidade criada para que investidores desconhecidos possam investir na empresa, por meio de um mercado regulamentado e oficial. Além disso, também costumam despertar curiosidade e interesse dos investidores e público em geral referente àquela empresa, fazendo com que os holofotes do momento sejam direcionados para ela.

Neste artigo, vamos explicar o que é IPO, quais são as etapas para fazer um, qual o impacto na empresa e como você, investidor, pode participar de um. Boa leitura!

Definição e propósito do IPO

O IPO, da sigla em inglês Initial Public Offering (Oferta Pública Inicial, em português), é a abertura do mercado de ações oferecido por uma empresa privada ao público geral. Isso quer dizer que a empresa poderá receber novos sócios, tornando-se uma companhia de capital aberto com papéis negociados no pregão da bolsa.

Esta oferta de ações é vendida por um banco de investimentos, e os recursos gerados são usados para financiar o crescimento da empresa. O propósito de um IPO é permitir que a empresa obtenha capital, aumentando sua liquidez e propriedade corporativa ao mesmo tempo.

Breve histórico dos IPOs no mercado financeiro

Os IPOs são uma prática relativamente antiga no mercado financeiro. Na verdade, elas existem desde a primeira Bolsa de Valores, já que as empresas precisam estrear na bolsa para começar a acumular capital por meio da sua oferta pública.

A primeira bolsa do mundo foi a Bolsa da Antuérpia, na Bélgica, e tinha como base as negociações de empréstimos feitos na época. No entanto, a primeira ação comercializada numa Bolsa de Valores foi na Bolsa de Amsterdã, pertencente à Companhia Holandesa das Índias Orientais.

No Brasil, o primeiro IPO data de 1808, com a chegada da família real portuguesa ao país e com a fundação do Banco do Brasil. Com a abertura do banco, foi necessário buscar por acionistas, sendo a primeira oferta pública inicial de ações no país.

Entendendo o processo do IPO

Entre as fases mais importantes para a realização de uma Oferta Pública Inicial (IPO) estão a preparação, documentação e levantamento de fundos. Para que o processo seja concluído com sucesso, é necessário que sejam cumpridas algumas etapas que garantam a segurança dos investidores e reguladores.

Etapas de um IPO

A realização de um IPO é uma tarefa complexa que engloba múltiplas etapas. Não é algo que acontece da noite para o dia, podendo demorar, inclusive, mais de um ano.

As etapas de um IPO são divididas em vários estágios:

  1. Planejamento: essa é a fase mais demorada do processo, já que é necessário fazer o levantamento de todos os documentos, a auditoria das finanças da empresa (é necessário apresentar três anos de balanços auditados) e, ainda, definir todas as características da operação. Um IPO pode demorar de oito meses a três anos até acontecer;
  2. Roadshow: nesta etapa, acontece a apresentação da empresa e da oferta para o mercado, principalmente para grandes fundos de investimento, corretoras, analistas financeiros e potenciais investidores. Essas reuniões são realizadas pelas instituições financeiras que assessoram a operação;
  3. Registro e listagem: é necessário realizar a solicitação de registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e autorização para venda de ações ao público. Além disso, também é preciso pedir o registro de listagem na B3, a bolsa brasileira. Depois disso, a empresa deve realizar um aviso ao mercado;
  4. Prospecto: neste momento, a empresa cria um prospecto de IPO, apresentando informações essenciais para que o investidor entenda mais sobre a empresa e sobre a oferta em si;
  5. Período de reserva: grandes fundos de investimentos já demonstraram seu interesse em participar de um IPO no roadshow, mas este é o momento para os investidores não institucionais reservarem seus pedidos;
  6. Bookbuilding: depois do período de reserva, há a fase do bookbuilding, em que é informado a quantidade e o valor das ações que os investidores institucionais indicaram que gostariam de comprar para que seja estabelecido o preço a que os papéis serão efetivamente lançados.
  7. Contratos e auditoria: esta é a etapa em que o setor jurídico responsável pelo processo de abertura de capital da companhia redige os contratos de transição de propriedade para fazer as ações;
  8. Estreia na bolsa (IPO): chegou o grande dia da estreia na Bolsa de Valores. Neste dia, geralmente, há um evento na bolsa, inclusive é comum que os representantes da empresa toquem um sino simbolizando a abertura do pregão e a estreia da empresa na bolsa. Este dia é acompanhado com entusiasmo para ver como o mercado recebe as ações da companhia.

