Se você gosta do universo dos investimentos, já deve ter se deparado com o termo “vieses comportamentais” ou “vieses do investidor” em algum momento. 

Esses termos representam as influências psicológicas, emocionais e de comportamento que influenciam as escolhas e atitudes de quem aplica seu dinheiro. 

Eles mostram que investir não é uma característica apenas racional, como muitos pensam. Um bom exemplo disso é a história do investidor Alex Martins, que chegou a perder 1 milhão de reais com seus investimentos, segundo o Estadão. 

Segundo ele, o imediatismo foi a característica responsável por fazê-lo movimentar altas quantias e, por fim, perder grande parte do seu capital investido — um viés comportamental. 

Percebeu como é importante analisar esses vieses comportamentais do investidor? Saber quais são os principais, que levam à tomada de decisão precipitada, pode ser o segredo para evitá-los. 

Se você quer conhecer os 16 principais vieses comportamentais, basta continuar a leitura. A equipe Clube do Valor desenvolveu este artigo completo, com tudo o que você precisa saber sobre o tema. Acompanhe! 

O que são vieses comportamentais?

Os vieses comportamentais são as crenças, tendências ou princípios que todos têm — quer sejam conscientes disso ou não. Esse conjunto de características dão ao cérebro a base que ele precisa para julgamentos e tomadas de decisões rápidas.

Mas, isso não significa que os vieses são sempre assertivos e levam a boas decisões. Em muitos casos, eles podem ser precursores do fracasso e de más escolhas, que trazem prejuízos. 

Assim como em qualquer área da vida, nos investimentos os vieses comportamentais também existem e são fortes indicadores na jornada de um profissional. 

Quando o assunto é dinheiro, essas crenças são ainda mais fortes. Afinal, são somados também ao perfil de investidor, ao local onde foram criados, sua cultura e sua percepção dos ativos e do mercado financeiro. 

Como vieses afetam decisões de investimento?

Influência dos vieses comportamentais

A depender da situação e do investimento em questão, o viés cognitivo e comportamental pode ser um grande inimigo.

Em especial, se o investidor decide estudar e trocar opiniões apenas com profissionais que pensam do mesmo modo. 

Fica claro, então, que o viés pode ser visto desde a escolha de técnicas até de filosofias de investimentos para conquistar a independência financeira

Para exemplificar, imagine que você seja um investidor altamente conservador e só foque em renda fixa. 

Se decidir seguir e acompanhar apenas profissionais que pensam como você, nunca experimentará outras modalidades, podendo ser induzido ao erro e prejuízo financeiro. Ainda mais se a inflação subir e os títulos de renda fixa se desvalorizarem.

Neste caso, é possível notar que a busca por segurança, equilíbrio e aversão à perda, com o julgamento negativo das outras modalidades. 

A necessidade de confirmação é um viés notável neste caso — você busca teorias e conhecimentos apenas para reforçar suas próprias convicções. 

Isso é tão comum no mundo dos negócios que existe uma área específica, chamada Finanças Comportamentais, para identificar padrões a partir de estudos científicos.

Categorias de vieses em finanças comportamentais

Os vieses comportamentais em finanças são as definições e padronizações encontradas para atitudes comuns dos investidores — que as praticam sem ao menos perceber. 

Como vários julgamentos e preconceitos foram identificados, os estudiosos consideraram sensato agrupá-los em categorias, conforme suas características em comum, a fim de facilitar o entendimento e detecção.

Assim, selecionamos as principais categorias de vieses em finanças comportamentais, sendo elas: 

  • vieses baseados na percepção: ao serem expostos à mesma informação, cada ouvinte concentrará sua atenção em um ponto-chave específico, mudando todo o contexto em sua mente;
  • vieses que induzem a inércia: neste caso, o conjunto de preconceitos leva o investidor a não tomar nenhuma decisão ou ação, prejudicando a escolha assertiva;
  • vieses do pensamento delirante: acontece quando os investidores se encaram como superiores ou mais bem-sucedidos em relação aos outros, sem terem provas concretas que comprovem as estratégias e análise de investimento;
  • vieses de pressão social: este viés é o famoso “Maria vai com as outras”, quando os investidores tomam determinada decisão apenas porque outros no mercado estão fazendo;
  • vieses de simplificação excessiva: são vistos quando os investidores tendem a procurar atalhos e modos de simplificar a tomada de decisão, sempre com o objetivo de ganhar mais com o menor esforço. 

