Procurando alternativas para investir em empresas listadas nas bolsas de outros países? Conheça o BDR!

Investir em ações no exterior é o sonho de muita gente. No entanto, poucas são as pessoas que sabem como fazer isso corretamente.

Felizmente, nos dias atuais, existem formas simples de comprar ativos estrangeiros, entre elas a negociação de BDRs.

Disponíveis na B3, os Brazilian Depositary Receipts se tornaram cada vez mais acessíveis para todos os investidores.

Quer entender melhor o que são BDRs, quais seus benefícios e o passo a passo para investir nesses ativos? Continue a leitura!

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O que é BDR?

BDR é a abreviação de “Brazilian Depositary Receipts”, certificados que representam ações emitidas por empresas em outros países.

Esses certificados são negociados na Bolsa do Brasil (B3) e são como valores mobiliários com lastro em papéis de companhias estrangeiras.

Portanto, ao adquirir um BDR, o investidor não está comprando diretamente uma ação de uma empresa no exterior, mas sim um título representativo.

Por existirem de fato, essas ações ficam depositadas e bloqueadas em uma instituição financeira denominada custodiante.

É essa instituição que faz a guarda das ações representadas pelos recibos da BDR.

Além disso, para a emissão dos BDRs no Brasil, a operação também conta com uma instituição chamada de depositária

Para isso, é preciso que haja o registro de um programa de distribuição de BDRs junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Também é responsabilidade da instituição depositária o cumprimento das exigências regulatórias dos BDRs.

Isso sem contar com a divulgação de informações exigidas pela CVM sobre as empresas com papéis listados em outros países.

De modo geral, a estrutura das BDRs consegue simplificar o investimento de brasileiros em bolsas como:

  • NASDAQ;
  • NYSE;
  • Dow Jones;
  • Hang Seng.

Dessa forma, eliminando a necessidade de abrir conta em uma corretora estrangeira ou se arriscar com investimentos internacionais mais complexos.

BDR out ETF

Como é feita a sua negociação na bolsa?

Por serem negociados na bolsa de valores brasileira, a B3, se pode comprar ou vender os BDRs da mesma forma que qualquer ação.

A diferença, nesse caso, é que o investidor não se torna sócio da empresa como acontece ao adquirir alguma das ações brasileiras.

Apesar disso, continua sendo possível ter lucro com a valorização das ações no exterior.

O investidor de BDRs também tem direito aos dividendos distribuídos pelas companhias internacionais direto na sua conta da corretora de valores.

Ademais, vale ressaltar que esse tipo de investimento está atrelado ao dólar.

Por esse motivo, as variações do câmbio impactam diretamente no preço do BDR, cotado em real.

Na prática, isso significa que as altas do dólar acabam sendo positivas para quem possui BDRs em seu portfólio. 

Isso porque se torna possível lucrar tanto com a valorização dos papéis no exterior quanto com a valorização da moeda americana.

Quais são os BDRs listados na B3?

Atualmente, são mais de 700 BDRs disponíveis aos investidores brasileiros, após a adição de 33 ativos deste tipo em 2021 pela B3.

Nesse sentido, é possível encontrar representações de ações de empresas como:

  • Apple – AAPL34;
  • Amazon – AMZO34;
  • Netflix – NFLX34;
  • Google – GOGL34;
  • Coca Cola – COCA34;
  • Alibaba – BABA34;
  • Microsoft – MSFT34;
  • Facebook – FBOK34.

Além disso, as corretoras também estão aptas a oferecer ETFs negociadas em mercados reconhecidos pela CVM.

Entre os BDRs mais negociados da bolsa, de acordo com o volume de operações, também estão opções como o da Tesla Motors (TSLA34) e Mercado Livre (MELI34).

Atualmente a empresa automobilística mais valiosa dos EUA, a Tesla teve um o BDR mais líquido do mercado em 2021.

Para se ter uma ideia, o volume resultou em movimentos de, em média, R$51,931 milhões por dia.

Já o Mercado Livre, gigante latinoamericano do e-commerce, alcançou um volume médio diário de R$39,462 milhões em doze meses.

Há algum tempo atrás, apenas investidores qualificados, com mais de R$1 milhão de patrimônio, tinham acesso a estes ativos pela B3.

No entanto, com a Resolução CVM 3, essas aplicações se tornaram acessíveis a investidores ‘comuns’, o que explica o ‘boom’ recente dos BDRs.

