Você sabe exatamente como funciona a renda fixa?
Sabe quais são os principais ativos dessa classe disponíveis no Brasil?
Neste artigo, vou explorar este tema e explicar pontos importantes a respeito de alguns produtos financeiros bastante populares por aqui.
Em posse dessa informação, tenho certeza que você saberá escolher com mais facilidade em quais ativos investir o seu dinheiro.
Estou falando de investimentos como CDBs, LCs, debêntures, LCIs,  LCAs e os tradicionais Títulos Públicos.
A ideia aqui é desmistificar algumas características bastante importantes sobre esses ativos, compartilhar com você os seus principais riscos e tudo que você precisa saber antes de investir seu patrimônio em algum desses produtos.

POR ONDE COMEÇAR?

Você já se sentiu totalmente perdido antes de escolher em qual ativo investir?
Existem tantos produtos diferente no universo financeiro brasileiro…
Especialmente em renda fixa, que é formada por uma verdadeira sopa de letrinhas que pode confundir o investidor.
CDB, LC, LCI, LCA, LTN, LFT, NTN…
A escolha de qual título investir acaba não sendo tão fácil.
Você até poderia argumentar que basta comparar a rentabilidade de cada ativo e escolher o que mais rende.
Porém, eu acredito que essa é uma abordagem bastante simplista.
Afinal, eu defendo que você conheça cada tipo de ativo que você possui na sua carteira.
Ou seja: que você entenda seus riscos, suas características, seu formato de rentabilidade, como o imposto de renda é auferido e muito mais.
É exatamente o que eu pretendo com este artigo.
Apresentar, brevemente, as principais características dos principais ativos de renda fixa do universo brasileiro.
Explicar quem emite cada ativo, como o imposto de renda é apurado em cada um deles, como a rentabilidade de cada um funciona e assim por diante.
Basicamente, explicar o mínimo que você precisa saber antes de investir parte da sua carteira de investimentos de renda fixa.

PONTOS BÁSICOS SOBRE RENDA FIXA

Começando pelo início: o que exatamente é renda fixa?
Nesse tipo de ativo, o investidor sabe de antemão qual será a regra dos rendimentos do seu patrimônio aplicado.
Não é exatamente o quanto vai render, mas sim como será calculado esse rendimento e durante qual prazo ele vai vigorar.
E essa diferença é muito importante e tende a confundir os investidores.
Pense num ativo de renda fixa como um contrato.
Um contrato de empréstimo.
Uma operação em que você está emprestando dinheiro para uma instituição, a emissora do título, por um prazo determinado.
E esse emissor remunera os compradores do título com juros sobre o valor emprestado.
O que dá o nome a cada aplicação de renda fixa é:

  • A natureza do emissor dos títulos; e
  • A natureza dos títulos.

Portanto, temos quatro diferentes tipos de instituições que emitem títulos de renda fixa:

Governo federal

Os tradicionais títulos públicos são os títulos de dívida emitidos pelo governo federal.
Desde 2002, os investidores pessoa física podem adquirir esses títulos através do programa Tesouro Direto.
Porém, esses ativos também são negociados no mercado secundário, mas há preços muito mais restritivos.

Bancos

Os bancos, quando emitem títulos “comuns” de dívida, emitem CDBs.
Eu cito aqui títulos “comuns”, porque os bancos podem emitir também títulos cujo capital levantado será atrelado diretamente para financiamentos no setor imobiliário e de agronegócio.
Quando isso ocorre, estamos falando das LCIs e LCAs, respectivamente.

Financeiras

As financeiras, que são instituições que não são bancos, mas que atuam na concessão de crédito, emitem as LCs, ou letras de câmbio.
Esse título não tem nenhuma relação com a taxa de câmbio ou com outras moedas e funciona exatamente igual às CDBs emitidas pelos bancos.
A única diferença é o emissor (em vez de bancos, financeiras).
Assim como os bancos, as financeiras também podem emitir LCIs e LCAs.

Empresas comuns

Por fim, temos as empresas comuns que, quando emitem títulos de dívida, são chamados de debêntures.