Interessante, não acha? Dentro de cada uma dessas categorias existem vieses individuais, que se agrupam por características comuns. Você entenderá melhor sobre cada um desses vieses comportamentais únicos, citados, a seguir. 

16 vieses comportamentais frequentes de investidores

Dentro de cada categoria, existem os vieses comportamentais frequentes, cada um com um impacto direto sobre os resultados dos investimentos. 

Por isso, é essencial entender quais são os principais e como eles funcionam na prática, a fim de identificá-los no seu comportamento e se desprender deles. 

Para te ajudar nisso, selecionamos os 16 vieses comportamentais mais comuns, somados ao seu resultado no cotidiano do investidor e seus indicadores financeiros. Venha ver! 

1. Ancoragem

Ancoragem como um dos vieses comportamentais

A ancoragem se refere aos primeiros dados e informações recebidas por você, que serão automática e inconscientemente tomadas como referencial para as decisões seguintes.

Um exemplo prático e negativo acontece quando você ainda é criança e está na escola. Se alguém mais velho, de outra série, disser que a disciplina X do próximo ano é extremamente difícil, você acreditará nisso. 

Mesmo que o professor diga o quão fácil é a matéria, ao cursá-la de fato, você já terá em mente que a disciplina é mesmo complicada, tendo que se dedicar mais e, caso isso não aconteça, experimentar resultados negativos. 

Assim, é possível notar que a informação inicial, mesmo de alguém que você não conheça muito bem, prevalece em sua mente como verdade. 

No universo dos investimentos, o mesmo acontece, mas geralmente com preços e valores.

Se ao navegar pelas suas aplicações no Ibovespa (Bolsa), por exemplo, você nota que tem uma ação X custando R$200,00, e outra custando R$50,00, talvez decida realocar seus recursos para a mais barata. 

Essa pode não ser a escolha mais sábia e, por isso, te fazer perder dinheiro ou tomar decisões ruins a longo prazo. Para isso não acontecer, é preciso desenvolver equilíbrio e não agir por impulso.

2. Aversão à perda

Como o próprio nome sugere, quem tem aversão à perda evita ao máximo perder dinheiro ou bens e experimentar essa dor. 

Mesmo que sejam valores iguais, perder é muito pior do que ganhar. Para exemplificar: se você ganha R$50,00 fica feliz. Mas, se o perde, fica extremamente triste, de modo muito mais intenso. 

Assim, no mundo dos investimentos, é comum que decisões arriscadas, com potencial de perda, sejam evitadas. 

É exatamente por isso que tantas pessoas preferem não investir em ações e renda variável.  Mas, vale lembrar que nem sempre isso é positivo, já que pode privar o investidor de novas experiências e de ganhos diferentes. 

3. Falácia do jogador

A falácia do jogador acontece quando um investidor distorce a probabilidade de eventos acontecerem. É o mesmo que acreditar que algo é mais, ou menos, provável devido às suas experiências passadas isoladas. 

Na realidade, é praticamente impossível prever os resultados futuros baseando-se em eventos passados desconexos e aleatórios. 

Isso se exemplifica quando analisamos o caso dos lançamentos de moedas, dadas em cara ou coroa — é impossível controlar o resultado ou criar um padrão sólido. 

O que resta é apenas analisar as possibilidades possíveis e agir de modo prudente. Alguns investidores, por exemplo, vendem ações que parecem estar em alta após subir algumas posições, acreditando que elas logo cairão e trarão prejuízo. 

4. Viés de confirmação

O viés de confirmação retrata aquelas pessoas que, naturalmente, procuram por pessoas e opiniões que validem suas crenças, se afastando de outras que as desafiem, evitando conflitos.

Isso apenas promove análises e decisões tendenciosas, sem considerar o real cenário de mercado. Dessa forma, decisões erradas podem ser tomadas. 

Para evitar esse viés nos seus investimentos, busque opiniões diferentes, que te façam pensar e questionar suas estratégias. Também evite perguntas afirmativas, que tem o objetivo de buscar comprovação. 

5. Comportamento de manada

O efeito de manada como um dos vieses comportamentais

O comportamento de manada se refere à tendência de “seguir a multidão” sem ao menos questionar o porquê. 