Quais os tipos de BDRs existentes?

Antes de cogitar a alocação do seu patrimônio em ativos como os BDRs, é importante entender que nem sempre eles são iguais.

No mercado financeiro, o investidor se depara com duas modalidades dos certificados de depósito de valores mobiliários, que são:

BRDs Patrocinados (Nível I, II e III)

O BDR patrocinado consiste na negociação dos recibos de ativos no Brasil por interesse da própria empresa estrangeira.

Quando isso ocorre, a companhia procura instituições para fechar parcerias e realizar a emissão de BDRs na B3.

Durante todo o processo, se precisa seguir as instruções estabelecidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Entre as obrigações, está a distribuição de informações sobre a negociação aos investidores.

É preciso esclarecer de quais níveis os BDRs patrocinados serão, como o I, II e III.

No nível I, o emissor estrangeiro não precisa ter registro na CVM, mas precisa disponibilizar aos investidores brasileiros todos os dados divulgados em seu país.

Se fazem as operações com recibos de ações do nível I no mercado de balcão organizado.

Já no caso dos BDRs de nível II e III, há a obrigatoriedade do registro na CVM, permitindo assim a negociação destes ativos no pregão da B3.

BDRs Não Patrocinados

Entre os mais de 700 disponíveis na B3, os BDRs não patrocinados são os mais encontrados.

Nessa situação, a iniciativa de emissão dos certificados é das instituições depositárias brasileiras, e não das companhias estrangeiras.

Assim, são as depositárias que precisam adquirir os papéis internacionais, realizar o processo de custódia e emitir os BDRs.

Se classifica todos os certificados de ações não patrocinados como de nível I.

Portanto, a negociação ocorre no mercado de balcão e são as instituições depositárias que devem transmitir as informações do emissor externo aos investidores.

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Como investir em BDRs?

O primeiro passo para investir em BDRs é abrir conta em uma das corretoras de investimentos presentes no mercado brasileiro.

São elas que farão toda a intermediação com a B3, possibilitando o acesso dos investidores aos BDRs disponíveis.

Também é importante fazer uma avaliação criteriosa dos BDRs para que seja possível escolher a opção que mais faz sentido para seu portfólio de investimentos.

Para encontrar um determinado ativo, é preciso entender como são os seus tickers, códigos de negociação dentro da bolsa de valores.

No caso dos BDRs, sempre há a sequência de 4 letras para identificar o nome da empresa, seguidas do número 34. Por exemplo: XXXX34.

Agora que você já conhece as diferenças entre os tipos de BDRs para investir, confira o passo a passo para investir em BDRs:

1. Abra uma conta em uma corretora de valores

Como já dito, para investir em certificados de depósito de valores mobiliários emitidos no Brasil, é preciso ter uma conta em uma corretora.

Para escolher a melhor opção, avalie quais os custos e taxas envolvidos no serviço, além da reputação da instituição e suas certificações.

Alguns investidores também consideram o home broker como um critério de escolha importante na abertura de conta.

Idealmente, essa ferramenta usada para compra e venda das ações deve facilitar ao máximo a localização dos ativos e confirmação das transações.

Além disso, é importante que o home broker da corretora ofereça um quadro de acompanhamento, além de estabilidade e segurança durante o uso.

2. Acesse a conta pelo aplicativo ou site

Após inserir login e senha, você estará dentro da plataforma usada para fazer operações na Bolsa.

Com isso, basta fazer uma transferência para a conta com o valor que você deseja aplicar e ir direto para o home broker.

Temos um conteúdo completo que aborda como saber qual o valor justo de uma ação, confira.

3. Selecione o BDR desejado

É dentro do home broker da sua corretora que você deverá clicar no campo de pesquisa e inserir o ticker do BDR a ser comprado.

Para escolher a ação, basta clicar no código de negociação que irá aparecer na tela junto com alguns dados sobre sua cotação atual.

4. Defina a quantidade a ser investida

Após encontrar o ativo da empresa estrangeira de seu interesse, chega o momento de descrever qual o valor a ser investido no certificado.

Atualmente, os BDRs costumam ter suas ações negociadas individualmente, permitindo a compra de 10, 40 ou 105 unidades, por exemplo.

5. Confirme a operação

O último passo para investir em um BDR é apenas a confirmação da operação financeira.

Para isso, basta inserir a sua assinatura eletrônica (disponibilizada pela corretora) para que a ordem de compra seja confirmada e enviada.