AS 4 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE RENDA FIXA (CRÉDITO PRIVADO)

Agora que já entendemos o que é renda fixa e quem emite cada título, está na hora de nos aprofundarmos mais nesse tema.
Por isso, quero mostrar as 4 principais características desses ativos e que devem ser observadas pelo investidor na hora de escolher o investimento ideal.

Forma de remuneração dos títulos

Em se tratando da forma de remuneração, ela pode se dar de três formas:

  • Pós-fixada;
  • Prefixada; ou
  • Híbrida.

Títulos pós-fixados

A rentabilidade pós-fixada é quando a rentabilidade do seu ativo está atrelada diretamente a um outro indicador.
No mundo da renda fixa crédito privado, esses títulos geralmente são atrelados ao CDI e são os mais comuns de se encontrar.
É aquele ativo que rende uma porcentagem do CDI, como 118% do CDI, por exemplo.
Em se tratando de títulos públicos, o representante dos pós-fixados é o Tesouro Selic (anteriormente conhecido como LFT ou Letra Financeira do Tesouro).
Porém, em vez de estar atrelado ao CDI, esse título tem a sua remuneração baseada na Taxa Selic, a taxa mãe da economia brasileira.
Vale ressaltar que o próprio CDI acompanha de perto a Selic e quase podemos assumir que os dois possuem o mesmo valor na prática (embora sejam um pouco diferentes)
O nome dessa classe é “pós-fixada” porque o investidor só saberá exatamente quanto, em reais, o seu investimento renderá, depois da aplicação.
Afinal, sabemos qual é o CDI e Selic hoje, mas não saberemos qual será o CDI e Selic médios entre hoje e a data de vencimento do título.

Títulos prefixados

Na sequência, temos os títulos prefixados, que representam justamente o contrário.
Nesse caso, o investidor sabe exatamente quando o seu patrimônio renderá ao ano no momento da aplicação.
São aqueles ativos que possuem uma taxa “cheia” de retorno, como por exemplo 10% ao ano ou 12% ao ano.
No caso dos títulos públicos, o representante é o Tesouro Prefixado, anteriormente chamado de LTN ou Letra do Tesouro Nacional.
Ainda há o Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F), que antecipa a rentabilidade contratada através de pagamentos semestrais.

Títulos híbridos

Por fim, temos os títulos híbridos, que possuem parte da sua remuneração pós-fixada e parte prefixada.
Esses títulos geralmente são atrelados à inflação, rendendo, por exemplo, inflação + uma porcentagem prefixada (IPCA + 4,5% ao ano, exemplificando).
No universo dos títulos públicos, esses são os títulos do Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal), que também possuem uma variação que distribui juros semestrais (NTN-B)

Garantia do FGC (para títulos de crédito privado)

O FGC, ou Fundo Garantidor de Crédito, é uma instituição privada, formada por todos os bancos comerciais, múltiplos, de investimentos e sociedades de crédito, as financeiras.
Ele foi criado para administrar um mecanismo de proteção aos investidores, garantindo, em alguns ativos de renda fixa, uma espécie de “seguro”.
Neste ponto, é importante destacar o seguinte: se você investe em algum ativo de renda fixa e a instituição emissora desse ativo quebra, você teoricamente perde todo o seu dinheiro.
E eu digo teoricamente, porque é para isso que o FGC foi criado.
Ele se dispõe a reembolsar todos os investidores de acordo com regras específicas.
Você pode aprender mais detalhes sobre o assunto neste artigo.

E os títulos públicos?

Como os títulos públicos são emitidos pelo governo federal, assume-se que o risco de calote é praticamente nulo.
Isso é o que chamamos de risco soberano ou ativo livre de risco.
Se fôssemos colocar em uma escala de comparação, os títulos públicos são ainda mais seguros do que aqueles protegidos pela garantia do FGC.
Porém, isso não significa que é impossível perder dinheiro investindo no Tesouro Direto – entenda mais neste artigo.

Isenção do imposto de renda

Neste terceiro ponto, temos duas figuras importantes:

  • Os títulos que possuem a incidência normal de imposto de renda; e
  • Títulos que são isentos da incidência do imposto de renda.