É como quando você vê uma pessoa correndo, em desespero — outras começam a fazer o mesmo e, por fim, estão todos correndo sem ao menos saber o motivo.

Essa atitude é ativada por gatilhos mentais, que podem ser relacionados à busca por proteção, o medo do abandono ou adequação. 

Isso pode ser visto claramente no mercado de ações. Quando uma ação se valoriza, todos decidem comprá-la. Mas, aos primeiros indícios de queda, investidores imaturos tendem a seguir a manada e vender esta ação. 

Evitar este comportamento só é possível com muito conhecimento e paciência, somado à racionalidade e inteligência emocional. 

6. Efeito halo

O efeito halo é um dos vieses comportamentais que garante que todos os seres humanos são capazes de julgar algo ou alguém a partir de apenas uma característica. 

Assim, são criados estereótipos que permitem suposições — verdadeiras ou não. Um bom exemplo é quando julgamos o status social e financeiro de uma pessoa por sua aparência. 

Ou ainda, quando julgamos que não gostamos de uma comida por conta da sua textura e cheiro, sem antes provar. 

Nos investimentos, isso acontece muito: talvez você julgue que um ativo é o ideal apenas por sua liquidez esperada, sem considerar o risco, tempo de retorno e expectativas pessoais. 

Quando acompanhado de uma decisão equivocada, esse tipo de julgamento pode levar a terríveis consequências, que poderão resultar em prejuízo financeiro.

7. Falácia dos custos irrecuperáveis (Sunk Cost)

Os custos irrecuperáveis são aqueles que já foram pagos em determinada situação e que não podem resultar em rentabilidade ou recuperação financeira. 

Também chamado de custo afundado (do inglês “sunk cost”), ele pode representar um custo passado, seja em um negócio ou em um mercado financeiro. 

A verdade é que é impossível considerar o sunk cost a cada decisão e isso pode frustrar alguns. Afinal, como já vimos, muitos sentem aversão à perda. 

Mas, ainda é possível calcular se um investimento ou compra valerá a pena ou será caracterizada como custo irrecuperável. Quando isso acontece, é possível evitar erros

8. Ilusão de controle

A ilusão de controle, como o próprio nome sugere, acontece quando temos a impressão de que controlamos 100% a situação — algo que quase nunca acontece. 

Não ter consciência disso e cair nesse viés pode nos fazer tomar decisões pelas quais nos arrependeremos depois, trazendo diversos malefícios. 

Um exemplo de ilusão de controle é tentar prever a sua condição financeira, seja através de investimentos ou renda passiva ao decorrer do tempo. 

Por mais que você se planeje, é impossível dizer que, daqui 10 anos, você terá 1 bilhão de reais na conta, por exemplo. Afinal, diversos fatores externos estão envolvidos. 

9. Viés do ponto cego

vieses comportamentais ponto cego

O viés do ponto cego representa a incapacidade de alguns de enxergar os vieses presentes em si mesmo, mas conseguir fazê-lo perfeitamente em outros. 

Todos, em algum momento na vida, conhecem uma pessoa assim: julga a todos, apontando os defeitos dos outros, mas nunca consegue ver os próprios, ou quando vê, sempre se justifica. 

Nas finanças, isso pode ser ainda mais prejudicial. Pensar que o seu desempenho sempre será melhor que o dos outros, ou que sua estratégia de investimento é infalível é perigoso! 

10. Lacunas de Empatia

A lacuna de empatia acontece quando suas emoções ditam suas escolhas e decisões, bem como pela dificuldade de se colocar nos “pés” de outra pessoa. 

Quem conta com este viés também acha difícil se imaginar ao longo dos anos e traçar metas realistas, embasadas em sua racionalidade. 

Isso é um ponto negativo para um investidor. Não ter clareza sobre suas metas financeiras e se deixar levar pela emoção ao tomar decisões só trará prejuízos financeiros, especialmente aos iniciantes que investem em ações.

11. Excesso de Confiança

Investidores que apresentam o viés do excesso de confiança tendem ao fracasso. É impossível tomar decisões 100% assertivas quando você superestima suas habilidades. 

Se você tenta afirmar que um ativo está caro ou barato, ou que segmento X dos investimentos estará em alta daqui 6 meses, está se rendendo ao excesso de confiança, julgando que sabe mais do que os outros investidores do mercado.