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A Importância dos Auditores e Reguladores no IPO

Os auditores independentes desempenham um papel importante no processo de IPO. O auditor tem a responsabilidade de verificar a exatidão das informações contidas na documentação preparada pela empresa e de confirmar que todas as informações necessárias estão incluídas.

Já os reguladores normalmente exigem que os documentos de oferta sejam cuidadosamente revisados antes da listagem na bolsa. O objetivo desta revisão é garantir a proteção dos investidores e o bom funcionamento do mercado.

A participação dos bancos de investimento no processo

Os bancos de investimento também desempenham um papel vital durante o processo de IPO, pois são responsáveis por operacionalizar a venda de ações de uma empresa na bolsa, auxiliando no IPO.

Além disso, os bancos de investimento podem ajudar a empresa a estabelecer redes de relacionamento com os investidores e contribuir para a promoção da oferta. Estas redes podem ser de grande valor para a empresa, pois permitem que ela converse com grandes investidores e aumente o interesse por suas ações.

A decisão de ir a público

A decisão de iniciar um IPO começa muito antes de vir a público o pronunciamento. Há diversos motivos que podem levar uma empresa a iniciar o processo.

Motivações para uma empresa realizar um IPO

As motivações para realizar um IPO por uma companhia podem ser muitas, como:

  • Arrecadar capital para expansão do negócio, financiamento de projetos, entre outros;
  • Aumentar o valor da empresa;
  • Usar suas ações como forma de pagamento na aquisição de outras empresas;
  • Criar um referencial de avaliação para o negócio;
  • Incentivar a profissionalização da gestão;
  • Fortalecer a imagem da empresa;
  • Obter capital para empreendedores ou viabilizar a saída de sócios investidores;
  • Entre outras.

Existem muitas empresas que abriram deu capital na bolsa e hoje estão disponíveis para investimento. Por isso, é importante que, ao tomar a decisão de investir, você tenha um estratégia bem definida e baseada em dados. Converse com nossa equipe de wealth advisor para entender o seu perfil de investidor e objetivos financeiros antes de começar a investir!

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Desafios e considerações para as empresas

Ao planejar um IPO, as empresas precisam considerar os desafios associados ao processo. Primeiro, elas precisam reunir todos os documentos e informações necessários para a preparação e publicação dos prospectos e a realização de auditorias independentes. Além disso, as empresas devem se preparar para um aumento de regulamentação, pressão para divulgar informações e mudanças na estrutura organizacional.

Apesar de poder gerar muitos retornos positivos para a companhia, a empresa também pode enfrentar novos desafios que precisam ser mapeados.

Alternativas ao IPO

Embora o IPO possa ser uma das principais fontes de capital para as empresas, existem algumas alternativas que podem ser consideradas. Uma empresa pode procurar capital de investidores de venture capital, financiamento de empréstimos bancários ou emissão de títulos privados. Em alguns casos, empresas familiares ou fechadas também podem vender ações aos funcionários atuais ou investidores externos para levantar fundos.

O impacto de um IPO na empresa

Uma Oferta Pública Inicial (IPO) costuma ser um processo longo e complexo, com muitas mudanças na estrutura organizacional e governança corporativa da empresa. É importante entender essas mudanças para avaliar como um IPO afeta a empresa e os seus negócios.

Mudanças na estrutura organizacional e governança corporativa

Uma Oferta Pública Inicial afeta a estrutura organizacional e a governança corporativa da empresa. Os acionistas públicos exigem maior transparência e responsabilidade dos executivos, por isso a empresa precisa revisar e atualizar seus procedimentos internos e códigos éticos. É preciso ainda estabelecer estruturas de monitoramento para assegurar que as políticas e práticas da empresa estejam em conformidade com as leis e regulamentos do mercado.

Além disso, muitas empresas contratam um diretor financeiro e um diretor de relações com investidores para assegurar que a empresa esteja em conformidade com as necessidades dos acionistas públicos. Esses diretores podem ser responsáveis pela divulgação de informações relacionadas à empresa no prazo estabelecido pelas leis de valores mobiliários.

