Quem deseja investir em ações costuma se deparar com diversas alternativas no mercado brasileiro. No entanto, a escolha dos ativos não deve ser feita de forma aleatória. Na verdade, suas chances de êxito tendem a ser maiores se a decisão for pautada na análise de indicadores financeiros.

Afinal, você não pode investir na bolsa tendo apenas a sorte como sua aliada. Diante disso, é essencial conhecer a análise fundamentalista e seus indicadores para identificar os fundamentos de uma empresa. Isso trará mais segurança para as suas escolhas antes de realizar aportes.

Quer aprender mais sobre esse assunto? Confira os 10 principais indicadores financeiros que todo investidor deve conhecer.

Vamos lá?

Indicadores financeiros

O que é a análise fundamentalista?

Antes de conhecer quais são os indicadores financeiros é preciso conferir o que é a análise fundamentalista. Isso porque eles serão utilizados para guiar essa avaliação, trazendo informações relevantes sobre as companhias e os ativos. 

Nesse sentido, vale saber que, quando se trata da bolsa de valores, existem duas principais formas de analisar um ativo: a análise técnica e a análise fundamentalista.

Na primeira, o interessado observa o comportamento do preço através de figuras gráficas e indicadores técnicos. Com base em padrões e estudos, o grafista se posiciona no mercado geralmente em operações de especulação — visando lucro no curto ou curtíssimo prazo.

Na segunda, a análise tende a ser mais ampla. Então o seu uso costuma fazer sentido para quem vai investir pensando no longo prazo. Isso acontece em razão de ser preciso escolher bons ativos financeiros que tenham potencial de crescimento ao longo do tempo

Portanto, conferir a saúde financeira de uma companhia, sua organização societária e a distribuição de lucros, são alguns exemplos de questões analisadas no âmbito fundamentalista. Nesse sentido, a proposta é identificar se a empresa possui robustez e boas perspectivas para o futuro.

O que são os indicadores financeiros?

Por sua vez, os indicadores financeiros são cálculos e métricas utilizados para coletar e organizar informações sobre uma empresa. A função deles é auxiliar na avaliação de aspectos importantes sobre a companhia antes de fazer o investimento.

Quanto maior a clareza e transparência das informações obtidas, mais eficientes serão as análises. Afinal, além de demonstrar desempenhos passados e a saúde financeira do negócio, os indicadores fornecem parâmetros para que o investidor consiga planejar adequadamente o investimento.

Por essas características, muitos indicadores podem ser encontrados nas demonstrações contábeis das empresas listadas na bolsa, que devem divulgá-las periodicamente. Entre as vantagens de fazer essa avaliação, destaca-se a possibilidade de identificar os pontos fortes e fracos de uma empresa.

Desse modo, será possível traçar metas que estejam de acordo com a realidade da companhia em que você deseja investir. E, ao criar o hábito de revisitar periodicamente esses indicadores, as estratégias poderão ser readequadas às eventuais mudanças.

Por que indicadores financeiros são importantes?

No momento em que você for montar sua carteira de ações, analisar os indicadores financeiros pode auxiliar na tomada de boas decisões. Um dos principais motivos para isso é que eles podem ajudar a encontrar o valor justo de uma companhia

Logo, é possível identificar se as ações negociadas estão sub ou supervalorizadas. Ademais, surgem oportunidades de projetar o potencial de valorização do negócio no futuro, a solidez da companhia para enfrentar crises ou vencer à concorrência, entre outros fatores.

A partir disso, as suas decisões poderão ser mais assertivas e próximas aos seus objetivos financeiros. Se os fundamentos de uma companhia revelarem que ela está endividada, por exemplo, o risco de fazer o investimento tende a ser maior.

Com essa questão em mente você pesquisar eventuais aspectos positivos que façam o investimento valer a pena e, assim, gerenciar os riscos. Por outro lado, tomar decisões sem contar com nenhum parâmetro e em companhias que você desconhece é uma prática arriscada. 

Não se esqueça de que, na renda variável, uma decisão equivocada pode potencializar o seu prejuízo e gerar o efeito contrário ao desejado quando se investe.

Que tal conhecer os 10 principais indicadores financeiros?