Isso faz com que alguns desconsiderem os riscos de cada investimento e se arrisquem em excesso, sem ver a volatilidade, trazendo prejuízos financeiros e falta de diversificação da carteira

12. Efeito de enquadramento

O viés do enquadramento está relacionado ao modo que a informação é apresentada, que abre diferentes possibilidades e cenários. 

Do mesmo modo, a forma como um investimento nos é apresentado pode nos fazer tirar conclusões diferentes a respeito de sua viabilidade. 

Isso torna muitos investidores suscetíveis ao enquadramento, por conta de empresas que apresentam seus dados de modo tendencioso. 

13. Heurística da disponibilidade

Existe ainda o viés da disponibilidade, que se refere às expectativas e proposições feitas, que tendem a ser extrapoladas conforme as experiências passadas de alguém. 

Por exemplo, se um investidor obteve sucesso em determinada modalidade mesmo em um período de crise, ele provavelmente contará vantagem sobre isso e tentará replicar a mesma estratégia caso encontre um cenário parecido.

Mas, isso pode dar muito errado e levá-lo a resultados negativos. Afinal, essa suposta previsibilidade depende de quantas memórias (que podem ser distorcidas) estão disponíveis (daí o nome disponibilidade).

14. Efeito Posse

vieses comportamentais efeito posse

O efeito posse, também conhecido como efeito “dotação” leva os indivíduos a supervalorizar algo, acima do seu valor de mercado. 

Isso acontece muito quando existem objetos ou itens de valor emocional ou simbólico, como heranças de família ou aquele colar de prata passado de geração em feração, mas que, no mercado não vale muito. 

Com os investimentos, o mesmo pode acontecer caso você seja “fã” de determinada modalidade ou empresa, no caso das ações. Isso é perigoso porque pode levar à perda de dinheiro, já que você estará disposto a pagar mais. 

15. Prova Social

O viés da prova social pode ser visto quando vários investidores defendem uma modalidade de investimento e mostram seus resultados com ela. 

É o mesmo que acontece em cursos online, quando os alunos compartilham e divulgam seus resultados e experiências, incentivando outros a se inscreverem. 

Esse viés é comumente visto em sintonia com o efeito manada, especialmente se uma opinião se tornar viral.

Um bom exemplo foi o que aconteceu com as criptomoedas e Bitcoin há alguns anos. Quanto mais pessoas compartilhavam seus supostos resultados, mais pessoas decidiam investir nisso. 

16. Status Quo

O efeito do status Quo acontece quando o investidor escolhe dentre as inúmeras opções, aquela que mais se adequa ao seu contexto atual, sendo indispostos à mudança. 

Em outras palavras, as pessoas escolhem apenas o que as mantém na zona de conforto, sendo relacionado também a outros vieses como aversão à perda.

Como evitar que vieses prejudiquem seus investimentos?

Evitar que vieses prejudiquem seus investimentos

Evitar que vieses comportamentais prejudiquem os seus investimentos é uma tarefa complexa, que deve estar em constante acompanhamento. 

O primeiro passo, porém, é saber identificar em si cada um desses vieses. Se esforce para notar em si comportamentos prejudiciais, tais como o efeito manada ou excesso de confiança. 

Saber investir também está muito relacionado ao autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. Afinal, precisa estar bem claro para si qual o objetivo de investir e quando fazê-lo. 

Outra dica é desenvolver inteligência emocional e impedir que suas decisões sejam pautadas nas emoções ou impulso, mas sim no maior grau de racionalidade possível. 

Nesse aspecto, busque analisar com cuidado, certificando-se de todos os pontos negativos e positivos de cada empresa que você decide investir, especialmente com as melhores ações

Conclusão

Percebeu como os vieses comportamentais podem impactar o seu desempenho como investidor? 

Todos os investidores, mesmo os mais experientes, ainda precisam lidar com seus vieses de comportamento e se auto analisar constantemente para tomar boas decisões. 

Por isso, caso tenha percebido em você diversos pontos de melhoria, não desanime! Além disso, não se contente com as informações disponibilizadas neste artigo. 

Uma das melhores formas de lidar com as suas “amarras” e tendências negativas ao investir é, justamente, buscar conhecimento. 

Tanto conhecimento técnico quanto estratégico. É exatamente essa a proposta dos cursos do Clube do Valor! Queremos te ajudar a, verdadeiramente, se tornar um investidor de sucesso. 

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