Impactos financeiros de um IPO

O impacto financeiro de um IPO depende da quantidade de novas ações emitidas e do preço inicial das ações. De um modo geral, quanto maior o preço inicial das ações, maior o benefício para a empresa. A empresa também obtém benefícios financeiros ao emitir novas ações, pois pode obter fundos para financiar projetos ou comprar equipamentos.

Porém, há dois fatores a se considerar em relação a isso:

  • Para iniciar um IPO, a empresa gasta muito tempo e dinheiro para se adequar aos procedimentos e seguir todos os passos, impactando diretamente no caixa da empresa;
  • Após o IPO, a empresa poderá recuperar todo o seu investimento e arrecadar mais capital. Isso dependerá de como o público vai receber a nova oferta e de diversos outros fatores.

A importância da transparência e divulgação de informações

Ao realizar uma Oferta Pública Inicial, a empresa está se comprometendo a divulgar regularmente informações financeiras e outros detalhes importantes sobre a companhia e suas operações. Esses relatórios financeiros e de divulgação de informações são importantes para os investidores, pois eles podem usar esses dados para avaliar o desempenho da empresa.

Portanto, é importante que as empresas mantenham um alto nível de transparência ao divulgar informações sobre seus negócios e operações.

Participando de um IPO como investidor

Você sabia que é possível participar de um IPO como investidor e não apenas como empresa? Entenda como você pode fazer isso!

Como um investidor pode comprar ações em um IPO?

Um IPO é uma oportunidade para os investidores comprarem ações de uma determinada empresa. Para participar de um IPO, os investidores precisam:

  • Abrir uma conta numa corretora;
  • Consultar quais empresas estão abrindo capital (pode ser feito no site da B3, por exemplo);
  • Fazer um pedido de reserva diretamente na sua corretora;
  • Realizar o pagamento depois que o processo de bookbuilding for finalizado;
  • Acompanhar o início das negociações na Bolsa de Valores.

Caso você não queira reservar as ações, pode aguardar pela data da estreia da empresa na bolsa e comprar ações já no primeiro dia.

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Riscos e potenciais recompensas de investir em um IPO

Os investidores precisam estar cientes dos riscos de comprar ações de uma empresa antes de seu IPO, pois podem acabar perdendo dinheiro se o preço das ações cair drasticamente depois do lançamento.

Além disso, não há um histórico longo de informações a respeito do desempenho na bolsa, justamente por ela ter recém aberto seu capital.

Por outro lado, os investidores que compram ações no preço inicial do IPO podem obter uma grande recompensa se o preço das ações subir significativamente.

Considerações importantes ao investir em IPOs

É importante que os investidores avaliem cuidadosamente a empresa antes de investir seu dinheiro. É necessário entender os riscos envolvidos, os resultados financeiros e o histórico da empresa antes de tomar uma decisão de investimento. Mais importante ainda é investir com uma estratégia clara. Baixe gratuitamente nosso ebook com a metodologia completa de investimentos do Clube do Valor.

Além disso, os investidores devem levar em conta o preço proposto pelo banco de investimento e também as taxas e comissões associadas ao IPO.

Casos de sucesso e falhas em IPOs

Ao longo de toda a história da Bolsa de Valores, muitas empresas já passaram pelo processo de IPO – umas com sucesso e outras nem tanto. Conheça alguns desses cases!

Exemplos de IPOs bem-sucedidos e o que aprender com eles

Ao longo da história dos IPOs, muitas empresas foram bem-sucedidas nas suas estreias da Bolsa. Conheça alguns exemplos.

No Brasil, os IPOs da B3 e do Banco Inter são bons exemplos de sucesso.

A B3, que é a empresa responsável pela Bolsa de Valores brasileira, apresentou uma expressiva valorização desde sua abertura de capital. Além disso, ela apresenta uma governança exemplar e efetividade na gestão, tornando-a uma estreia de sucesso.

O Banco Inter, por sua vez, criou um marco na história dos IPOs na bolsa, sendo o primeiro banco 100% digital a fazer a sua oferta pública no Brasil. Além de apresentar bons resultados após a sua estreia na bolsa, o Banco Inter abriu novos caminhos para que outros bancos digitais pudessem criar seus IPOs também.