Indicadores financeiros

Após conhecer os conceitos da análise fundamentalista e de indicadores financeiros, bem como a importância de utilizá-los, chegou o momento de conferir os mais aplicados no mercado de ações. 

Confira a lista com os 10 principais indicadores financeiros que todo investidor deve conhecer!

1. P/L

O preço sobre o lucro (P/L) é um dos indicadores mais populares na análise fundamentalista. Seu cálculo leva em consideração a relação entre o preço de cada ação dividido pelo lucro da empresa por ativo no último período fiscal (12 meses). 

Sua fórmula é:

P/L = P (preço da ação) ÷ LPA (lucro por ação)

De modo geral, se o P/L apresentar um resultado elevado pode ser sinal de que o mercado aceita pagar mais pelo lucro da companhia. Contudo, também pode significar que o lucro está baixo ou que o mercado está precificando o ativo acima do que efetivamente vale.

Por outro lado, um resultado de P/L baixo pode significar exatamente o contrário — e refletir um lucro maior ou que o papel está descontado. Ou seja, está sendo negociado a um preço menor do que deveria estar.

2. P/VPA

O preço sobre o valor patrimonial por ação (P/VPA) é um indicador que representa a relação do preço da ação dividido pelo seu valor patrimonial

A fórmula também é simples, veja:

P/VPA = P (preço da ação) ÷ VPA (valor patrimonial por ação)

Assim, um resultado alto pode indicar que os papéis possuem um preço acima de seu desempenho patrimonial. Isso tende a refletir um otimismo ou expectativa de crescimento do mercado, bem como pode ser fruto de um patrimônio menor.

Já um P/VPA baixo poderá representar que o mercado não está tão disposto a pagar pelo papel. Essa situação costuma indicar problemas na situação financeira da empresa, um desconto pontual ou o crescimento do patrimônio em pouco tempo.

3. Ebitda

A sigla Ebitda significa “earning before interest, taxes, depreciation and amortization”. Traduzida, fica Ladija ou “lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização”. Sua função é informar o lucro da empresa antes de descontar juros, impostos e perdas com depreciação e amortização.

O Ebitda, inclusive, é um dos indicadores mais utilizados na avaliação de performance de uma companhia. Isso em razão de conseguir medir a produtividade da empresa, eliminando os efeitos de financiamentos e outras questões contábeis. 

O cálculo do Ebitda é realizado assim:

Ebitda = Lucro líquido + juros + impostos + depreciação + amortização

4. Margem ebitda

Já a margem ebitda é a relação do ebitda e a receita líquida do negócio — medindo assim a rentabilidade operacional da empresa. O seu cálculo consiste na divisão do lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações pela receita líquida da empresa. 

Ou seja:

Margem ebitda = ebitda ÷ receita líquida

O cálculo dessa margem possibilita que o investidor compare os resultados de empresas de diferentes tamanhos e formas de operação no mesmo setor. Ao realizar essa comparação, é possível concluir qual delas opera seu negócio de modo mais eficiente e lucrativo.

5. ROI

A sigla ROI significa (return on investiment) retorno sobre investimento. Como o próprio nome indica, ele mede o ganho obtido em relação ao investimento realizado. Geralmente após aplicar a fórmula abaixo, o resultado é multiplicado por 100 para obter um número percentual.

Veja só:

ROI = (Ganho obtido – Valor do investimento) ÷ Valor do investimento

Esse indicador também tem a função de avaliar o retorno das operações de uma empresa. Isto é, analisar se as iniciativas e investimentos realizados contribuem para a obtenção de resultados. Além disso, pode demonstrar se a empresa possui capacidade de cobrir seus custos e despesas.

6. ROE

Já o return on equity (ROE) é um dos indicadores fundamentalistas mais importantes para investidores. Ele faz a relação entre o lucro líquido e o patrimônio líquido de uma empresa dentro de um determinado período. 

Veja sua fórmula:

ROE = Lucro líquido ÷ Patrimônio Líquido

Um resultado de ROE elevado pode significar que a empresa é capaz de gerar mais resultados com base no seu patrimônio. Entretanto, ele também pode chegar a esse resultado se o valor patrimonial for baixo.