CDBs, LCs, debêntures e os títulos públicos seguem a regra “padrão” de imposto de renda para ativos de renda fixa.
O IR é calculado sobre o lucro, o que rendeu da aplicação, e a alíquota vai caindo ao longo dos primeiros 2 anos de aplicação.
De 22,5% vai caindo, primeiro para 20%, depois para 17,5% e, no final, para 15%.
Já as LCIs, LCAs e debêntures incentivadas não possuem a incidência de imposto de renda.
Portanto, tudo o que render será seu, sem nenhuma redução no valor.
Porém, nem tudo são maravilhas.
Os emissores sabem bem dessa característica e, dessa forma, dificilmente você verá uma LCI ou LCA, por exemplo, com uma rentabilidade cheia (bruta) parecida com a de um CDB ou da taxa Selic.
Sua rentabilidade será sempre menor e você terá de comparar qual ativo rende mais, tirando do CDB e títulos públicos o impacto do imposto de renda.
Para isso, eu sugiro que você utilize alguma ferramenta de comparação, como a nossa planilha comparativa de investimentos, que faz essa conta automaticamente para você.

Prazo de vencimento

Por fim, temos como quarto ponto básico a ser entendido a questão da liquidez e do prazo de resgate de cada ativo.
Em via de regra, CDBs e LCs podem ter liquidez diária ou prazos mais longos, que variam de 6 meses e chegando a até 5 anos.
Já LCIs e LCAs não possuem liquidez diária (em via de regra), mas existem algumas com um prazo de 60 ou 90 dias que, depois disso, oferecem a possibilidade de o investidor usufruir da liquidez diária.
Já as debêntures, por sua vez, podem ter prazos mais longos, mas são títulos que podem ser negociados com mais facilidade no mercado secundário.
Ou seja, você pode investir numa debênture com vencimento longo e se desfazer dessa aplicação antes do vencimento.
Entretanto, considero essa uma prática não recomendada, especialmente para o investidor que está começando.
No caso dos títulos públicos, todos possuem liquidez diária.
Isso significa que o governo federal garante a compra de qualquer título negociado através do Tesouro Direto.
Porém, isso não significa que o investidor sempre ganhará dinheiro com a venda dos títulos.
Há ocasiões em que o investidor pode perder dinheiro – e é muito importante estar atento a esses casos.
Além disso, se o título público for vendido em menos de 30 dias da data de aplicação, haverá cobrança do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
E é sempre importante lembrar que, teoricamente, quanto mais longo for o vencimento do título, maior tenderá a ser sua rentabilidade – o que é válido para os títulos públicos e títulos de crédito privado.
Afinal de contas, o risco do investidor é maior à medida que o prazo de vencimento de seus ativos é maior.

QUAL É O MELHOR TÍTULO DE RENDA FIXA?

Sobre essa pergunta, eu gosto sempre de lembrar a importância de você ter uma estratégia bem clara de investimentos.
A importância de você criar o seu planejamento financeiro e desenhar uma boa alocação de ativos para você antes de realizar qualquer operação de investimentos.
O melhor investimento para você vai depender do prazo que você possui, da sua tolerância ao risco e da sua alocação de ativos individual.
O que eu gosto sempre de incentivar é que o investidor monte uma carteira diversificada, em todos os sentidos.
Especialmente levando em conta os aspectos que eu apresentei neste artigo.
É por isso que não existe uma resposta pronta para essa pergunta.
Além disso, recomendo fortemente um estudo aprofundado em cada um dos ativos mencionados nos últimos parágrafos.
Temos um artigo específico para a maioria deles:

CONCLUSÃO

Resumindo: para investir com conhecimento em renda fixa, você precisa entender quatro pontos básicos sobre todos os ativos:

  1. Como o título remunera o investidor
  2. Se o título é garantido ou não pelo FGC
  3. Se o título é isento ou não de imposto de renda
  4. E qual é o prazo de vencimento do título

Não se esqueça, também, de fazer uma pesquisa mínima sobre o emissor do título (no caso de títulos de crédito privado), independentemente de ele ser garantido ou não pelo FGC.
Isso é importante para que você tenha um pouco mais de segurança sobre o risco de calote.
Por fim, gostaria de reforçar o meu convite para que você conheça a nossa planilha comparativa de ativos de renda fixa.
Com ela você vai ter muito mais clareza sobre qual título investir.

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Eu vou ficando por aqui.
Forte abraço,
Ramiro Gomes Ferreira.