Alguns dos maiores IPOs do Brasil, além dos citados acima, também foram das seguintes empresas:

Já ao analisarmos os IPOs realizados ao longo da história no mundo, podemos destacar as seguintes empresas:

  • Facebook, Inc. (2012);
  • Banco Agrícola da China (2010);
  • General Motors (2010);
  • Visa, Inc. (2008);
  • Entre outros.

Aqueles que estudam os IPOs bem-sucedidos enxergam algumas características comuns. Em primeiro lugar, é preciso ter um produto ou serviço que seja único ou com um grande potencial de crescimento.

Em segundo lugar, é importante ter uma equipe dirigente experiente e competente para maximizar o crescimento. Por fim, um bom relacionamento com os investidores e a comunidade de capital de risco é fundamental para alcançar o sucesso de um IPO.

Exemplos de IPOs que não saíram como esperado e lições importantes

Apesar dos casos de sucesso, há muito a aprender com IPOs que não saíram como o esperado.

Alguns dos motivos para que um IPO não saia como o esperado podem ser:

  • Margens fracas;
  • Cenário macro (inflação, política externo, etc);
  • Marca fraca e pouco conhecida (no caso de startups, por exemplo);
  • Governança fraca;
  • Entre outros.

Um exemplo emblemático foi o caso da Uber, que ganhou o status de startup unicórnio nas primeiras rodadas de investimento, mas perdeu mais de 44% do seu valor de mercado.

Outro exemplo de IPO não bem-sucedido foi o da empresa WeWork, que anunciou o adiamento da sua oferta pública por período indefinido, com a justificativa de que seus novos co-CEOs precisavam se concentrar no negócio principal.

Perguntas frequentes sobre IPO

O IPO de uma empresa pode gerar muitas dúvidas nos investidores. Por isso, veja as respostas para as perguntas mais frequentes sobre esse assunto!

O que acontece se as ações de um IPO não forem totalmente vendidas?

Há alguns tipos de garantias que podem ser utilizados no IPO de uma empresa. Os dois mais comuns são:

  • Garantia firme: a instituição financeira intermediária subscreve toda a emissão de ações e assume o compromisso de vendê-las posteriormente. Neste caso, o risco da venda fica com a instituição, sendo mais vantajoso para a empresa emissora dos títulos;
  • Garantia residual: quem assume a responsabilidade de vender os papéis aos investidores é a própria empresa. Caso não consiga vendê-las, a instituição financeira deverá comprar os títulos que não foram negociados. Neste caso, o risco da vendo no IPO é dividido entre empresa emissora e instituição responsável pela operação.

Os funcionários da empresa podem comprar ações no IPO?

Sim, os funcionários da empresa são permitidos comprar ações no IPO. No entanto, eles podem enfrentar algumas restrições. Por exemplo, a empresa pode limitar o nível de participação dos funcionários no IPO ou impor um período de retenção antes que os funcionários possam vender suas ações. Além disso, as empresas ainda podem oferecer um desconto para os funcionários, incentivando, assim, que eles comprem ações da companhia.

Qual é o papel da Bolsa de Valores em um IPO?

A Bolsa de Valores é responsável por supervisionar a negociação de ações durante um IPO, oferecendo um lugar seguro para que as negociações possam acontecer. Ela estabelece as regras para todos os investidores que desejam participar da oferta. Isso inclui a determinação do preço de oferta e o cronograma de negociação. A Bolsa de Valores também acompanha os preços das ações após o IPO para garantir que os mercados sejam regulados.

Quais são os tipos de ofertas?

Existem dois tipos de ofertas, que variam dependendo da origem dos papéis e do destino dado aos recursos levantados. Conheça:

  • Ofertas primárias: são a venda de novas ações emitidas pelas companhias no mercado. O dinheiro normalmente vai para o caixa da empresa, aumentando o seu capital social e sendo utilizado para a expansão dos negócios;
  • Ofertas secundárias: são a venda de ações que já existiam, não havendo aumento de capital. Os papéis pertencem a sócios da empresa que querem se desfazer de sua participação no negócio. Dessa maneira, o dinheiro vai para os proprietários das ações vendidas e não para o caixa da empresa (são as negociações feitas por investidores na bolsa no dia a dia).

Quanto custa abrir um IPO?

Não existe um valor exato que deve ser pago pela empresa para fazer o seu IPO. Apesar disso, a B3 estima que seja uma média de 6% do valor da oferta.