No sentido oposto, com um ROE baixo, o indicativo será de que a empresa não tem êxito em gerar lucro com base no que possui. Ainda, poderá ser causado por um patrimônio líquido consideravelmente alto.

7. DY

O dividend yield (DY) é um indicador que mede a remuneração paga pelas empresas aos seus acionistas. Por meio dele, o investidor consegue saber quais são as companhias que são boas pagadoras de dividendos.

Ele é obtido pela divisão do total de dividendos pagos por ação nos últimos 12 meses pelo preço atual da ação. Confira a fórmula a seguir:

DY = dividendos pagos por ação ÷ preço da ação

Um resultado alto pode ser sinal de um retorno maior a título de dividendos. Porém, existe a possibilidade de significar um preço de uma ação mais baixo — fruto de uma precificação incorreta ou pessimismo do mercado em relação ao papel.

Contudo, um resultado baixo não é, necessariamente, um sinal de uma empresa que não distribui muitos dividendos, mas pode refletir uma alta valorização da ação. Também é interessante analisar o histórico de pagamento de dividendos e conferir se a distribuição é recorrente.

Muitos investidores buscam o investimento em ações para conseguir obter uma renda passiva no futuro, pensando em uma aposentadoria e outros planos de longo prazo. Mas esse não deve ser o único ponto a ser considerado para escolher uma ação.

8. DP

O dividend payout muitas vezes é confundido com o DY, mas existem diferenças consideráveis entre eles. Ambos são utilizados para medir como as companhias fazem a distribuição de seus lucros. No entanto, o DP não compara o número com o preço do papel. 

Sua fórmula é a seguinte:

DP = Dividendos pagos ÷ Lucro líquido

Nele, é observada a política de distribuição de lucros da companhia. Dessa forma, o investidor descobrirá qual é o percentual de ganhos pagos aos acionistas. Logo, se uma empresa possui um payout de 40%, significa que os outros 60% são retidos para outras finalidades.

Portanto, o DP pode variar de acordo com a necessidade da empresa. Se ela já estiver bem estabelecida no mercado e não precisar de muitos investimentos, por exemplo, poderá distribuir um percentual maior de seu lucro. Caso contrário, pode reter uma parcela maior visando a expansão.

9. Margem líquida

A margem líquida é o indicador que revela o percentual de lucro em relação às receitas que a companhia apresentou em seu demonstrativo de resultados. Logo, é a divisão do lucro líquido pela receita líquida após a dedução de todos os impostos e tributos devidos. 

Acompanhe a fórmula:

Margem líquida = Lucro líquido ÷ Receita líquida x 100

Esse indicador é importante na análise de um negócio. Isso acontece, principalmente, porque ele pode revelar uma vantagem competitiva da companhia. Isso porque empresas que prestam serviços diferenciados tendem a alcançar uma margem de lucro maior.

Indicadores financeiros

10. Margem bruta

A margem bruta é um indicador que auxilia o investidor a identificar o lucro direto que uma empresa obtém com a venda de um bem ou serviço. Geralmente, ele reflete a diferença entre o preço de venda e o seu custo de produção. Sua análise tende a ser útil para saber se o negócio é lucrativo.

Ademais, o indicador pode ser utilizado para comparar os lucros de negócios semelhantes e identificar se os movimentos do lucro acompanham o fluxo do setor. 

A sua fórmula é a seguinte:

Margem bruta = (Lucro bruto ÷ Receita total) x 100

Se o resultado da margem bruta for negativo é preciso ter bastante atenção, pois pode ser sinal de que o negócio pode se tornar insustentável. Isso porque há risco de que as receitas não consigam cobrir os demais custos além da produção.

Além disso, é importante utilizar diferentes indicadores fundamentalistas para obter uma visão ampla sobre o negócio. Afinal, uma avaliação isolada pode ficar enviesada, dificultando a identificação dos motivos para cada resultado obtido para a melhor interpretação da análise. 

Como você viu, os indicadores financeiros podem ajudar o investidor a fazer as melhores escolhas no momento de investir em ações. Além disso, quanto maior o número de informações sobre um negócio, maiores tendem a ser as suas chances de êxito.

Quer saber mais sobre como investir em ações? Conheça o nosso curso DMA (Descomplicando o Mercado de Ações) e aprenda quando comprar ou vender uma ação.