Ao longo da minha trajetória como investidor e, posteriormente, como gestor de investimentos e educador financeiro, eu percebi que existem alguns erros comuns que muitos investidores cometem sem sequer perceber que estão cometendo. Erros que podem custar muito caro e, inclusive, acabar com anos de bons resultados.

No jogo dos investimentos, ganha quem menos erra.

Eu gosto de pensar que investir é como lutar boxe. O que importa não é o quão forte você bate, mas sim o quanto você aguenta “apanhar” do mercado sem ter grandes prejuízos.

Por isso, se você leva a sério o jogo de construção patrimonial, não pode cometê-los. Continue lendo para descobrir quais são os 5 principais tipos de erros do investidor.

Erro #1 – Não compreender o processo de tomada de decisão

Os cidadãos não poderiam dormir tranquilos se soubessem como são feitas as salsichas, as leis e as decisões de investimentos”

Tomo a liberdade de modificar a famosa frase de Otto von Bismarck para provar um ponto: a maioria das pessoas escolhe seus investimentos do jeito errado.

Sim. O que eu mais vejo é a tomada de decisão de investimentos ser baseada em ideias frágeis, especialmente por dicas.

Às vezes são dicas de influencers, de assessores de investimentos ou até de amigos e familiares. Às vezes, são dicas que genuinamente possuem a intenção de ajudar. E o problema nem é esse.

Embora você corra o risco de seguir dicas de pessoas com interesses conflitantes com o seu (pessoas que ganham quanto mais taxas ocultas você paga), para mim o maior problema de seguir dicas nem é esse.

O maior problemas de seguir dicas é que elas não vem acompanhadas de convicção. A dica até pode ser boa, mas a boa tomada de decisão só existe quando você tem convicção do que está fazendo e do por que está fazendo.

E, portanto, para ter convicção, você precisa compreender o processo por trás de cada decisão tomada.

Erro #2 – Acreditar que você consegue prever o futuro

Erros que todo investidor comete

Seja seguindo dicas ou tomando decisões que partem da sua própria avaliação, a maioria das pessoas acredita, no íntimo, que consegue “ler” o cenário econômico e prever o futuro.

Mas a origem desse erro é clara: o desejo por controle. O desejo por controle é natural do ser humano. É algo que buscamos em todas as esferas da nossa vida. É algo, contudo, que não existe no mercado financeiro.

Eu sei: às vezes, ficamos com a sensação de que o futuro é previsível.

Entretanto, essa sensação é falsa.

O que eu mais vejo são investidores – seja profissionais ou individuais – pautando sua tomada de decisões em leituras de mercado.

  • “Vou comprar ações do AÇOUGUE X porque o setor de proteínas vai bombar”.
  • “Irei investir comprar dólar porque o real vai se desvalorizar”
  • “Vou migrar para renda fixa porque a inflação vai subir”

Porém, ao mesmo tempo em que a maioria dos investidores toma decisões assim, a maioria também compra na alta e vende na baixa.

É isso que o conceito de behavior gap mostra.

O que é behavior gap? É o nome dado ao fenômeno em que o retorno dos investidores é pior do que o retorno dos investimentos.

Para você entender, te liga nessa história:

Nos 20 anos entre 1996 e 2015, o mercado de ações EUA quase multiplicou por 5x. A bolsa rendeu 483% no período.

Entretanto, o investidor médio ganhou apenas 251%. Essa diferença é o “behavior gap“.

comprar e vender ações investidor

Sabe por quê esse fenômeno existe?

Porque os investidores consistentemente vendem na baixa, quando as notícias são ruins e o futuro parece ruim, e compram na alta, quando as notícias são boas e o futuro parece bom.

Ou seja, ao tentar prever o futuro, os resultados acabam sendo prejudicados.

Erro #3 – Acreditar que alguém consegue prever o futuro

“Entendi. Eu realmente não consigo prever o futuro, mas o [nome do guru] consegue. Ele previu a [nome da última crise]”.

Falso. Pensar – e agir – dessa maneira também é incorreto.

Sim. Eu sei que existem gurus na internet que previram a última crise. Assim como esses mesmos gurus erraram dezenas de outras previsões.

É claro: como os gurus intencionalmente posam de gurus, eles exploram ao máximo os seus acertos e escondem ao máximo os seus erros.

Então sempre que você ver alguém com uma propaganda dizendo que previu alguma crise ou alguma ação que subiu muito, saiba que essa pessoa também já errou – e bastante.

Ainda mais do que isso: saiba que ela não tem o dom de prever o futuro.

Erro #4 – Confundir o que é divertido com o que gera resultado

Falar sobre investimentos pode ser muito divertido.

Em especial quando você desenvolve suas teses e coloca dinheiro nelas. É muito legal explicar que você investe em empresas boas, inovadoras, que criam produtos e serviços legais.

É muito legal, também, explicar que você “diminuiu exposição na bolsa” porque entende que “com as eleições, ela vai cair”.

Esse aspecto intelectual do ato de investir seduz, diverte e entretém. Pena que não gera bons resultados.

O que funciona ao investir, no limite, é:

  1. Saber em quais classes de ativos você vai investir;
  2. Saber qual estratégia você vai usar para selecionar ativos;
  3. Seguir seu plano com disciplina

Contudo, o problema desses 3 pontos é que eles não são divertidos. Assim, não rendem boas conversas, nem discussões com seus amigos.

Entretanto, investir não é para se divertir. E sim para multiplicar seu patrimônio.

Então esqueça o que é divertido… E foque no que gera resultados.

Erro #5 – Não ter uma alocação de ativos clara

Alocação de ativos ideal

Sabe qual é o melhor investimento deste mês?

É comprar ativos cujo peso na sua carteira estão abaixo do peso ideal.

Se você não entendeu a frase acima, provavelmente você não tem uma alocação de ativos clara.

Aliás, se você não entendeu o termo “alocação de ativos“, certamente você não definiu a sua.

Eu acredito que todo investidor deve, depois de criar objetivos financeiros e entender a sua tolerância ao risco, criar uma alocação de ativos ideal.

Uma “alocação ideal” é uma composição “meta” para a sua carteira de investimentos de longo prazo.

Eu, por exemplo, por ser um investidor bastante tolerante ao risco, tenho a seguinte alocação ideal:

Ter clareza de como compor a carteira me ajuda muito a tomar decisões diárias de investimentos, como:

Não ter uma composição ideal de carteira faz parte dos erros clássicos do investidor.

Erro, este, que te deixa muito perdido a cada decisão que você pretende tomar…

Erro que te tira a tranquilidade…

E te faz cometer outros erros, como os 4 anteriores citados aqui.

Conclusão

Então, se você quer tomar melhores decisões, ver o seu patrimônio crescer e fazer o seu dinheiro trabalhar para você:

  1. Entenda o processo de tomada de decisões de investimentos
  2. Pare de tentar prever o futuro
  3. Não acredite em gurus que dizem conseguir prever o futuro
  4. Foque no que gera resultados, não no que é divertido
  5. Estabeleça qual é a sua alocação de ativos ideal

Gostou do que leu? Então salve esse artigo para consultar novamente no futuro.

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