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Vantagens de investir em BDRs

Ficou interessado em aplicar seus recursos em certificados de ações?

Sem dúvidas, essa opção de ativo financeiro pode oferecer diversas vantagens aos investidores.

Confira abaixo os principais benefícios de investir em BDRs:

Facilidade para investimento

Uma grande vantagem de investir em BDR é que não é preciso abrir uma conta em uma corretora estrangeira.

Ou seja, só é necessário estar cadastrado em uma corretora de valores brasileira. 

Vale lembrar se realizam que todas as operações em reais.

Portanto, não é preciso se preocupar com taxas extras oriundas da transferência de recursos para fora do país (câmbio).

Basta abrir o seu home broker e comprar o certificado como uma ação comum em poucos minutos.

Diversificação

Os BDRs se tornaram uma maneira de diversificar os investimentos, permitindo ao investidor acessar ações emitidas por companhias não listadas na B3.

Por serem diretamente ligados ao comportamento do dólar, estes ativos também ajudam a diminuir a volatilidade da carteira de investimentos.

Isso, principalmente em contextos de desvalorização do Real como um todo, como crises financeiras e políticas.

Se comparado ao real, que existe apenas desde 1994, após o plano real, investir em ativos atrelados ao dólar acaba por ser uma opção mais lucrativa no longo prazo.

Custos de transação

Por ser negociado no Brasil, direto nas corretoras, o BDR não exige que o investidor lide com custos de remessa e conversão de moeda.

Assim, permitindo que você lucre com o crescimento de empresas estrangeiras de forma simples e prática.

Desvantagens de investir em BDRs

Assim como qualquer investimento, seja ele de renda fixa ou renda variável, o BDR também apresenta algumas desvantagens.

Confira as principais delas a seguir:

Risco de liquidez

Os riscos dos certificados são praticamente os mesmos que investir em ações de uma empresa brasileira.

Isso significa que é preciso avaliar questões como a saúde da empresa e contexto de mercado, além da imprevisibilidade de receita, comum na renda variável.

No entanto, quando se fala em risco de liquidez, se comparado com o investimento direto em ações, os BDRs acabam ficando em desvantagem.

Isso porque, de modo geral, pode ser mais difícil encontrar compradores caso você decida vender seus certificados.

Baixa oferta de ativos

Nem todas as empresas listadas nos EUA possuem BDR listado na B3.

Por isso, quem investe direto no exterior tem a chance de investir em muito mais empresas com capital aberto na bolsa. Na verdade, em qualquer uma delas.

Sendo assim, se você deseja investir em uma empresa que não possui certificados emitidos no mercado nacional, será preciso abrir conta em uma corretora estrangeira.

Retenção de dividendos

Investir em BDR nem sempre significa que você irá receber dividendos.

Existem companhias internacionais, por exemplo, que não dividem o lucro. Até aqui, nada muito diferente do que já acontece com algumas empresas nacionais.

No entanto, mesmo quando há a distribuição de dividendos, o pagamento poderá se reduzir.

Isso porque, em alguns casos, as instituições depositárias retiram uma taxa dos dividendos distribuídos através das BDRs.

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Afinal, comprar BDRs ou ações no exterior: qual escolher?

Decidir entre o investimento direto em ações internacionais ou compra de certificados é algo bastante pessoal.

Cada investidor, observando a sua realidade, precisa identificar que dinâmica se encaixa mais no seu perfil.

É importante considerar pontos como a economia com câmbio vs redução no número de companhias disponíveis, por exemplo.

Se você é um investidor experiente, adaptado ao mercado financeiro e que não acha difícil investir em ações do exterior diretamente, excelente.

Em contrapartida, se estiver buscando manter seus investimentos no Brasil sem perder a lucratividade das ações estrangeiras, as BDRs podem ser uma boa opção.

No final de contas, o que é mais vantajoso para um, pode não ser para outro, pelo menos em determinado momento.

Sendo assim, não há melhor ou pior opção, apenas vantagens e desvantagens que devem ser analisadas com cautela para uma decisão adequada.

Por que investir em ativos dolarizados?

O investimento em ativos dolarizados é recomendado por diversos especialistas.

Um dos principais motivos para isso é a diversificação atrelada a uma outra economia, o que ajuda a diminuir ainda mais os riscos no seu portfólio.

Com ativos dolarizados na sua carteira, mesmo que haja uma crise na economia local, parte dela estará protegida contra grandes desvalorizações.

Por outro lado, em situações de crise econômica mundial, as companhias dos EUA têm muito mais chance de se recuperar rapidamente.

Dessa forma, permitindo que seus investidores recuperem o valor aplicado e conquistado com seus ativos.

Outro benefício dos ativos dolarizados está na possibilidade de explorar mercados não tão populares no Brasil, como o de tecnologia.

Destaque no setor tecnológico e automotivo, a Tesla Motors é só um exemplo do grande potencial oferecido por áreas não tão exploradas no Brasil

Alternativas ao BDR para investir em empresas estrangeiras

Além dos certificados de depósito de valores mobiliários, existem outras opções bastante vantajosas para investir em empresas fora do Brasil.

Confira abaixo quais as principais alternativas para aplicar seu capital em ações estrangeiras:

Fundos internacionais

Os fundos internacionais são uma das maneiras para investir no exterior mesmo em território nacional.

Neste tipo de fundo de investimento, que conta com um gestor responsável pelas aplicações, a carteira é voltada para ativos internacionais.

Na prática, o patrimônio dos cotistas é usado para criar um portfólio de investimentos totalmente atrelado a outras economias.

Por conta disso, os fundos internacionais podem servir para proteger seu capital contra oscilações no cenário financeiro brasileiro.

De acordo com o nível de risco e tipos de aplicações, os fundos de investimento no exterior são divididos em três categorias, que são:

  • Renda fixa: com foco de aplicação nos ativos de renda fixa, como títulos públicos e debêntures;
  • Renda variável: voltado para o investimento em ativos variáveis, como ações, títulos de ETFs e cotas de outros fundos de renda variável;
  • Fundo cambial: direcionado para a compra e venda de moedas de outros países, aproveitando suas fortes oscilações.

No caso dos fundos cambiais, o alto nível de risco faz com que essa seja uma opção direcionada para investidores com perfil mais arrojado.

ETFs

Apesar dos BDRs serem uma forma interessante de investir seu capital nos EUA, não é assim que fazemos nossa diversificação internacional no Clube do Valor.

Preferimos fazer esse investimento através de Fundos de Índice, ou ETFs.

Essa é, inclusive, parte importante de nossa Estratégia Bull Bear de investimentos.

Os ETFs, ou Exchange Traded Fund, são um fundo de investimento listado na bolsa de valores.

Eles funcionam como o de uma empresa de capital aberto, com código de negociação próprio e cotação variável.

O termo Fundo de Índice vem do fato da sua carteira refletir um determinado indicador financeiro.

Para que isso seja possível, a carteira dos ETFs costuma ser composta pelos mesmos ativos (e proporções) de seu índice de referência.

Em 2021, segundo dados da Economática, os Fundos de Índice tiveram um crescimento significativo em números de cotistas, patrimônio e ativos.

Só no mês de dezembro, já eram mais de 170 ETFs negociados na bolsa de valores brasileira, 95 a mais do que no ano anterior.

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Conheça outros tipos de Depositary Receipt (DR)

Além do BDR, existem outros tipos de Depositary Receipt existentes no mercado financeiro, os GDRs e ADRs.

Veja abaixo como cada um deles funciona!

Global Depositary Receipt (GDR)

GDR, ou Global Depositary Receipt, é um título financeiro lastreado em ações de empresas estrangeiras.

Sendo assim, um certificado que representa um conjunto de ações de uma empresa do exterior, mas que é negociado internamente em um país.

O objetivo dos GDRs é permitir que investidores possam aplicar em bolsas estrangeiras sem precisar enviar dinheiro para fora.

Na prática, eles funcionam do mesmo modo que os Brazilian Depositary Receipts, que na verdade são uma modalidade de um GDR.

A diferença, portanto, está apenas no mercado em que são negociados.

American Depositary Receipt (ADR)

Por fim, um Depositary Receipt, como visto, é um certificado que representa as ações de uma empresa.

Como característica principal, esse tipo de investimento é emitido e vendido em países com origem diferente das companhias que o compõem.

No caso dos American Depositary Receipts, ou ADRs, o nome apenas especifica o mercado em que eles são negociados. Nesse caso, os Estados Unidos da América (EUA).

Precisa de ajuda para fazer a gestão dos seus investimentos? Conheça os serviços do Clube do Valor!

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